“Se você me pegar, vai fazer o quê?”
Enérgica por feitio, Adriana Lua não deixou os
fãs de mãos a abanar: obrigou todos a saltar e a dançar. A rainha do axé em
Portugal não desiludiu quem nela apostou para encerrar a 17ª edição das Festas
Populares. Vários milhares de vozes puxaram por ela e ela – ora provocante ora
melosa – puxou por todos. Pode não arrastar multidões como outros cantores, mas
em Pinhal Novo encontramos um cartaz que dizia: “Adriana, viemos de Pombal para
te ver. Dá-nos um abraço!”. A brasileira interpretou vários estilos, trata o
público por “moçada” e arranca boa disposição. “Pura delicia”, gritava uma
loira à boca do palco. Adriana Lua é tudo isso e foi muito mais. As Festas
voltam para o ano na maioridade. Mas como disse Armando Dias vai “ser preciso
repensar o conceito das Festas que queremos”.
Adriana Lua fechou os concertos na noite de segunda-feira |
As ruas estavam cheias de gente e à frente do palco centenas de
meninas e mulheres ensaiavam uma espécie de cantiga: “Adriana vem para nós. És
a lua que nos ilumina as noites”. E Adriana lá apareceu por entre o fumo do
palco, rodeada de quatro bailarinos e muita energia.
Adriana atraiu para frente do palco principal a
maior enchente que vimos na última noite. E esteve à altura? Esteve. Com um
alinhamento curto, mas certeiro, a brasileira – de coração português – mostrou
que a fragilidade aparente se torna força em palco (e as garras são bem longas).
Acompanhada por uma banda de grande qualidade e um quarteto de dançarinos do
melhor que passou pelo Pinhal Novo este ano, abriu o concerto com um dos seus
temas mais conhecidos e viu a voz ser quase engolida pelo coro.
Envergando um vestido perola, curto, com ar de matadora e uma postura terrivelmente sensual, Adriana mostrou-se mais sorridente e comunicativa do que estávamos à espera. Simpática com o público, atenta e, sobretudo, puxando pelas gentes. Difícil era mesmo ter o pé no chão e os braços descaídos. Adriana, a Lua desta última noite festiva, não deixava.
Envergando um vestido perola, curto, com ar de matadora e uma postura terrivelmente sensual, Adriana mostrou-se mais sorridente e comunicativa do que estávamos à espera. Simpática com o público, atenta e, sobretudo, puxando pelas gentes. Difícil era mesmo ter o pé no chão e os braços descaídos. Adriana, a Lua desta última noite festiva, não deixava.
Duas amigas na frente do palco gritavam... “És
linda”. Mais ao lado, um menino atrevido, perguntava; “Adriana, deixas que te
pegue?”. Elas e ele ficaram sem resposta...
Adriana apresentou em Pinhal Novo um espectáculo
de hora e meia muito variado. Balhou sensualidade em ritmos de kuduro,
agitou-se em lambadas e em compassos brasileiros. Cantou o amor e brincou, como
disse, ao amor. Um dos mais bonitos momentos da noite foi quando dialogou com
um público e dedicou um tema a um homem apaixonado pela sua mulher há quarenta
anos. “Este é o verdadeiro amor”, confessou...
Menina que queria conhecer Salvador
Os ritmos brasileiros animaram o público que encheu o recinto |
Já com dez anos foi morar para o
nordeste do país, para a cidade de Recife e foi lá que começou a sua carreira
musical, cantando inicialmente em bares apenas acompanhada pelo violão e mais
tarde com varias bandas Forró. Mas tinha um sonho, conhecer a cidade da música:
Salvador. Chegou lá em 1999. No Carnaval de 2000 já Adriana Lua cantava para
centenas de milhares de pessoas em cima de carros alegóricos típicos do
carnaval brasileiro ao lado de cantoras como Daniela Mercury e Yvete Sangalo.
Durante dois anos percorreu o Brasil
terminando a sua participação na Bamdamel após o Carnaval de Fortaleza cantando
para mais de cem mil pessoas, tendo sido
considerada a melhor cantora desse ano.
O convite para vir gravar a Portugal
surgiu e o seu desejo de continuar a sua carreira e de conhecer Portugal, país
de origem dos seus avós levaram a que hoje possamos ter uma das melhores
cantoras de axé em Portugal e ter estado em Pinhal Novo no encerramento do
maior cartaz cultural da vila.
“Nossa, assim vocês me pegam!”
Adriana apareceu de uma forma sensual e fez delicias do publico |
Se você me pegar, levou a multidão ao
rubro. “Que delícia de gente”, dito
de forma melosa, deu o mote para a etapa final do concerto. Depois
de atirar um "Adoro-vos, vocês são os melhores", abandona o palco da
mesma forma calma como entrou, escondida pelo fumo... mas voltou para o encore
final com o hit do seu próximo álbum e, ai, ainda provocou mais o público e foi
ainda mais sensual. Ela e a banda. Despediu-se com um “tchau moçada” mas nem
saiu do palco... foi liberada para cantar só mais uma vez. E foi com tudo a
bailar num ritmo sensual – kuduro – que a princesa da axé em Portugal se despediu
de vez de Pinhal Novo com “beijos nos corações” de todos. Vamos voltar a vê-la
por ai.
Repensar
a Festa...
A
escapadinha de seis dias acabou com um grande espectáculo de fogo-de-artifício
com música. As ruas ainda registam as provas das Festas e das gentes que por lá
se perderam. Em 2014 há mais, sempre em Junho. Mas nunca é tarde para recordar
a frase que marcou o início das Festas: “Será preciso repensar as Festas no
próximo ano”, dizia Armando Dias, presidente da Associação de Festas. É bom
pois, que se faça uma grande reflexão sobre aquela que é, sem dúvida, a maior
embaixadora da cultura de Pinhal Novo no país e no mundo.
Veja as fotos do concerto AQUI
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