Mulher de 89 anos morre nas urgências do Hospital Garcia de Orta
Segunda morte nas urgências de Almada numa semana |
Filho de Maria Vitória diz que mãe "foi deixada ao abandono numa maca de um corredor sem comer".
Maria Vitória morreu na madrugada de domingo nas urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde, segundo a família, deu entrada no sábado, pelas 11 da manhã, vindo a ser vista por um médico "apenas cerca das 20h15". O filho, João Carlos Silveira, afirma-se "indignado" com a forma como a mãe "foi deixada ao abandono numa maca de um corredor sem comer". A idosa foi triada assim que entrou na unidade de saúde, ficando com pulseira amarela.
Recorde-se que em menos de uma semana esta é a segunda morte nas urgências do Hospital Garcia de Orta. A primeira ocorreu há oito dias e a investigação feita pelo hospital já assegurou que não havia nada a fazer do ponto de vista clínico, uma vez que o doente "padecia de uma doença grave, com vários dias de evolução e o seu agravamento súbito, pelo caráter fulminante".
Já sobre o caso de sábado, João Carlos Silveira revela que a mãe até chegou a ser chamada pelas 19h30, mas o filho não percebeu o número do gabinete. "Pedi ajuda à enfermeira, que, nessa altura, estava a mudar a fralda à minha mãe. Respondeu-me que naquele momento não podia ser", relata o filho a diversos órgãos de informação.
Foi ter com o médico para explicar a situação, mas garante ter sido mal recebido. Conta que ainda insistiu, alertando que a mãe já estava em espera há largas horas, enquanto ia ficando cada vez mais debilitada. "Disse-me que não ia lá dentro ver a minha mãe. Se eu quisesse, que a fosse buscar e lha trouxesse", denuncia na queixa apresentada no livro e reclamações.
"Mas pôs-me fora antes de a ir ver", conta, relatando que a mãe, de 89 anos, estava acamada há cinco meses na sua casa, em Almada. Durante o dia de sábado, a idosa começou a dar sinais de não estar bem, com os lábios excessivamente roxos, pelo que a família chamou os bombeiros que a levaram às urgências.
Era meia-noite quando o filho encontrou a mãe já com dificuldades respiratórias, assegurando que a botija do oxigénio "estava a zero", diz, garantindo que uma outra paciente "testemunhou isso", insiste. Era 1h30 quando, segundo denuncia, uma outra médica o alertou para mais uma contrariedade. "Disse-me que a minha mãe não estava bem para ir para casa, mas também não a podia internar, porque estava sem camas. Que teria que ir ficando por ali".
João Carlos Silveira recebeu a notícia da morte da mãe por volta das duas da madrugada.
De acordo com relatos de profissionais de saúde daquele hospital na RTP, há falta de médicos, enfermeiros e macas. Há esperas intermináveis nas urgências do Garcia de Orta.
A administração do Hospital está a investigar a ocorrência e promete, nos próximos dias, divulgar um relatório sobre o sucedido. No entanto, diz fonte do hospital, não há indícios de qualquer falha no atendimento à paciente.
A administração do Hospital está a investigar a ocorrência e promete, nos próximos dias, divulgar um relatório sobre o sucedido. No entanto, diz fonte do hospital, não há indícios de qualquer falha no atendimento à paciente.
Num espaço de uma semana esta foi a segunda morte nas urgências daquele que é o maior hospital do distrito de Setúbal, a 11 deste mês. O Conselho de Administração instaurou um inquérito para esclarecer as circunstâncias da morte de um homem naquela unidade de saúde, depois de três horas à espera de ser visto por um médico, o qual concluiu que "a morte não se poderia ter evitado".
"O doente padecia de uma doença grave, com vários dias de evolução e o seu agravamento súbito, pelo carácter fulminante, tornou impossível qualquer procedimento em tempo útil que evitasse a morte", lê-se no comunicado divulgado pelo hospital de Almada no qual se garante que "foram prestados todos os cuidados que numa situação deste tipo são considerados adequados".
O inquérito concluiu que "o tempo de espera não influenciou o desfecho final" e que não influenciaria mesmo que o utente tivesse esperado apenas uma hora em vez de três. A Inspeção Geral das Atividades em Saúde acompanhou a investigação.
O homem de 60 anos passou pela triagem, onde recebeu uma pulseira amarela, acabando por morrer com um enfarte. O caso foi denunciado pela Ordem dos Médicos.O inquérito concluiu que "o tempo de espera não influenciou o desfecho final" e que não influenciaria mesmo que o utente tivesse esperado apenas uma hora em vez de três. A Inspeção Geral das Atividades em Saúde acompanhou a investigação.
Com o caso de Almada, subiu para sete o número de pessoas que morreram em urgências de hospitais nas últimas três semanas. No distrito de Setúbal já morreram três pessoas [dois em Almada e uma morte em Setúbal]. Os inquéritos para apurar as causas dos óbitos estão a decorrer, mas todos os casos têm em comum longas horas de espera.
Agência de Notícias
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