Cordão humano contra contentores na Trafaria
Mais de um milhar de pessoas formaram, no sábado, um cordão humano que
percorreu várias ruas da Trafaria em protesto contra a instalação de um
terminal de contentores nesta localidade do concelho de Almada. O número é
avançado pela organização, que tem já agendadas novas acções contra a vontade
do Governo de construir um mega terminal nesta margem do Tejo.
Autarcas e povo unidos contra vinda dos contentores |
“No dia 27 de Julho, conjuntamente com surfistas vamos formar uma linha no
mar entre as praias de S. João e de S. António, contra a construção deste
terminal”, avança Pedro Dionísio, elemento da associação “Contentores na
Trafaria, Não”. Em curso está ainda uma carta aberta, já com duas mil
assinaturas, a ser entregue ao primeiro-ministro, sublinhando o protesto à
construção desta mega infra-estrutura.
O cordão humano “Abraçar a Trafaria, que reuniu população local e não só,
contou com a presença da presidente da Câmara de Almada, do presidente da
Assembleia Municipal e dos presidentes de junta das freguesias do concelho de
Almada.
Para a presidente da Junta de Freguesia da Trafaria, Francisca Parreira, o
terminal de contentores coloca em causa a preservação da história e património
local, e trava o projecto “há muito desejado pela população”, de ver
“reabilitada a frente ribeirinha para atrair turismo e lazer”. Dois sectores
que somados à actividade tradicional da pesca, “potenciam o desenvolvimento
económico” da localidade.
Em declarações à Lusa, Francisca Parreira alerta ainda que o projecto do
terminal de contentores, face à sua área de
implementação, terá consequências ambientais. “Todo o aterro e a área
que vai eventualmente ser ocupada, se for para dentro do rio, irá provocar
alterações no leito do rio, na fauna, na flora e outro tipo de alterações ao
nível da deslocação das areias”.
Ao mesmo tempo, acusa o Governo por não ter contemplado a participação das
autoridades locais no projecto, e por não existirem estudos concretos sobre a
“viabilidade económica” e “impacte ambiental” do mesmo.
O “massacre” da Trafaria
Também a presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa, afirma que
a autarquia lutou “desde sempre contra esta ameaça” que paira sobre a Trafaria
“há dezenas de anos”. E fala mesmo num “massacre” que tem vindo a “destruir o
seu potencial de desenvolvimento”.
Entretanto, Pedro Dionísio afirma que para além de estar em causa a
sustentabilidade ambiental da Trafaria, o mega terminal “irá destruir as praias
da Costa de Caparica – as melhores da Área Metropolitana da Lisboa ”. É que com
“a dragagem para os barcos chegarem [à Trafaria], a areia também se irá
embora”.
“Economicamente também não faz qualquer sentido, já que todos os
especialistas portuários têm avançado que há outras soluções, como Sines ou
Setúbal + Lisboa”. Ou seja, “não faz sentido fazer aqui um mega terminal que
vai destruir o ambiente, destruir as praias e levar a seguir os contentores
para a margem norte”.
Por sua vez a Quercus, através de Rui Berkemeier, considera que
este projecto tem algum peso em termos de construção civil numa zona bastante
sensível”. Para além do impacte na envolvente natural que esta actividade
poderá causar, o ambientalista salienta que outro problema é o projecto obrigar
a uma ligação ferroviária que passa por uma extensão de oito quilómetros de
arriba fóssil, que é uma zona protegida.
Agência de Notícias
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