Padre exige ajuda para 30 famílias que vivem numa fábrica
A Quinta da Parvoíce, Quinta da Caiada e as instalações da antiga unidade industrial Mecânica Setubalense são os locais de maior concentração de clandestinos em Setúbal, autarquia que realojou em 2002 as últimas famílias do Programa Especial de Realojamento (PER). Há semanas ficaram sem electricidade, agora, diz a paróquia da zona, “é urgente, inadiável e necessário, encontrar uma resposta em dois tempos, uma resposta para as necessidades do imediato, mas também uma resposta, a médio prazo ou logo que seja possível, que vise a transferência daquelas famílias para outros locais”, disse à agência Lusa o Padre Constantino Alves, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Segundo a Câmara de Setúbal, na Quinta da Parvoíce estão referenciadas 100 pessoas, 65 na Quinta da Caiada e mais 25 na antiga Mecânica Setubalense, como é o caso da cabo-verdiana Maria de Jesus, que vive com o marido e dois filhos pequenos numa casa abarracada.
Maria de Jesus está em Portugal há seis anos, mas nem ela nem o marido conseguiram ainda arranjar um emprego fixo que lhes permitisse, pelo menos, alugar uma casa com o mínimo de condições de habitabilidade.
"Uma casa de 70 ou 80 contos de renda mensal já é caro para nós. Eu só tenho trabalho temporário, o meu marido, que trabalha nos barcos (na Lisnave), às vezes tem trabalho, outras não", contou à Lusa a cabo-verdiana, que garante não ter meios para suportar uma renda de casa.
"Vieram dizer-nos [Segurança Social] para sairmos daqui e alugarmos uma casa e que nos pagavam a renda durante dois ou três meses. Mas como nenhum de nós tem emprego fixo, se de repente ficarmos os dois sem trabalho não sei como poderíamos pagar", lamentou a mulher ao jornalista da Lusa.
A poucas centenas de metros, na Quinta da Parvoíce, vive Edmilson Rocha, um brasileiro que está há oito anos em Portugal. Garante que sempre trabalhou, mas, está a atravessar um período complicado porque caducou a autorização de permanência no país.
Edmilson Rocha diz que veio para Portugal há procura de melhores condições de vida para os dois filhos que deixou no Brasil, mas nunca conseguiu arranjar dinheiro para ter uma habitação mais condigna.
Um amigo cedeu-lhe uma barraca na Quinta da Parvoíce, na estrada da Graça, o maior bairro de clandestinos na cidade de Setúbal, onde reside, mas a sua situação complicou-se nos últimos dias porque ficou sem trabalho.
Câmara de Setúbal sem solução imediata
Conceição Loureiro, da Divisão de Inclusão Social da Câmara de Setúbal, revelou que a autarquia não tem possibilidade de dar uma resposta definitiva aos moradores destes bairros clandestinos, mas sim respostas temporárias.
"Há algumas pessoas que têm processos a correr na Câmara de Setúbal, mas que estão na mesma lista que muitas outras pessoas", disse Conceição Loureiro, lembrando que a autarquia tem neste momento "cerca de 2.500 pedidos de habitação social", disse a responsável à Lusa.
"Temos soluções temporárias que já foram dadas a conhecer a todos os agregados familiares e que passam pelo alojamento temporário com apoio financeiro da Segurança Social para o pagamento da renda de casa, por eventuais candidatura ao programa Prohabita, que também só prevê o apoio desses agregados familiares até um prazo máximo de dois anos, ou ainda pela concessão de apoios para o regresso ao país de origem", contou a responsável Divisão de Inclusão Social da autarquia sadina.
Conceição Loureiro precisou que estas soluções são válidas para os moradores dos três bairros clandestinos - Quinta da Caiada, Quinta da Parvoíce e Mecânica Setubalense -, mas salientou que só a Quinta da Caiada é da responsabilidade da autarquia.
"A Quinta da Parvoíce é propriedade do IHRU (Instituto de habitação e Reabilitação Urbana) e a Mecânica Setubalense pertence à Segurança Social", disse a responsável, salientando que a responsabilidade pela resolução dos problemas nestes dois bairros clandestinos é dos proprietários.
