O memorial tem inscritos os nomes dos estudantes desaparecidos
Ana Catarina, Andreia, Carina, Joana, Pedro e Tiago. Desde ontem, estes nomes ficam esculpidos para sempre na praia do Meco, no mármore branco da peça memorial criada por João Cutileiro para honrar os estudantes que aí perderam a vida na madrugada de 15 de Dezembro de 2013. João Cutileiro confessa que decidiu projetar o memorial simplesmente porque, se não o fizesse, se sentiria "criminoso". A obra é composta por dois grandes blocos de pedra - um de mármore de Estremoz e outro de calcário de Fátima - que formam um conjunto em forma de cruz, com os nomes dos estudantes desaparecidos esculpidos na parte oposta à do mar. A peça foi colocada nas dunas onde os seis jovens morreram afogados, depois de se terem deslocado para a praia durante a noite, no âmbito de um fim de semana para debater as praxes académicas. Os seis, com outro jovem que se salvou, eram estudantes universitários e pertenciam à comissão de praxes. Os pais levaram o caso à justiça e sempre consideraram que as reais circunstâncias da morte nunca foram esclarecidas. Na praia do Moinho de Baixo, no Meco, nem todos concordam com o memorial.
Ana Catarina, Andreia, Carina, Joana, Pedro e Tiago. Desde ontem, estes nomes ficam esculpidos para sempre na praia do Meco, no mármore branco da peça memorial criada por João Cutileiro para honrar os estudantes que aí perderam a vida na madrugada de 15 de Dezembro de 2013. João Cutileiro confessa que decidiu projetar o memorial simplesmente porque, se não o fizesse, se sentiria "criminoso". A obra é composta por dois grandes blocos de pedra - um de mármore de Estremoz e outro de calcário de Fátima - que formam um conjunto em forma de cruz, com os nomes dos estudantes desaparecidos esculpidos na parte oposta à do mar. A peça foi colocada nas dunas onde os seis jovens morreram afogados, depois de se terem deslocado para a praia durante a noite, no âmbito de um fim de semana para debater as praxes académicas. Os seis, com outro jovem que se salvou, eram estudantes universitários e pertenciam à comissão de praxes. Os pais levaram o caso à justiça e sempre consideraram que as reais circunstâncias da morte nunca foram esclarecidas. Na praia do Moinho de Baixo, no Meco, nem todos concordam com o memorial.
Memorial foi inaugurado ontem com presença da Câmara de Sesimbra |
Ontem, na sequência de um pedido dos pais de construção de um memorial, que a Câmara de Sesimbra apoiou, fez-se a cerimónia de inauguração, com familiares e amigos das vítimas no local, e muitas flores colocadas junto do monumento, na areia.
O presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, em breves palavras, lembrou a noite em que, por razões desconhecidas e “até hoje não esclarecidas”, os jovens foram para a praia e os dias de busca que se seguiram.
Um marco no alto da praia
Ainda hoje não se sabe bem o que aconteceu na noite da tragédia, mas uma coisa é certa: um estudante sobreviveu e seis perderam a vida. O único sobrevivente foi constituído arguido, por suspeita de "abandono e exposição", tendo sido ilibado a 4 de Março deste ano, quando o juiz Nélson Escórcio, do Tribunal de Setúbal, arquivou o processo, por falta de provas. Os familiares das vítimas não concordam com a decisão e, segundo o advogado Vítor Parente Ribeiro, vão recorrer ao Tribunal da Relação, em Évora
Independentemente dos tribunais, o memorial ficará a partir desta quarta-feira "para sempre" no alto da praia, bem visível a quem passa naquela zona. Mas os nomes dos estudantes mortos, esses estão de costas para o mar, tal como se julga que estavam os seis jovens quando foram levados pelas ondas, na fria noite de 15 de Dezembro de 2013.
O presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, em breves palavras, lembrou a noite em que, por razões desconhecidas e “até hoje não esclarecidas”, os jovens foram para a praia e os dias de busca que se seguiram.
Meses depois, disse, foi contactado pelos pais para a construção do memorial, um apelo a que não podia ficar indiferente, ele que também perdeu o pai no mar, contou.
A obra, disse, é "uma homenagem aos jovens que morreram mas também à perseverança dos pais e aos que, de todas as idades, o mar levou a vida", lembrou Augusto Pólvora.
Manuel Carrasqueiro, tio de uma das vítimas, em nome das famílias, também lembrou os dias de busca dos corpos, e o momento seguinte em que sentiram que era preciso saber mais, investigar o que realmente se tinha passado, algo que, disse, não estava a ser feito.
