Pastelarias Princesa, na Moita, com salários em atraso

“Silva, paga o que deves”, foi grito de ordem no Vale da Amoreira 

Trabalhadores da Pastelaria Princesa, com cinco estabelecimentos nos concelhos da Moita e Barreiro, fizerem greve concentrando-se logo pela manhã em frente à unidade situada no Vale da Amoreira, no concelho da Moita. Reclamam o pagamento dos salários em atraso, que em alguns casos chega a cinco meses, bem como do subsídio de férias. Exigem ainda da entidade patronal que a todos trate de igual forma, sem discriminações, com o respeito que lhes é devido.


Funcionários da Pastelaria Princesa reclamam pagamento de salário 
“O proprietário das pastelarias Princesa, no Vale Amoreira, já agrediu física e psicologicamente vários funcionários da empresa”, porque estes “exigem receber os salários, que estão com mais de seis meses de atraso”, denuncia Fernanda Moreira, dirigente do Sindicato da Hotelaria do Sul. A sindicalista refere que “há pessoas em situação de pobreza e a passar por sérias dificuldades”. “O stress e a pressão que os trabalhadores enfrentam diariamente”, por parte da entidade patronal, “levou a que uma funcionária grávida perdesse o bebé”, acusou a sindicalista.
Fernanda Moreira lembra que os problemas começaram há dois anos “e têm vindo a agravar-se diariamente”, mas nada justifica “este atraso no pagamento dos salários”, uma vez que as cinco pastelarias mantêm “um elevado fluxo de clientes”. A panificação e a confeção da pastelaria continua a trabalhar “sem problemas de maior” e os únicos que não vêem “a riqueza produzida são os trabalhadores”, refere.

Trabalhadores pedem intervenção da Autoridade das Condições de Trabalho 
Os empregados estão cansados com esta situação, “mas sofrem represálias para continuarem a trabalhar” e têm medo que a empresa “declare falência”, salienta Fernanda Moreira. Alguns continuam a laborar normalmente, porque “acreditam nas promessas do patrão”, que garante “pagar os salários na altura do Natal”, mas os problemas dos trabalhadores com a empresa “vêem-se arrastando há dois anos” e as promessas “são sempre as mesmas”, ficando a maior parte por cumprir.
É o caso de António Ricardo, pasteleiro, 53 anos, que em Outubro, com 25 anos de casa, acabou por se despedir depois de quatro meses de salário em atraso que não lhe deixaram alternativa. Com bocas para alimentar na família, várias rendas por pagar, tem-lhe valido a compreensão do senhorio.
Várias situações de pobreza extrema foram ainda relatadas pelos trabalhadores presentes na concentração do último dia 22 de Novembro, entre os quais era visível um forte sentimento de indignação e revolta pelo comportamento do patrão. Nídia Silva, 24 anos, delegada sindical afirma desde logo não compreender os atrasos no pagamento aos trabalhadores uma vez que a rede de pastelarias “continua a trabalhar bem”. Admitida como hipótese mais provável é que o patrão “esteja a levar o dinheiro para outro sítio”. Os trabalhadores querem que haja intervenção efectiva da Autoridade das Condições de Trabalho.

Agressões verbais e físicas 
Outra queixa comum entre os trabalhadores, na sua maioria mulheres, com funções de balcão, diz respeito à forma violenta e desrespeitosa da gerência, patrão e filho. Gritos, violência verbal, ameaças, represálias e mesmo agressões físicas, de tudo um pouco tem havido no quotidiano destes trabalhadores. Dificuldades reais que a juntar a um ambiente de tensão, gerador de medo e ansiedade, levam Filomena Silva, 29 anos, com 12 anos de casa, a acreditar ter sido essa a principal causa para ter perdido em Outubro o feto com 24 semanas.
Sobre as ilegalidades cometidas pela empresa há ainda conhecimento de casos como seja o de exigir a assinatura do recibo de vencimento sem que este tenha sido pago ao trabalhador, como contou Fernanda Ribeiro, 53 anos, com 18 anos de casa, que rescindiu o contrato com justa causa, aguardando agora pela decisão do tribunal. Ou, mais recentemente, a admissão de pessoal pago ao dia e à semana, como disseram várias das trabalhadoras presentes na concentração.
Sem falar nas promessas não cumpridas de pagamento de indemnizações a que a empresa está obrigada, como acontece com Conceição Ribeiro que aguarda que lhe seja pago o valor acordado de 1455 euros mais os subsídios de férias e de Natal.
O patrão ameaçou que “quem aderisse há greve e não se apresentasse ao trabalho, não receberia nem um cêntimo”, realça a sindicalista, acrescentando que o protesto “foi marcado propositadamente à porta da pastelaria principal, para ver se o proprietário se sente envergonhado com a situação”, disse a Fernanda Moreira.
António Silva, dono das pastelarias Princesa, recusa-se a falar sobre este assunto, alegando que não tem “nada para dizer”.

Agência de Notícias 
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