2 de Julho é data para quem hoje não fez exame
O ministro da Educação anunciou que mais de 70 por cento dos alunos fizeram
o exame de Português marcado para esta segunda-feira, apesar da greve dos
professores. Isto significa que pelo menos 20 mil alunos só farão a prova na
nova data agora anunciada por Nuno Crato – 2 de Julho, o que lhes permite terem
mais duas semanas para estudar. Tanto a Fenprof, como a Federação Nacional da
Educação (FNE) indicam que a adesão dos docentes rondou os 90 por cento. Mário Nogueira,
da Fenprof, denunciou que muitos dos exames se realizaram através do “recurso a
ilegalidades, irregularidades e arbitrariedades” e disse que era possível adiar
todos os exames para 2 de Julho.
Alunos queriam exames no mesmo dia para todos |
Em conferência de imprensa, e citando dados provisórios, Nuno Crato revelou
que 73 por cento das escolas conseguiram que todos os alunos fizessem os exames
nacionais de Português. Para a prova estavam inscritos cerca de 75 mil alunos.
O ministro saudou, ainda assim, “a grande responsabilidade de directores e
professores que, independentemente da sua opinião”, compareceram pelo
“interesse dos alunos” e reforçou que demonstraram ser “profissionais
dedicados”.
Sobre a data da nova prova, Nuno Crato explicou que procuraram “ir ao
encontro de várias solicitações” no sentido de que “não se deveria
sobrecarregar o rigoroso calendário de exames” já estipulado. Assim, o exame de
Português será no dia 2 de Julho, às 9h30, depois de todas as provas da
primeira fase, para não prejudicar os alunos “por razões que lhes são
completamente alheias”.
Antecipando-se às perguntas dos jornalistas sobre os problemas levantados
por sindicatos, pais e alunos em relação à equidade perante a existência de
dois exames distintos, o titular da pasta da Educação garantiu que haverá um
“rigoroso cumprimento na equidade da avaliação”, lembrando que todos os anos é
preparado “um conjunto de exames com igual grau de dificuldade” e que depois é
sorteado um. O exame de dia 2 de Julho será sorteado entre os que restaram.
“Em caso algum, esse novo exame poderá prejudicar os alunos que o realizem
nesse dia”, insistiu o ministro. Questionado novamente sobre eventuais
injustiças e diferenças, Crato reforçou que “os exames são feitos por equipas
de profissionais que fazem um certo número de exames que tenham o mesmo grau de
dificuldade e que incidam sobre questões semelhantes. Este exame que vai ser
feito é um desses exames que estavam preparados para serem realizados”.
Quanto ao facto de a equidade estar ou não garantida quando há alunos que
vão agora ter mais duas semanas para estudar Português do que outros, Nuno Crato
optou por iludir a questão, respondendo assim: “Há um ano de diferença entre os
alunos que fizeram este ano a prova e os que fizeram o ano passado e nós
trabalhámos para que as provas feitas este ano e no ano passado tivessem o
mesmo grau de dificuldade”.
Nogueira diz que houve irregularidades nos exames
20 mil alunos não realizaram exames |
O líder da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira,
confirmou que os dados dos sindicatos dão conta de que mais de 20 mil alunos do
12.º ano ficaram sem fazer o exame de Português na sequência da greve dos
professores, um balanço que coincide com o apresentado horas antes pelo
ministro da Educação, Nuno Crato. Tanto a Fenprof, como a Federação Nacional da
Educação (FNE) indicam que a adesão dos docentes rondou os 90 por cento.
Em conferência de imprensa realizada nesta segunda-feira, Nogueira
denunciou que muitos dos exames se realizaram através do “recurso a
ilegalidades, irregularidades e arbitrariedades”, das quais deu vários
exemplos: na vigilância das provas de exames estiveram pessoas que não eram
docentes, o que não é permitido; chegaram a estar 30 alunos em sala de exame
quando as normas das provas só permitem 15; e houve alunos que começaram os
exames meia hora depois das outras escolas, quando as regras impõem que a prova
comece ao mesmo tempo em todas as escolas. “Competirá à Inspecção Geral
da Educação verificar e agir em conformidade”, disse.
Nogueira considerou também que o facto de Crato ter já anunciado o
agendamento de novo exame de Português para dia 2 Julho, destinado aos alunos
que não o puderam realizar, mostra que teria sido possível “adiar a prova para
todos os estudantes”.
O líder da Fenprof confirmou ainda que as greves às reuniões de avaliações
vão continuar nesta semana e provavelmente na próxima. Hoje será entregue o
último pré-aviso com incidência sobre o dia 28. Na primeira semana destas
greves, que decorreu entre 7 e 14, cerca de 90 por cento dos alunos
ficaram sem notas atribuídas. É o caso da maioria dos que foram hoje a exame.
Alunos podem repetir a
2 de Julho
Exames podem ser repetidos a 2 de Julho |
Em relação a algumas alegadas irregularidades apontadas pelos sindicatos de
professores, Nuno Crato afirmou que “o Júri Nacional de Exames está em cima de
todas as potenciais ocorrências” e que, se for necessário, excepcionalmente, os
alunos que tenham feito o exame desta segunda-feira em condições desiguais vão
poder repetir a prova a 2 de Julho. Os alunos que fizeram a prova em condições
normais não podem apresentar-se na repetição.
O ministro da Educação frisou, de novo, que não adiou a data do exame, como
foi pedido por pais e sindicatos, porque “não foi possível obter um compromisso
por parte dos sindicatos de que não houvesse mais greves” durante o período de
exames que termina a 18 de Julho e que a tutela quis, assim, “evitar o jogo do
gato e do rato”, que “seria totalmente prejudicial à estabilidade” do sistema
educativo português.
Veja a fotoreportagem
do Dia da Greve dos Professores aos exames AQUI
Agência de Notícias
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