BA recolheu 212,2 toneladas de alimentos em Setúbal

Menos 37 toneladas de comida na ajuda a quase 30 mil pessoas 

A campanha de recolha de bens essenciais do Banco Alimentar Contra a Fome de Setúbal, realizada no passado fim de semana, em supermercados de todo o distrito de Setúbal, resultou na recolha de um total de 212,2 toneladas de géneros alimentares, segundo o presidente da instituição. O Banco Alimentar Contra Fome de Setúbal distribui alimentos para mais de 30 mil pessoas, mas há mais dez mil em lista de espera e este número não para de aumentar, revelou António Alves. Este ano a recolha anual rendeu menos 37 toneladas de alimentos. Ainda assim, para os tempos de crise profunda, "foi uma vitória" de todos aqueles que "continuam a colaborar". No país a tendência também foi de descida no apoio ao Banco Alimentar. Ao todo recolheu-se em Portugal 2.325 toneladas de alimentos, numa campanha realizada em 1.995 superfícies comerciais e que contou com a colaboração de 42 mil voluntários.
Portugueses continuam a doar alimentos para quem mais precisa 

De acordo com o presidente, e comparativamente ao ano anterior, o número traduz-se em menos 37 toneladas o que, mesmo assim é, segundo António Alves, “um enorme êxito, tendo em conta o contexto social actual e a quantidade de pessoas que, diariamente, escolhem os espaços comerciais para pedir alimentos”.
De acordo com  o responsável do Banco Alimentar Contra a Fome de Setúbal, "as pessoas continuam a querer colaborar para as instituições de solidariedade, mas temos que ter a noção de que, todos nós, passamos por tempos dificeis, existe muita gente desempregada e é normal que todas as carências da população se reflictam na quantidade de alimentos doados”.
Ainda segundo António Alves, neste momento o Banco Alimentar de Setúbal, que abrange toda a Península de Setúbal, os quatro concelhos do distrito no Litoral Alentejano e Odemira,[no distrito de Beja], presta apoio a 145 instituições, através de protocolos assinados, para além de, pontualmente, prestar apoio a cerca de mais 60 instituições, num total geral de cerca de 30 mil pessoas, mas existe uma lista de espera com mais 10 mil e um número, crescente e diário, de pedidos de ajuda.

Banco que mata a fome milhares no distrito 
"Damos alimentos a cerca de 15 mil  pessoas contratualizadas e a mais 15 mil, para além dos contratos. Temos contratualizadas 145 instituições, a quem garantimos os alimentos todas as semanas, e mais algumas instituições que temos estado a apoiar de forma extraordinária, porque temos estado a receber produtos que não esperávamos, devido ao embargo decretado pelas autoridades russas", acrescentou António Alves.
Mas, apesar deste reforço inesperado de bens alimentares, graças ao embargo de produtos europeus por parte da Rússia, António Alves admitiu que o Banco Alimentar não consegue chegar a todas as pessoas que precisam de ajuda e reconhece que a pobreza continua a aumentar na região de Setúbal.
Sinal de que se mantêm as dificuldades, o vaivém diário de viaturas de instituições de solidariedade social do distrito, é uma constante junto ao armazém do Banco Alimentar de Setúbal, instalado na zona de Vila Amélia, no concelho de Palmela.
Situado a poucos quilómetros da fábrica de automóveis da Autoeuropa, uma das empresas que mais contribui para a riqueza nacional e para o Produto Interno Bruto de Portugal, o Banco Alimentar procura minimizar os problemas dos mais carenciados.
"Nos armazéns de Vila Amélia, em Palmela, e de Vila Nova de Santo de André, em Santiago do Cacém, entregamos a instituições de todo o distrito mais de quatro mil toneladas de alimentos por ano, o que equivale a cerca de cinco milhões de euros", disse António Alves.
"Neste momento estamos a entregar 90 toneladas de frescos por semana, a que se juntam as 21 toneladas de peixe fresco que já foram distribuídas este ano, proveniente das lotas de Setúbal e Sines", acrescentou.

Recolha também diminuiu no país 
Os Bancos Alimentares Contra a Fome recolheram este fim-de-semana 2.325 toneladas de alimentos, numa campanha realizada em 1.995 superfícies comerciais e que contou com a colaboração de 42 mil voluntários.
Em comunicado, a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, indica que o balanço, que ainda não é final, é “positivo”, apesar das dificuldades económicas dos portugueses, mas representa um decréscimo face a campanhas anteriores.
“Os resultados, que voltam a surpreender pela solidariedade que os portugueses continuam a demonstrar, mantendo um significativo apoio a uma iniciativa em que acreditam e que os mobiliza, representam um decréscimo face a campanhas anteriores, embora não incorporem ainda os resultados da Campanha ‘Ajuda Vale’ nem da campanha online, que vêm adquirindo um peso cada vez maior nas contribuições particulares”, refere Isabel Jonet
A responsável do banco alimentar adianta que os géneros alimentares recolhidos serão distribuídos, a partir da próxima semana, a 2.400 instituições de solidariedade social, que os entregam a cerca de 425 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas. Esta campanha ficou marcada pela introdução de sacos de papel, mais amigos do ambiente do que os tradicionais sacos de plástico, embora recicláveis.

Comentários