Joana, a Rainha das Vindimas de Palmela eleita ontem à noite
Palmela,
29 de Agosto de 2013. O sol em lusco-fusco prepara-se para mergulhar atrás da
Arrábida e muita gente acorda para o primeiro dos seis dias de festa grande na
vila secular de Palmela. A escolha da Joana Silva como a rainha do vinho, da
uva e das vindimas assinalou o arranque oficial da festa. Daniela Cruz e Ana Haveriuc
não tiveram direito nem a coroa nem a trono, foram as damas de honor de uma
corte sem reino nem rei. Será a rainha Joana que irá cortar o cacho de uva, nas
escadarias dos paços do concelho, e dar início a mais um ano de festa. Um ano
que assinala os 50 anos da maior festa do concelho de Palmela.
Joana Silva foi eleita Rainha das Vindimas 2013 |
Para
muitos a última quarta-feira do mês de Agosto [ou a primeira de Setembro,
consoante o calendário] representa o início da Festa da Vindimas. É assim vai
para 50 anos, em nome da vinha, do vinho, da uva e, sobretudo, em nome, de uma
Palmela com tradição e dos homens e das mulheres que fazem a vindimas por essas
vinhas a perderem de vista.
Em
nome deste emaranhado de coisas e sentimentos, a eleição da Rainha das Vindimas
é, desde os primeiros tempos das festas imaginadas por Álvaro Cardoso e Jacinto
Pereira, o momento mais alto da “cultura palmelense”. Maria Angelina Rodrigues
abriu a galeria mágica das rainhas em 1963. Depois dela a galeria foi crescendo
e as meninas de Palmela e tudo há volta trazem nos sonhos e nos olhos a
“secreta esperança” de serem, por um ano, a Rainha das Vindimas.
A quinta
dinastia de rainhas começou ontem quando Joana Silva se sentou, a chorar de
tanta felicidade, na cadeira “dos sonhos” e ouviu a marcha das Vindimas deste
ano. Daniela Cruz e Ana Haveriuc são as damas de companhia da rainha e
Filipa Lucas a menina mais simpática da festa.
Na
terra do vinho havia mistérios, em Palmela há factos. No que na terra da uva
fora secreto, em Palmela é convertido em boato. Hoje, Palmela mudou a fisionomia
mas a alma em que se debatem as ambições e o espírito das leis é a mesma.
Em
Palmela chamam-lhe “a grande festa do concelho” e é assim desde o, já distante,
ano de 1963 [a 31 de Agosto] quando a festa deu os primeiros passos. Por essa
altura pensou-se em fazer uma festa e preencher um vazio enorme na vila. Mas
festa a quê? Em que dia? Em que mês? Festa a quê e porquê? Tantas perguntas que
encontraram resposta quando alguém – com razão – se lembrou da uva e do vinho.
Assim nasceu a Festa das Vindimas no último dia de Agosto.
Prata da casa é forte aposta musical
Bênção do 1º Mosto acontece domingo ao almoço |
Até 3 de
Setembro, a Associação de Festas de Palmela vai lançar um cartaz musical nas
Festas das Vindimas com poucos artistas conhecidos no panorama nacional devido
a questões financeiras mas também “por haver uma linha de pensamento diferente
que já vem de organizações anteriores”.
E já é assim a alguns anos porque a maioria das pessoas que
visitam a Festa das Vindimas não são atraídas por nomes sonantes do panorama
musical e, por isso, a Associação valoriza cada vez mais as pessoas da terra,
uma vez que Palmela tem duas associações filarmónicas, um conservatório, grupos
de jazz e jovens músicos muito bons.
Além dos momentos mais tradicionais, que, anualmente,
coroam o programa – caso da Eleição da Rainha das Vindimas, da Pisa da Uva e Bênção do Mosto, do Cortejo dos
Camponeses, dos Cortejos Alegóricos e do Espetáculo Pirotécnico no Castelo –
são várias as iniciativas que marcam a passagem de meio século desta
festividade. A Marcha das Vindimas 2013 será cantada por um coletivo de
cantores que, ao longo dos anos, emprestaram a sua voz à Marcha.
No fecho da festa, depois do desfile do Cortejo Noturno e
acompanhando o espetáculo pirotécnico, será apresentada a “Sinfonia à Terra”,
um concerto comemorativo, composto pelo Maestro palmelense Jorge Salgueiro e
interpretado pelos músicos da Sociedade Filarmónica Palmelense
"Loureiros", da Sociedade Filarmónica Humanitária e do Conservatório
Regional de Palmela, por um coro constituído pelos anteriores intérpretes das
Marchas das Vindimas e pelos coralistas das referidas instituições.
Muita música, desporto, animação e exposição e venda de
produtos regionais, com especial destaque para os vinhos dos produtores da região,
são mais alguns dos motivos de interesse para uma visita à Festa das Vindimas.
Domingo e Terça, os dias grandes
Cortejo de Domingo atrai milhares de pessoas a Palmela |
Mas a
grande tradição da Festa é, de facto, no dia de Domingo onde se esperam
milhares de pessoas de todo o país. Neste dia, logo de manhã, o cortejo dos
camponeses sai à rua partindo do Largo do Chafariz. Um carro de bois (no caso,
duas vacas amarelas) puxam o primeiro cesto de uvas para ser pisada no adro da
Igreja. Os gaiteiros do Círio da Carregueira abrem as hostes musicais e, os
ranchos folclóricos da região irão mostrar como eram as antigas adiafas. Homens
com cestos de uva nos ombros, mulheres de rostos felizes com mais uva para ser
pisada. Um lençol de gente estende-se pelas artérias estreitas do Centro
Histórico. As pessoas acenam, mostram as mantas à janela, e mandam beijinhos e
corações à Rainha que irá passar – imperial e sorridente – com as suas damas de
companhia numa charette real. Sempre foi assim. Trata-se de uma cerimónia
religiosa que visa agradecer a Deus o fruto da terra, a uva.
À tarde, com repetição na terça-feira de noite, o Cortejo
das Vindimas que desce a Rua Gago Coutinho e Sacadura Cabral e sobe a Avenida
Juiz Godinho de Matos. É assim sempre, todos os anos no primeiro domingo de
Setembro porque as Vindimas já são um cartaz que ultrapassa as portas da
região. Ruas cheias, gente sentada em passeios, cadeiras de praia e até caixas
de fruta. Tudo servirá para ver o Cortejo das Vindimas que este ano celebra os
cinquenta anos de existência.
Veja a programação completa AQUI
Agência de Notícias
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