Aeroporto do Montijo pode ficar dependente da Ryanair

Sucesso do aeroporto depende da mobilização das companhias 

A viabilidade do aeroporto complementar do Montijo requer a mobilização das companhias aéreas low cost (de baixo custo), segundo o estudo da Roland Berger, que alerta para a necessidade de evitar a dependência excessiva de uma transportadora, mas até agora apenas a Ryanair se mostrou disponível para transferir para lá a sua operação, já que a easyJet - terceira companhia no aeroporto de Lisboa - aproxima-se do posicionamento das companhias de bandeira, “estando presente maioritariamente em aeroportos principais e, ocasionalmente, com terminais exclusivos”. A transportadora irlandesa criticou ainda que o Governo "demore quatro anos até colocar a base do Montijo como aeroporto complementar de Lisboa, referindo ser possível que as operações tivessem início no verão de 2018", diz Michael O'Leary, presidente da Ryanair. 
Até agora só a Ryanair mostra interesse em aterrar no Montijo 

No estudo encomendado pela Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) sobre a validação de cenários de evolução da procura de tráfego e desenvolvimento da capacidade da infraestrutura aeroportuária de Lisboa, a consultora alemã identifica a Ryanair como a companhia aérea de referência em aeroportos secundários de cidades europeias, como em Bérgamo (Milão), Beauvais (Paris) e Charleroi (Bruxelas). 
Até agora, a Ryanair foi a única companhia aérea que se mostrou disponível para transferir a operação para o Montijo, através do presidente, Michael O'Leary, que defendeu por várias vezes um aeroporto complementar naquela localização, criticando as limitações ao crescimento da companhia irlandesa no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
A Ryanair tornou-se em 2015 a segunda maior companhia em Lisboa - depois da TAP -, apenas dois anos depois de ter começado a voar para a Portela.
O estudo da Roland Berger alerta para a necessidade de “evitar uma dependência excessiva”, considerando imperativo “assegurar as condições para que as low cost estejam disponíveis para transferir a sua operação para o Montijo”.
Nos casos analisados, “a Ryanair é a companhia aérea de referência como motor de desenvolvimento de aeroportos secundários”, diz a consultora, que testou o impacto de diferentes níveis de adesão das companhias de baixo custo ao aeroporto complementar do Montijo.
No terceiro cenário analisado, em que apenas a Ryanair se transfere para o Montijo, existe “o risco de reduzida rentabilidade e dependência” da companhia irlandesa.
Além disso, a solução Portela + 1 seria viável por apenas mais 15 anos, enquanto nos outros cenários - transferência de todas as low cost ou transferência de parte da operação da easyJet com a da Ryanair - a solução seria viável por 30 anos, podendo ir além do período da concessão.

Easyjet "recusa" aterrar no Montijo 
Mas a easyJet - terceira companhia no aeroporto de Lisboa - aproxima-se do posicionamento das companhias de bandeira, “estando presente maioritariamente em aeroportos principais e, ocasionalmente, com terminais exclusivos”.
Aliás, por várias vezes, o porta-voz da companhia em Portugal, José Lopes, se mostrou avesso à hipótese de sair do aeroporto de Lisboa, referindo que “a easyJet sempre deu preferência aos aeroportos principais”, rejeitando uma transferência para o Montijo.
Conforme o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas adiantou à Lusa “o aeroporto complementar do Montijo vai estar vocacionado principalmente para as low cost e para serviços de médio custo”, que terão como atrativo taxas aeroportuárias mais baixas na margem sul, enquanto se espera que no Aeroporto Humberto Delgado estas mantenham a curva ascendente dos últimos anos.

Ryanair diz que aeroporto do Montijo poderia operar no verão de 2018

A Ryanair criticou esta quarta-feira que o Governo demore quatro anos até colocar a base do Montijo como aeroporto complementar de Lisboa, referindo ser possível que as operações tivessem início no verão de 2018.
Em conferência de imprensa para apresentar o 'calendário inverno 2017' em Lisboa, o presidente executivo da companhia irlandesa de baixo custo, Michael O'Leary, questionou as razões pelas quais os estudos se vão arrastar "por quatro anos".
O dirigente referiu que irá "encorajar o Governo português para abrir o Montijo antes dos quatro anos, e sim a tempo do verão de 2018".
"Quatro anos para fazer um estudo? Porque não telefonam à Ryanair? Podiam ter o estudo pela hora de almoço, mas a ANA não quer o estudo pela hora de almoço e não quer a capacidade aberta no Montijo hoje", argumentou o homem forte da companhia da República da Irlanda.
A transferência das companhias para o Montijo vai depender apenas dos "preços oferecidos", considerou o irlandês, acrescentando que a grande vantagem no Montijo é um "maior espaço" que permitirá crescer, ao contrário da infraestrutura atual de Lisboa.
"Se no Montijo for cobrado metade do preço em relação à Portela, então muitas companhias aéreas, como a Ryanair, e provavelmente a easyJet, vão para lá", anteviu o dirigente, que referiu ainda não ter decidido se muda a operação para a margem Sul do rio Tejo.
Aos jornalistas, O'Leary lembrou já funcionar no Montijo a base aérea militar, pelo que "suspeita que a ANA, juntamente com o Governo português, está a tentar adiar a abertura" ao movimento comercial.
O responsável questionou a razão de a ANA-Aeroportos de Portugal, gerida pela VINCI, planear gastar 250 milhões de euros e comentou que o "problema da privatização da ANA é que dá à VINCI um género de controlo sobre o Montijo".
O'Leary também criticou a intenção da ANA em aumentar em quatro por cento as taxas no aeroporto Humberto Delgado e, apontando, para o braço lesionado que levava ao peito, explicou que "é o resultado de discordar de um monopólio".
O responsável falava na apresentação do 'calendário de inverno Lisboa 2017', que inclui 26 rotas, das quais três novas rotas para Baden (Alemanha), Bruxelas (Charleroi) e Cracóvia (Polónia). Do calendário constam também seis rotas novas de inverno para Bolonha (Itália), Glasgow (Escócia), Luxemburgo, Nápoles (Itália), Toulouse (França) e Breslávia (Polónia).

Agência de Notícias com Lusa

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