Alcochete recupera antiga embarcação do Tejo

Protocolo com Lusoponte permite aquisição do Bote Leão

A Câmara de Alcochete  vai adquirir uma nova embarcação tradicional, o Bote Leão, de forma a manter a tradição da ligação dos alcochetanos ao rio que se mantém na cultura e tradições locais. Para o efeito, na última reunião pública, o executivo municipal ratificou, por unanimidade, o protocolo plurianual entre o Município de Alcochete e a Lusoponte, em que esta empresa assume-se como mecenas na aquisição do “Bote Leão”. O presidente do município salientou que se trata “de um compromisso que a Lusoponte assumiu com a Câmara Municipal há já vários anos, ainda no âmbito de uma candidatura ao QREN”, sublinhou Luís Miguel Franco. A aquisição do Bote Leão representa um investimento total de 369 mil euros, cofinanciado pelo Fundo Europeu das Pescas. 
369 mil euros para aquisição de barco tradicional de Alcochete 

Neste contexto, o presidente da Câmara de Alcochete elogiou os contributos do Engenheiro Ferreira do Amaral e de António Rosa (da Lusoponte SA) “que foram inexcedíveis na parceria com a Câmara Municipal de Alcochete”. “Fica aqui um agradecimento de todos, da Câmara Municipal e do povo de Alcochete”, disse o autarca.
Com capacidade para 45 passageiros, o Bote Leão tem um custo total de 369 mil euros, dos quais 200 mil são suportados pela Lusoponte, 120 mil euros comparticipados pelo PROMAR e os restantes 49 mil euros serão um encargo financeiro direto da Câmara de Alcochete.
A par da promoção turística do município e da preservação das tradições marítimas locais, "a divulgação do conhecimento das antigas práticas de navegação e das caraterísticas das embarcações tradicionais é também uma das principais finalidades deste projeto que, dada a sua importância para a comunidade local, está igualmente consubstanciado no plano de desenvolvimento estratégico 'Alcochete 2025' que se encontra em fase de conclusão", explica a autarquia. 
O Tejo sempre assumiu uma relevância económica para a Região e, dada a sua posição geográfica, Alcochete sempre desenvolveu uma relação estreita com o rio. Das várias embarcações de Alcochete, duas ainda são relembradas pelas gentes locais: o bote Leão e o vapor Alcochete, mais conhecido por “Menino”.
Até ao início do século XX, as ligações fluviais eram muito morosas e, dada a configuração do seu casco, o bote Leão, propriedade de D. António, Marquês de Soydos, permitia a realização de uma travessia mais rápida e, por isso, não é de estranhar que tenha ficado gravado na memória das gentes locais como o barco mais veloz que Alcochete tinha, até então, ao seu serviço.
Depois da fragata Alcatejo ter sido retirada do rio, por apresentar problemas estruturais, que colocavam em causa as suas condições de navegabilidade, a Câmara Municipal submeteu uma candidatura para a obtenção de fundos comunitários, que viabilizassem a aquisição de uma nova embarcação tradicional que permitisse ao Município prosseguir com a estratégia de promoção turística, numa estreita relação com o rio.
"A escolha da embarcação tradicional recaiu sobre a versão atualizada do famoso Bote Leão, de finais do século XIX, que ainda hoje vive no imaginário popular e em relação ao qual se mantém a nostalgia de uma embarcação que sulcava o Tejo, transportando bens e pessoas de Alcochete para Lisboa e vice-versa, com as suas linhas elegantes e cores garridas", concluiu Luís Miguel Franco.

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