Músicas do Mundo a partir de sexta-feira em Sines

O mundo inteiro está a caminho de Sines e Porto Covo 

O mundo voltará a fazer-se ouvir em Sines, entre 17 e 25 deste mês. O Médio Oriente irá acotovelar-se com o Japão. Tão próximos quanto os "gigantes" do Mali, Salif Keita e Toumani Diabaté, estarão um do outro. O Músicas do Mundo começa já esta sexta-feira e trás nove dias dedicados a ritmos tradicionais e modernos com influências de diversas culturas e músicos vindos de mais de 30 países. Com concertos gratuitos e pagos, o festival conta este ano com cinco palcos, um em Porto Covo, no Largo Marquês de Pombal, e quatro em Sines, na Avenida Vasco da Gama, no Castelo, no Largo Poeta Bocage e no auditório do Centro de Artes de Sines. É em Porto Covo que começa a “aventura da música”, cantada em Português, com Janita Salomé a subir ao palco que vai receber três dias de festival, com concertos de acesso livre.
Festival de Músicas do Mundo arranca esta sexta-feira 

Por esta altura a cidade de Sines, no distrito de Setúbal, é a capital do mundo. Das Músicas do Mundo. Começa amanhã em Porto Covo e acaba nove dias depois em Sines. Para Teresa Roxo, uma arquitecta da capital, a grande motivação para rumar a Sines é "a oportunidade de dar a volta ao mundo em cerca de uma semana, seja no campo da música tradicional, seja no do rock ou mesmo no da pop". A "localização extraordinária, dentro do castelo e junto à praia" torna o festival "ainda mais especial", salienta, destacando igualmente "a paciência e a boa disposição com que os habitantes e os comerciantes de Sines recebem os milhares de pessoas que enchem a cidade por esta altura". 
Está aberta mais uma página de vida para este que já foi nomeado um dos melhores festivais de música do mundo. Está quase a começar e arranca em português [com sotaque alentejano]  com Janita Salomé, que amanhã às 19 horas atua no Largo Marquês de Pombal, em Porto Covo, abrindo o Festival deste ano. Depois a viagem é até Cabo Verde, porque é do interior da ilha de Santiago que a voz de Élida Almeida entoa Ora Doci Ora Margos (sábado, 21h45). Rume a Buenos Aires, Argentina, e no domingo às oito da noite ouvirá a cantautora Soema Montenegro de voz, guitarra e cuatro venezuelano prontos.
E chega-se a domingo, e ainda restam seis dias de música - de segunda a sábado - para que todos os vértices de uma rosa-dos-ventos apontam. A partir daí: Sines, no Castelo, palco por excelência do festival, na rua, ou no Centro de Artes. 
E é de Sines que Carlos Seixas, diretor do Festival Músicas do Mundo (FMM), e seu fundador em 1999, fala. Ele que por estes dias estará no trânsito daquilo que é necessário para garantir o seguinte: "continuamos a ser o que sempre fomos: um festival para quem gosta de música de horizontes abertos". Isso e o facto de o FMM ser "uma desordem ordenada nas origens dos músicos, nos estilos musicais, na profusão das misturas. É o mundo em Sines em nove dias, com o máximo de cores e paisagens possíveis", explica o director do festival. 

Música de todo o mundo 
Todos os anos milhares de pessoas ocorrem à cidade de Sines 
A edição de 2015 é mais um passo no caminho que o FMM Sines tem vindo a percorrer ao longo dos anos: "mais do que um festival que persegue uma ideia mitificada de músicas tradicionais, um festival que quer mostrar a música real que se faz e ouve a cada momento no mundo", diz a organização a cargo da Câmara de Sines. Este programa cumpre-se de três formas: "atenção às músicas urbanas, porque o mundo é cada vez mais urbano; atenção às misturas, aos cruzamentos e às miscigenações, porque o mundo é cada vez menos étnica e culturalmente puro e os artistas estão cada vez mais em contacto entre si; contributo para divulgar as expressões minoritárias ou ameaçadas, que também são músicas de hoje, mesmo se radicadas em tradições seculares", diz ainda a organização. 
Entre 17 e 25 de Julho, várias são as nacionalidades que voltam a marcar presença no certame, oriundas de quatro continentes diferentes, faltando apenas a Oceânia. Como acontece em praticamente todas as edições, é a música que nos chega de África aquela que estará melhor representada, desta feita com a vinda a Sines de um dos grandes pioneiros do afrobeat - género popularizado nos anos 70 pelo falecido Fela Kuti -, o saxofonista nigeriano Orlando Julius, que virá acompanhado pelo coletivo britânico Heliocentrics, com o qual editou um álbum no ano passado, Jaiyede Afro.
Também Toumani Diabaté, por muitos apelidado de "mestre da kora" (espécie de harpa maliana contendo 21 cordas), atuará no FMM, juntamente com o seu filho mais velho, Sidiki. Mas esta África não se fará apenas de tradição, já que os cruzamentos entre estas linguagens e a tecnologia e sonoridades modernas também estarão representados através da nigeriana Eno Williams, que lidera o coletivo Ibibio Sound Machine, vencedores do prémio revelação nos Songline Music Awards de 2015.
O norte-americano Brian Shimkovitz, autor do blogue Awesome Tapes From Africa, onde se dedica a resgatar e reeditar cassetes de música tradicional africana, disponibilizando-as para download gratuito, regressa a Portugal para um DJ set onde se poderão ouvir pérolas esquecidas da música africana.
Contudo, não é só em África que se escondem as maiores surpresas. A Ásia estará igualmente bem representada através de projetos como Alif, Trans-Aeolian Transmission, Yat-Kha e Iva Nova, cada qual fundindo o rock com as linguagens musicais tradicionais dos seus países de origem Líbano, China ou Rússia, nestes casos em concreto.
Atravessando o Atlântico, encontramos os Troker e os La-33, mexicanos e colombianos que misturam este mesmo rock com paisagens jazz. Esquecendo por instantes a supremacia da guitarra elétrica, temos os italianos Cuncordu e Tenore de Orosei, agrupamento de canto polifónico da Sardenha. E nem Portugal foi posto de parte, já que Janita Salomé, Bruno Pernadas e Capicua também têm encontro marcado com o público de Sines.
Os bilhetes diários estão já à venda, custando entre 10 e 15 euros, com o passe geral a valer 40 euros - sendo que alguns dos concertos serão gratuitos.
Veja aqui o programa completo do Festival de Músicas do Mundo deste ano

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