Mal estar no Posto da GNR de Pinhal Novo por falta de “louvores”
das chefias da GNR
Militares feridos no sequestro de Pinhal Novo ainda sem "louvores" |
A atribuição de louvores em massa à unidade de
Intervenção pela operação da GNR no sequestro ocorrido num restaurante em
Pinhal Novo, em Novembro do ano passado, está a provocar polémica no seio da
corporação.
Cerca de 70 militares daquela unidade, incluindo
guardas apenas com função de motorista, receberam louvores do Comandante-Geral
da GNR, Tenente-General Luís Newton Parreira, mas os restantes, que chegaram
primeiro e ficaram feridos, ainda esperam igual reconhecimento. Também o
militar Bruno Chainho, que morreu, alvejado pelo sequestrador, ainda não foi
alvo de condecoração. Irá ser condecorado em breve pelo Ministro da
Administração Interna, Miguel Macedo.
“Os militares empenhados, conscientes da elevada
dificuldade que o cumprimento da missão comportava, executaram-na [a operação]
de acordo com o planeamento efectuado e, após uma violenta troca de tiros com o
adversário, neutralizaram-no, resolvendo a situação que se arrastava há cerca
de sete horas”, recorda o despacho de Newton Parreira em Dezembro deferiu a
proposta de louvores feita pelo comandante da Unidade de Intervenção, escreve o
jornal Público.
O mesmo documento sublinha apenas que a “intervenção
inicial da patrulha do Posto da GNR local permitiu a libertação da esposa e da
filha, e num segundo momento, a fuga do proprietário e do filho” e que o
“militar que entrou no estabelecimento foi alvejado pelo sequestrador, ficando
caído no seu interior”.
“Ninguém está esquecido”, diz a GNR
Ora, a celeridade da atribuição dos louvores aos
elementos da unidade, de acordo com várias
fontes da GNR, está a provocar um ambiente de contestação. Muitos militares
sentem que a diferença de tratamento representa uma injustiça com o colega morto em serviço e com os feridos.
Segundo relata o jornal Público, “ninguém está
esquecido”, diz um responsável da Guarda. “Posso assegurar que a Guarda nunca
iria esquecer um dos nossos que morreu em serviço. Está a ser preparado um
reconhecimento especial, talvez uma cerimónia, para o Bruno Chainho e
reconhecimentos para os colegas feridos. Mas estes são processos mais complexos
e, dados os trâmites legais, demoram mais tempo do que os louvores dados à
unidade”, disse o capitão Marco Cruz, responsável pela Relações Públicas do
Comando-Geral da GNR.
Ainda não haverá prazos para “a homenagem” ao Militar
morto na noite de 23 de Novembro no Restaurante O Refúgio, em Pinhal Novo, mas
o ADN sabe que o processo está em andamento e o militar será homenageado pelas
chefias da GNR e pelo Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.
Comandante
de Setúbal quer medalha póstuma a Bruno Chainho
Só os militares da Força de Intervenção da GNR receberam louvores |
Esta garantia, porém, não ameniza a polémica. Fonte da
GNR assegurou que entre os 35 militares do Comando de Setúbal, entre os quais
alguns do Posto de Pinhal Novo que ficaram feridos, uns serão reconhecidos com
referências elogiosas e receberão louvores do comandante de destacamento,
condecorações de menor valor do que o louvor do comandante-geral e que podem
contribuir para a evolução das carreiras.
Newton Parreira ainda não deferiu também os louvores
que o Comandante de Setúbal, Coronel Gomes, propôs aos feridos, assim como uma
medalha póstuma a Bruno Chainho.
Em Novembro, quatro militares ficaram feridos quando
foram atingidos por estilhaços de uma granada de fragmentação espoletada pelo
sequestrador. Três ainda se mantêm em baixa médica desde então. Estão a receber
tratamento diário de enfermagem e fisioterapia, bem como acompanhamento em
consultas de psicologia e psiquiatria. Fonte da GNR garantiu que pelo
menos um militar regista sinais de stress pós-traumático.
ASPIG
quer militares feridos promovidos
“É uma situação injusta. Congratulo-me por ver a
unidade de intervenção a receber louvores. Mas não se percebe como são tão
céleres com uns e demoram tanto com quem morreu ao serviço e com quem ficou
gravemente ferido”, diz o presidente da Associação Sócio-Profissional Independente
da Guarda (ASPIG), José Alho.
"Os louvores deveriam ser, no mínimo, iguais para
todos. Não é melhores para os da intervenção e menos bons para quem lá chegou
primeiro e foi atingido. Não faz sentido", diz o dirigente da ASPIG.
José Alho garantiu ainda que a associação vai “exigir
que os feridos e o próprio Chainho, de forma póstuma, sejam promovidos de
imediato ao posto seguinte, como o estatuto do militar da GNR prevê”.
E diz mais José Alho: “Estamos a falar, no caso dos
feridos, de jovens que ficam marcados para a vida e não poderão ir a concursos
para promoção porque não têm agora condições físicas. É um reconhecimento
previsto. Vamos estudar isso com o nosso advogado”, explicou o presidente da
ASPIG.
Agência
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