Desempregados juntam-se em feira
criativa
Uma professora de história ou de
línguas com conhecimentos de secretariado? Ou, talvez, um comercial com
experiência ou alguém com conhecimentos de contabilidade? Uma secretária para a
sua empresa? Se é o caso, esta sexta-feira há uma feira de emprego que lhe
interessa. Uma feira de emprego ao contrário, em que os “expositores” são
pessoas à procura de trabalho. Uma originalidade que os promotores esperam de
sucesso.
Grupo de desempregados lançam feira de emprego... ao contrário |
Cláudia
Capitão, 41 anos, trabalhou quase sempre no comércio. Foi coordenadora de loja
mas, de um momento para o outro, viu-se desempregada. Para ocupar o tempo,
enquanto um emprego novo não surgia (e ainda não surgiu), fez várias acções de
formação e foi no âmbito de uma delas que surgiu a ideia do Emprega-me. Cláudia
e mais nove colegas do curso de Secretariado do Sindicato dos Profissionais de
Seguros de Portugal (SISEP) conceberam esta feira de emprego ao contrário, em
que se oferecem trabalhadores com experiência e diversas capacidades. O
Emprega-me está esta sexta-feira de portas abertas, no restaurante panorâmico
do Estádio do Bessa Século XXI, no Porto, entre as 10 e as 19 horas.
“Um dos módulos do nosso curso era
sobre organização de eventos e foi aí que surgiu a ideia de criarmos o
Emprega-me”, explica Cláudia Capitão. Catarina Domingos, a formadora deste
módulo, recorda que o que começou por ser um projecto “única e exclusivamente
para a avaliação de conteúdos, foi-se desenvolvendo”, até extravasar as portas
do SISEP. “Há algum nervoso miudinho, mas eles estão muito animados, são um
grupo muito dinâmico e heterogéneo, o que é uma mais-valia, porque quem for à
feira vai encontrar indivíduos com potencialidades muito diferentes”,
acrescenta a formadora.
A unir os dez formandos que aderiram à
iniciativa, com idades entre os 25 e os 50 anos, estão alguns pontos em comum –
todos estão desempregados, ansiosos por mostrar as suas competências e voltar
ao mercado de trabalho, no âmbito das novas capacidades adquiridas com a
formação ou nas áreas em que já tinham experiência. Por isso, explica Cláudia,
quem for, amanhã, ao restaurante panorâmico do Bessa, não vai encontrar só
potenciais secretárias/secretários.
Ela, por exemplo, diz que já fez
“várias acções de formação, a maior parte das quais na área da administração”,
mas também tem experiência no comércio. E entre os colegas do grupo há um leque
variado de ofertas. “Há pessoas da área comercial, licenciadas em Línguas ou em
História, com experiência no atendimento ao público ou com mais queda para a
contabilidade. Portanto, o evento não se destina a contratar apenas pessoal do
secretariado”, explica.
A feira de emprego ao contrário estará
organizada como uma feira de emprego normal, explica Catarina Domingos. “Cada
um dos formandos terá um espaço seu e todos encontraram formas próprias de
divulgarem as suas potencialidades. Além dos CV, que todos terão, há quem vá
fazer uma brochura, quem tenha planeado jogos ou quem prefira, simplesmente,
conversar”, explica Catarina Domingos. Na prática, em vez de serem as empresas
a exporem o seu conceito e necessidades, recorrendo ao habitual “venha
trabalhar connosco”, serão os desempregados a mostrar as suas capacidades e
disponibilidade aos empregadores que queiram passar pelo Bessa. “Emprega-me”,
portanto.
Cláudia explica que o evento foi
divulgado através do envio de e-mails para “um grande número de empresas”,
todas na área do Grande Porto, e mostra-se confiante quanto à participação dos
eventuais empregadores. “Já tivemos algumas respostas, com empresas a quererem
saber mais sobre nós. Estamos expectantes e optimistas”, garante. E não têm
medo que não apareça ninguém? “Não! Esse não é o espírito do grupo”, afirma.
O espírito do grupo é ter uma
oportunidade de contacto directo com possíveis empregadores e, se possível,
sair do restaurante panorâmico do Bessa com uma possibilidade de emprego. E quem
sabe, levar a ideia ao país.
Agência de Notícias
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