Cabovisão ataca mercado da TV paga

“Queremos ser a segunda maior do mercado”

A Cabovisão, com sede em Palmela, quer ser, “a curto ou médio prazo”, o segundo operador de televisão paga em Portugal. Para isso, a empresa adquirida pela luxemburguesa Altice no primeiro semestre do ano passado, vai investir 150 milhões de euros em três anos para aumentar a presença e a base de clientes e expandir a rede de lojas. A estratégia passa ainda pela aposta no “crescimento orgânico” ou “na aquisição de um outro operador”. “Viemos para ficar e queremos afirmar-nos”, disse esta quarta-feira João Zúquete da Silva, diretor-geral da Cabovisão, durante um encontro com jornalistas, em Lisboa. Está contra a fusão da Zon com a Optimus e contra o “centralismo” da entrada da Zon e PT na Sport TV. 

Empresa com sede em Palmela quer chegar ao top 2 na TV paga 

A Cabovisão, comprada pelo fundo Altice em Fevereiro de 2012 (o mesmo que, no final do mês passado, avançou para a compra da Oni), quer ser o segundo maior operador de telecomunicações em Portugal.
O objectivo é ambicioso, tendo em conta a dimensão da Portugal Telecom (PT) e do processo de fusão entre a Zon e a Optimus e João Zuquete da Silva, director-geral da Cabovisão e representante da Altice em Portugal, revela pouco sobre como será alcançado: "Queremos ser o segundo operador no mercado a curto médio prazo. O crescimento pode ser orgânico ou por aquisições. Posso combinar as duas coisas, complementar uma aquisição com crescimento nos clientes", disse aos jornalistas numa apresentação sobre a nova 'box' da empresa e onde também se divulgaram as linhas orientadoras para os próximos anos.
"Em três anos queremos ter 10 por cento de quota de mercado 'stand alone'. Ser o segundo maior do mercado não será a Cabovisão sozinha", diz o director geral da empresa.

500 milhões de investimento
A empresa sediada em Palmela, a terceira operadora de televisão paga em Portugal, atrás do grupo Zon (49,7 por cento de quota de mercado) e da PT, que integra o Meo (39,9 por cento). Conta já com perto de um milhão de casas cabladas, com tecnologia eurodocsys 3.0, a mesma usada pela Zon. A angariação de clientes, segundo João Zuquete da Silva, será para aproveitar a infraestrutura existente. A Cabovisão conta com pouco menos de 250 mil clientes actualmente.
"Temos previsto um investimento de 150 milhões de euros com o propósito de reforçarmos a nossa presença no território português", afirmou o responsável. Este investimento será repartido por três anos, para expansão de lojas, manutenção de rede e outras melhorias correntes e faz parte do plano de investimento anunciado de 500 milhões de euros.
"Os 500 milhões incluíam a compra da Cabovisão e também a Oni. Mas temos um envelope que poderá aumentar ou não tendo em conta aquisições e desenvolvimento dos negócios que forem sendo adquiridos".
A operadora não quer perder o comboio do 'quadruple play' e tenciona lançar uma oferta integrada de televisão, telefone, internet e telemóvel até ao final do ano. Poderá, para a operação móvel, recorrer às licenças 'wimax' da Oni ou lançar um operador móvel virtual, estando já a decorrer contactos com os operadores móveis neste sentido, garantiu João Zuquete da Silva.

Contra fusão da Zon com a Optimus
Cabovisão já comprou a ONI e quer abri mais lojas em Portugal 
Questionado sobre a fusão entre a Zon e a Optimus, cujo processo aguarda decisão da Autoridade da Concorrência, o gestor disse que a Cabovisão se opôs ao negócio, mas não por uma questão de princípio.
“Opomo-nos que se perpetuem certas condições em diversas áreas, como a dos conteúdos», já que esta operação «só vai reforçar a posição dominante da Zon na área da distribuição por cabo”, disse.
A Zon detém 25 por cento da Sport TV, é dona dos canais Telecine, ou seja, “há uma posição de quase domínio” daquela operadora na área dos conteúdos, acrescentou.
“Somos da opinião que a Concorrência terá de deliberar no sentido que a Zon se desfaça de alguns conteúdos”, como também deverá pronunciar-se sobre a “abertura de acesso à rede da Zon aos outros operadores”.
O melhor interesse para os consumidores é “garantir que há uma verdadeira concorrência no mercado”, sublinhou.

Criticas ao “centralismo” da Sport TV
João Zúquete da Silva, defendeu ainda que a entrada da PT no controlo conjunto da Sport TV com a Zon vai reduzir a equidade e transparência no acesso aos conteúdos desportivos.
"É preciso acesso em condições de equidade e de transparência de mercado e essa entrada da PT [Portugal Telecom] na Sport TV só vai contribuir para menos", afirmou à Lusa o gestor.
Embora atualmente a Cabovisão tenha uma relação “cordial” com a Sport TV, a operadora queixa-se de não ter um tratamento idêntico nas negociações sobre os direitos de transmissão televisiva de eventos desportivos.
Lembrou que a operadora tem queixas contra a Sport TV, nomeadamente sobre “o custo que representa a Sport TV para clientes como a Cabovisão”.
“Não pagamos esses conteúdos de forma equitativa face aos outros operadores”, apontou.
Desde a compra da Cabovisão pelo grupo Altice, a operadora renegociou os custos dos canais que disponibiliza na sua plataforma de cabo.
“A redução de custos de canais foi na ordem dos 30 por cento”, sublinhou o diretor-geral, que explicou que quando a Altice entrou na empresa se deparou com preços elecvados.
Ontem, o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Mário Figueiredo, teve uma audiência com a comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e Comunicação, onde manifestou as suas preocupações com a operação de controlo conjunto da Sport TV pela PT e Zon, adiantando que os juristas estão a analisar a apresentação de uma eventual queixa em Bruxelas sobre o assunto.

Paulo Jorge Oliveira 

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