Iniciativa
ajudou a pôr o autismo “na agenda”
Cerca de duas mil pessoas, incluindo
muitas figuras públicas de diferentes áreas, participaram no sábado, em
Setúbal, na ação “Vamos Pintar um Mundo para Todos”, iniciativa marcada pelo
convívio destinada à sensibilização da sociedade para a problemática do autismo.
Isabel Angelino, uma das figuras públicas presentes na iniciativa |
A presidente
da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, acompanhada de vereadores,
compareceu de manhã, enaltecendo a iniciativa, organizada pela Associação
Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA) de
Setúbal, em parceria com a Associação de Artistas Plásticos de Setúbal, com o
apoio da Autarquia, por “promover a coesão social”.
Uma delegação
do Vitória Futebol Clube, com o presidente Fernando Oliveira, o treinador José
Mota e os jogadores Ney Santos, Pedro Queirós, Paulo Tavares, Ruben Vezo e
Nélson Pedroso, marcou igualmente presença de manhã, assim como velhas glórias
do Sporting Clube de Portugal.
Todos juntos pelo autismo
Isabel Angelino pintou
um arco-íris que, referiu, reflete a esperança que deposita num mundo em que
efetivamente se pode viver em comunhão, uma realidade que “não é para já, pois
só pode acontecer depois de muito se promover a inserção social”. A
apresentadora de televisão salientou a importância de nunca se desistir deste
propósito.
Na mesma
tónica, o ator José Pedro Gomes, que sublinhou a importância da iniciativa,
pintou aquilo que chamou de “uma hipótese de um caminho aberto para esbater
barreiras aos autistas”.
Após cantar em
palco, a fadista Sofia Vitória complementou a pintura de um quadro com um par
de olhos “carregados, a olhar para dentro”, explicou, numa alusão àquilo que,
defende, todos devem fazer diariamente, o de conhecer-se melhor para aumentar o
grau de consciência, “em vez de se estar a atentar nas diferenças entre as
pessoas”.
Outro quadro,
complementado pelas mãos dos irmãos Rosado, da dupla Anjos, revela asas de um
anjo em vários tons de azul. Os músicos referiram conhecer a associação
promotora do evento, enaltecendo-lhe o profissionalismo e o emprenho na
construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Para Nelson
Rosado, todas as pessoas são necessárias para ajudar a transformar a sociedade.
“Uma andorinha não faz a primavera, são todas.”
A atleta
paraolímpica Simone Fragoso elogiou o “Vamos Pintar um Mundo para Todos”,
realizado durante mais de oito horas, pois serviu para sensibilizar a sociedade
e “abrir mentalidades”. Enquanto portadora de deficiência, destacou a
importância de sair de casa e ter objetivos. “Se a vida é uma estrada da cobra,
há que saber lidar com os pontos difíceis”, disse a nadadora de Palmela.
Venda ajuda actividade da APDDA
Pintar por "um mundo para todos" |
Pais e
familiares de autistas elogiaram o evento pelos momentos de animação musical e
dança mas essencialmente pelo convívio proporcionado, apontando que uma das
questões mais comuns de quem sofre desta perturbação se relaciona com a
socialização.
Muitas outras
personalidades compareceram, contribuindo para elaborar cerca de quarenta
quadros e pintar 15 telas em papel, como o presidente da Cáritas, Eugénio
Fonseca, os atores Nuno Janeiro, Cláudia Semedo e Luís Aleluia, a modelo e
atriz Sofia Aparício e o estilista Filipe Blanquet. A venda das obras ajudará a
apoiar a atividade da APDDA Setúbal.
Além de
momentos de animação musical, ao longo de todo o dia, na Avenida Luísa Todi, os
participantes desfrutaram de dança, de gastronomia numa tasquinha e de uma
prova de vinhos regionais.
Começar a perceber o autismo
Para José Miguel
Nogueira, da direção da APPDA Setúbal, a iniciativa ajudou a pôr o autismo “na
agenda”, graças à participação das figuras públicas, que “deram uma grande
ajuda para a consciencialização da sociedade”.
O “Vamos
Pintar um Mundo para Todos” demonstrou que o lugar das pessoas com autismo é a
rua, em pleno exercício de cidadania, referiu José Miguel Nogueira, e não
escondidas em casa, ou ainda, tal como ainda acontece no País, frisou, à parte
dos alunos do ensino regular, “uma prática que contraria convenções das Nações
Unidas e de outros organismos internacionais ligados à defesa dos direitos
humanos”.
Cristina
Sobral, mãe de uma criança autista, referiu que, apesar de a sociedade começar
a ver estas pessoas de outra forma, a situação ainda não está num ponto
aceitável já que, salientou, quando entra num espaço público acompanhada do
filho diz sentir uma imediata pressão social, patente nos comportamentos
adotados.
Já para Filipa
Chagas, mãe de outra criança autista, com o passar do tempo a sociedade tem-se tornado
mais tolerante, apesar de ainda colocar grandes barreiras, tornando-se um
desafio saber ultrapassá-las.
José Miguel
Nogueira, embora destaque que há um longo caminho a percorrer na sociedade para
a plena aceitação dos autistas, defende que, “quando se explica o que isto é,
há uma abertura imediata e consequente aceitação”.
Agência de Notícias
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