A Quinta da Parvoíce, Quinta da Caiada e as instalações da antiga unidade industrial Mecânica Setubalense são os locais de maior concentração de clandestinos em Setúbal, autarquia que realojou em 2002 as últimas famílias do Programa Especial de Realojamento (PER). Há semanas ficaram sem electricidade, agora, diz a paróquia da zona, “é urgente, inadiável e necessário, encontrar uma resposta em dois tempos, uma resposta para as necessidades do imediato, mas também uma resposta, a médio prazo ou logo que seja possível, que vise a transferência daquelas famílias para outros locais”, disse à agência Lusa o Padre Constantino Alves, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Meninos vivem numa fábrica antiga de Setúbal sem condições |
Segundo a Câmara de Setúbal, na Quinta da Parvoíce estão referenciadas 100 pessoas, 65 na Quinta da Caiada e mais 25 na antiga Mecânica Setubalense, como é o caso da cabo-verdiana Maria de Jesus, que vive com o marido e dois filhos pequenos numa casa abarracada.
Maria de Jesus está em Portugal há seis anos, mas nem ela nem o marido conseguiram ainda arranjar um emprego fixo que lhes permitisse, pelo menos, alugar uma casa com o mínimo de condições de habitabilidade.
"Uma casa de 70 ou 80 contos de renda mensal já é caro para nós. Eu só tenho trabalho temporário, o meu marido, que trabalha nos barcos (na Lisnave), às vezes tem trabalho, outras não", contou à Lusa a cabo-verdiana, que garante não ter meios para suportar uma renda de casa.
"Vieram dizer-nos [Segurança Social] para sairmos daqui e alugarmos uma casa e que nos pagavam a renda durante dois ou três meses. Mas como nenhum de nós tem emprego fixo, se de repente ficarmos os dois sem trabalho não sei como poderíamos pagar", lamentou a mulher ao jornalista da Lusa.
A poucas centenas de metros, na Quinta da Parvoíce, vive Edmilson Rocha, um brasileiro que está há oito anos em Portugal. Garante que sempre trabalhou, mas, está a atravessar um período complicado porque caducou a autorização de permanência no país.
Edmilson Rocha diz que veio para Portugal há procura de melhores condições de vida para os dois filhos que deixou no Brasil, mas nunca conseguiu arranjar dinheiro para ter uma habitação mais condigna.
Um amigo cedeu-lhe uma barraca na Quinta da Parvoíce, na estrada da Graça, o maior bairro de clandestinos na cidade de Setúbal, onde reside, mas a sua situação complicou-se nos últimos dias porque ficou sem trabalho.
Câmara de Setúbal sem solução imediata
Conceição Loureiro, da Divisão de Inclusão Social da Câmara de Setúbal, revelou que a autarquia não tem possibilidade de dar uma resposta definitiva aos moradores destes bairros clandestinos, mas sim respostas temporárias.
"Há algumas pessoas que têm processos a correr na Câmara de Setúbal, mas que estão na mesma lista que muitas outras pessoas", disse Conceição Loureiro, lembrando que a autarquia tem neste momento "cerca de 2.500 pedidos de habitação social", disse a responsável à Lusa.
"Temos soluções temporárias que já foram dadas a conhecer a todos os agregados familiares e que passam pelo alojamento temporário com apoio financeiro da Segurança Social para o pagamento da renda de casa, por eventuais candidatura ao programa Prohabita, que também só prevê o apoio desses agregados familiares até um prazo máximo de dois anos, ou ainda pela concessão de apoios para o regresso ao país de origem", contou a responsável Divisão de Inclusão Social da autarquia sadina.
Conceição Loureiro precisou que estas soluções são válidas para os moradores dos três bairros clandestinos - Quinta da Caiada, Quinta da Parvoíce e Mecânica Setubalense -, mas salientou que só a Quinta da Caiada é da responsabilidade da autarquia.
