33 mulheres mortas em Portugal em 2013 pelos actuais
ou ex-companheiros
O Observatório de Mulheres
Assassinadas registou 33 homicídios consumados e 32 tentados desde o início do
ano. São mais de três mulheres mortas a cada mês por homens com quem elas
mantinham ou já tinham mantido uma relação de afecto. No distrito de Setúbal,
este ano, já morreram quatro mulheres. Em Lisboa foram assassinadas 12.
Este ano já foram assassinadas 33 mulheres |
Os dados foram divulgados
nesta segunda-feira, Dia Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de
Violência contra as Mulheres, data escolhida também pelo Governo para lançar a
nova campanha, que este ano poderá ser replicada em toda a Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa.
Oscilam as idades das vítimas, ao que
se pode perceber desde que a UMAR criou o Observatório de Mulheres
Assassinadas, isto é, pôs uma equipa a passar os jornais nacionais a pente fino
em busca de notícias sobre mulheres vítimas de homicídio ou de tentativa de
homicídio.
33 mulheres foram mortas este ano pelos seus atuais ou
ex-companheiros, segundo dados do Observatório de Mulheres Assassinadas, da
União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), a maioria em contexto de violência
doméstica.
Os dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), a
que a Lusa teve acesso, mostram que até ao dia 20 de Novembro registaram-se 33
homicídios e 32 tentativas de homicídio.
Já nos doze meses de 2012, houve 40 homicídios, 53
tentativas de homicídio, num total de 93 crimes.
No relatório do OMA consta que, do total de vítimas
assassinadas, 58 por cento mantinham uma relação de intimidade com o homicida,
havendo também 15 por cento de mulheres que já se tinham separado ou mesmo
divorciado.
"Verifica-se assim que as relações de intimidade
presentes e passadas representam 73 por cento do total dos femicídios
noticiados", lê-se no relatório.
Tendência que se mantém desde 2004, altura em que o OMA
iniciou a elaboração dos relatórios anuais, sendo que, do total de 350 vítimas
nestes 10 anos, 224 foram mortas pelo marido, companheiro, namorado ou no seio
de outra qualquer relação de intimidade.
Fazendo uma caraterização da vítima, o trabalho da UMAR
revela que este ano 43 por cento das vítimas tinham entre 51 e 64 anos, logo
seguido do grupo etário com mais de 65 anos (21 por cento).
Já em relação aos homicidas, a maioria (58 por cento)
divide-se equitativamente entre o grupo etário com idades entre os 24 e os 35
anos e o grupo etário com mais de 65 anos.
"O grupo etário com maior prevalência é o dos homicidas
com idades superiores a 50 anos (17), tal como registado nos anos de 2005, 2011
e 2012. Ao desdobrarmos este intervalo, contabilizamos oito homicidas com
idades compreendidas entre os 51 e os 64 anos e nove com idades superiores a 65
anos", diz a UMAR
Março, o pior mês
Lisboa e Setúbal é onde há mais violência doméstica |
Março foi
o mês no qual ocorreram mais femicídios, com nove crimes, logo seguido pelo mês
de Junho, com cinco, e pelos meses de Julho e Outubro, com quatro mortes em
cada um.
A maior parte destes homicídios ocorreram no distrito de
Lisboa (12), Setúbal (4) e Leiria (4).
"Atendendo-se à suposta motivação ou justificação
verificamos que, em 2013, grande parte dos femicídios praticados e registados
pelo OMA ocorreu num contexto de violência doméstica já conhecida (28 por cento)",
refere.
Nesse sentido, o OMA aponta mesmo ter verificado que 61 por
cento das mulheres assassinadas viviam num contexto de violência doméstica.
Prova disso está no facto de 73 por cento dos homicídios terem ocorrido na
própria casa da vítima.
Por outro lado, em 15 por cento das ocorrências, havia já
uma denúncia feita.
Dos 33 homicídios registados, a OMA diz que apenas em
relação a dois houve decisão judicial, sendo que o tempo médio entre a
ocorrência do crime e o acórdão é de cerca de onze meses.
Agência de Notícias
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