E falou de pessoas que “disseram muitas coisas nos primeiros dias” que mais tarde “optaram por não dizer”, falou da falta de verdade em todo o caso e criticou as praxes que se fazem nas universidades.
“Não estamos a fazer nada. O que estamos a fazer é não mexer nas coisas. Temos de contribuir, ajudar, para que não volte a acontecer”, disse, defendendo que é preciso legislar para que, de futuro, quando acontecer um caso idêntico, seja averiguado.
Palavras no areal, junto ao monumento de Cutileiro, um grande bloco de mármore em bruto, como bruta foi a morte dos jovens, nas palavras do escultor. E os nomes na parte traseira, para que quem os leia veja o mar ao mesmo tempo.
Cutileiro, disse, partilha as dúvidas dos pais, diz que a história “está a ser muito mal contada”. E não valoriza o movimento da população local contra a obra.
“Têm os seus direitos”, de protestar, como os pais têm o direito de a querer. E se a vandalizarem? Cutileiro encolhe os ombros: “Que posso eu dizer? Se quiserem”. Mas duvida que consigam vandalizar dois blocos brutos de mármore.
A obra, disse, é "uma homenagem aos jovens que morreram mas também à perseverança dos pais e aos que, de todas as idades, o mar levou a vida", lembrou Augusto Pólvora.
Manuel Carrasqueiro, tio de uma das vítimas, em nome das famílias, também lembrou os dias de busca dos corpos, e o momento seguinte em que sentiram que era preciso saber mais, investigar o que realmente se tinha passado, algo que, disse, não estava a ser feito.
E falou de pessoas que “disseram muitas coisas nos primeiros dias” que mais tarde “optaram por não dizer”, falou da falta de verdade em todo o caso e criticou as praxes que se fazem nas universidades.
“Não estamos a fazer nada. O que estamos a fazer é não mexer nas coisas. Temos de contribuir, ajudar, para que não volte a acontecer”, disse, defendendo que é preciso legislar para que, de futuro, quando acontecer um caso idêntico, seja averiguado.
Palavras no areal, junto ao monumento de Cutileiro, um grande bloco de mármore em bruto, como bruta foi a morte dos jovens, nas palavras do escultor. E os nomes na parte traseira, para que quem os leia veja o mar ao mesmo tempo.
Cutileiro, disse, partilha as dúvidas dos pais, diz que a história “está a ser muito mal contada”. E não valoriza o movimento da população local contra a obra.
“Têm os seus direitos”, de protestar, como os pais têm o direito de a querer. E se a vandalizarem? Cutileiro encolhe os ombros: “Que posso eu dizer? Se quiserem”. Mas duvida que consigam vandalizar dois blocos brutos de mármore.
Ainda hoje não se sabe bem o que aconteceu na noite da tragédia, mas uma coisa é certa: um estudante sobreviveu e seis perderam a vida. O único sobrevivente foi constituído arguido, por suspeita de "abandono e exposição", tendo sido ilibado a 4 de Março deste ano, quando o juiz Nélson Escórcio, do Tribunal de Setúbal, arquivou o processo, por falta de provas. Os familiares das vítimas não concordam com a decisão e, segundo o advogado Vítor Parente Ribeiro, vão recorrer ao Tribunal da Relação, em Évora
Independentemente dos tribunais, o memorial ficará a partir desta quarta-feira "para sempre" no alto da praia, bem visível a quem passa naquela zona. Mas os nomes dos estudantes mortos, esses estão de costas para o mar, tal como se julga que estavam os seis jovens quando foram levados pelas ondas, na fria noite de 15 de Dezembro de 2013.
Na praia do Moinho de Baixo, no Meco, nem todos concordam com o memorial. "Respeito a dor dos pais e a dor das famílias mas a praia é um espaço de todos e se fossemos fazer um memorial para cada pessoa que morre nas praias não havia lugar para as pessoas", dizia Guilherme Bernardino aos jornalistas. Carina Fernandes, utilizadora da praia, também não concorda com a obra de arte do mestre João Cutileiro. "Não é estar contra a obra em si ou contra a memória das famílias dos jovens, é apenas porque não é um local para se colocar um monumento. A melhor homenagem que se pode fazer a estes jovens é estarem perto da praia, do mar. É uma reflexão profunda sobre as praxes e não sobre encontrar um culpado quando todos o foram. Este acidente devia chamar a atenção da sociedade para a vigilância e a prevenção que devem ser feitas nas universidades. Um memorial na areia é apenas um corpo estranho que nada acrescenta à zona, ao Meco nem ao que aconteceu aqui numa noite de inverno. Afinal quantas pessoas já morreram nas praias e no mar? E esses também não tinham direito a um memorial?"
Agência de Notícias
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