Garantido maioria do investimento em Lisboa
para 2014
O vice-presidente da Câmara de Lisboa
garantiu ontem que a maior parte do investimento municipal para 2014 tem
financiamento assegurado, receando, no entanto, que a situação económica do
país prejudique a execução orçamental no próximo ano. A Câmara da capital tem
730 milhões para gastar em 2014.
Lisboa diz ter garantido orçamento de 730 milhões |
O orçamento municipal de Lisboa para 2014, no valor de
cerca de 730 milhões de euros, foi aprovado ontem em reunião de câmara, apesar
da abstenção do PSD e do CDS-PP e do voto contra do PCP. O documento também
deverá ser aprovado na Assembleia Municipal no próximo dia 16, já que o PS
também tem maioria absoluta naquele órgão municipal.
Os partidos na oposição ao executivo socialista
liderado por António Costa levantaram dúvidas quanto à previsão de cerca de 131
milhões de euros em receita através da venda de património, considerando que as
taxas de execução destas ações nos últimos anos têm ficado muito aquém do
esperado.
Já o vice-presidente da câmara recusou, em declarações
à agência Lusa, que o orçamento aprovado seja irrealista e considerou que a
estimativa acompanha "valores orçamentados anteriores".
No entanto, Fernando Medina, vice-presidente da
autarquia lisnoeta, afirmou que a câmara espera que esta estimativa não seja
concretizada, já que foi prevista para satisfazer "contigências" como
o pagamento das dívidas que o município assumiu com a extinção da EPUL (Empresa
Pública de Urbanização de Lisboa) e de outros encargos decorrentes de processos
judiciais - que não especificou.
Por outro lado, e com o previsto fim da derrama e do
Imposto Municipal Sobre Transmissões (IMT) - que pode significar uma redução de
cerca de 140 milhões de euros na receita municipal no próximo ano -, o autarca
admitiu que "o grande receio sobre a execução orçamental em 2014 e anos
seguintes está na evolução da situação económica do país - que tem um impacto
forte nas receitas do município - e a evolução das receitas fiscais".
"Há preocupação com a decisão de extinção do IMT
sem contrapartidas e pelo IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis] não estar a
evoluir como o Governo inicialmente pensou", admitiu.
Fim
da derrama e IMT preocupa contas
Fim de Derrama e IMT não preocupa o executivo municipal |
Questionado sobre se teme que a quebra nas receitas
pode limitar o investimento da câmara, o vereador das Finanças garantiu que o
investimento - a autarquia espera ter, em 2014, cerca de 90 milhões de euros em
obra - "tem na sua maior parte fontes de financiamento asseguradas",
através de verbas do Casino, do PIPARU (Programa Prioritário em Acções de
Reabilitação Urbana) e do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional).
Fernando Medina considerou que o orçamento é
"adequado aos tempos", mas que "é de cumprimento do programa
eleitoral" que o PS apresentou nas eleições do final de Setembro, prevendo
corte na despesa (na aquisição de serviços, por exemplo), um "forte
investimento na área social" (com a afectação de 1,5 milhões ao subsídio
municipal de arrendamento e de quatro milhões para o fundo de emergência
social), entre outros.
Ainda quanto ao previsto fim da derrama e do IMT, o
número dois de António Costa mostrou-se disponível para trabalhar com o PSD,
que, com a abstenção de ontem, quis demonstrar cooperação com o executivo
socialista.
PSD
pede melhoria de eficácia do município
"A situação financeira do município não será
previsivelmente fácil com o fim da derrama e do IMT. O município vai passar uma
fase de dificuldades financeiras e acho que é preciso tomar uma decisão a longo
prazo", disse à Lusa o vereador social-democrata António Prôa.
Os dois partidos ainda não começaram a negociar formas
de colmatar esta possível quebra na receita, nomeadamente quanto ao aumento das
taxas municipais admitido por António Costa.
Mas, para já, o PSD criticou o "aumento da
despesa de funcionamento do município por habitante" e pediu, assim, uma
melhoria da eficácia do município. Apesar de o líder da concelhia
social-democrata de Lisboa ter colocado a hipótese da diminuição do número de
funcionários, António Prôa recusou despedimentos no município.
Agência de Notícias
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