"A Quinta da Parvoíce é propriedade do IHRU (Instituto de habitação e Reabilitação Urbana) e a Mecânica Setubalense pertence à Segurança Social", disse a responsável, salientando que a responsabilidade pela resolução dos problemas nestes dois bairros clandestinos é dos proprietários.
Pároco quer respostas de ajuda imediata
Padre quer respostas das entidades para ajuda imediata |
Trinta famílias que vivem na antiga unidade industrial Mecânica Setubalense e que há algumas semanas foram confrontadas com o corte da energia eléctrica e do abastecimento de água necessitam de “respostas imediatas”, alertou, esta quarta-feira, o pároco local. “É urgente, inadiável e necessário, encontrar uma resposta em dois tempos, uma resposta para as necessidades do imediato, mas também uma resposta, a médio prazo ou logo que seja possível, que vise a transferência daquelas famílias para outros locais”, disse à agência Lusa o Padre Constantino Alves, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
“Pode haver pessoas, portugueses ou imigrantes, que ali estejam com outras motivações, mas cabe às autoridades fazerem essa triagem e darem o tratamento adequado a cada agregado familiar, sendo certo que é necessário agir rapidamente”, defendeu, convicto de que as dificuldades de muitas famílias resultam, fundamentalmente, do flagelo do “desemprego e do trabalho precário”.
Segundo Constantino Alves, nos contactos entre o proprietário do imóvel, o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS), Câmara de Setúbal, PSP, EDP e outras entidades, já terá sido proposta a instalação no local de um contador de obra para a electricidade, mas até agora nada foi feito.
Carla Barbosa, de 40 anos, e três filhos, dois deles menores, constitui um dos agregados familiares que reside nas ruínas da antiga fábrica de latas de conserva, na estrada da Graça, há cerca de nove anos e que ainda não vislumbra maneira de sair daquele espaço degradado e sem condições de habitabilidade. Desempregada há três meses e à espera do subsídio de desemprego, Carla Barbosa vive sem água e sem luz desde há algumas semanas e diz não ter dinheiro para pagar uma renda de casa, apesar das ajudas que vai recebendo do marido, a trabalhar no estrangeiro. “A situação está muito complicada, há anos que a Segurança Social promete retirar daqui as pessoas que cá estão há mais tempo, mas essa promessa nunca se concretizou”, disse.
Contactado pela Lusa, o Ministério da Solidariedade, Emprego e da Segurança Social informou que o IGFSS e o Centro Distrital da Segurança Social de Setúbal (CDSSS) estão a“reanalisar” e a caracterizar a situação dos diferentes agregados familiares, com a colaboração da PSP, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e da Caritas Diocesana. O Ministério refere também que o IGFSS está a avaliar as condições de segurança do imóvel ocupado e a estudar as possibilidades de realojamento imediato daquelas famílias, mas diz que todas as casas de renda económica de que dispõe estão ocupadas.
Carla Barbosa, de 40 anos, e três filhos, dois deles menores, constitui um dos agregados familiares que reside nas ruínas da antiga fábrica de latas de conserva, na estrada da Graça, há cerca de nove anos e que ainda não vislumbra maneira de sair daquele espaço degradado e sem condições de habitabilidade. Desempregada há três meses e à espera do subsídio de desemprego, Carla Barbosa vive sem água e sem luz desde há algumas semanas e diz não ter dinheiro para pagar uma renda de casa, apesar das ajudas que vai recebendo do marido, a trabalhar no estrangeiro. “A situação está muito complicada, há anos que a Segurança Social promete retirar daqui as pessoas que cá estão há mais tempo, mas essa promessa nunca se concretizou”, disse.
Contactado pela Lusa, o Ministério da Solidariedade, Emprego e da Segurança Social informou que o IGFSS e o Centro Distrital da Segurança Social de Setúbal (CDSSS) estão a“reanalisar” e a caracterizar a situação dos diferentes agregados familiares, com a colaboração da PSP, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e da Caritas Diocesana. O Ministério refere também que o IGFSS está a avaliar as condições de segurança do imóvel ocupado e a estudar as possibilidades de realojamento imediato daquelas famílias, mas diz que todas as casas de renda económica de que dispõe estão ocupadas.
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