Cientista alerta que espécies exóticas podem trazer problemas aos ecossistemas portugueses
No âmbito do 1.º Encontro sobre Espécies Exóticas Aquáticas no Tejo, que se realiza esta quarta-feira, foi inaugurada no passado dia 15 de Março, no fórum cultural de Alcochete, a exposição “Invasão Exótica: o Tejo sob ameaça”. “Esta cooperação entre o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e o Município de Alcochete constitui mais um momento de afirmação e valorização do concelho”, disse o vereador Jorge Giro, que acrescentou que: “esperamos que este seja o primeiro de muitos encontros, pois esta organização surge porque existe um problema relacionado com a própria temática que é as exóticas aquáticas no Tejo. A introdução destas espécies constituem um problema para os concelhos ribeirinhos, por exemplo, a amêijoa japónica que será também um tema abordado no dia 22”.
"Há muitas espécies exóticas, não indígenas, na bacia do Tejo, e isso pode representar um problema grave para o qual as pessoas não têm sido alertadas", realçou Paula Chainho, coordenadora da exposição.
Entre as espécies invasoras mais emblemáticas, que na bacia do Tejo serão 57 no total, a cientista deu os exemplos de uma planta ornamental, o jacinto-de-água, vinda do Brasil, da ameijoa-japonesa, primeiro introduzida na ria Formosa, ou o siluro (Silurus glanis) - peixe de grandes dimensões, mas muitas vezes confundido com o muito mais pequeno peixe-gato -, oriundo da parte asiática da Rússia.
O jacinto-de-água "consegue proliferar em grande quantidade, é uma espécie invasora e pode tapar completamente uma ribeira, reduz a concentração de oxigénio na água, afeta todos os organismos que ai vivem e impede a circulação de embarcações, tem um impacto para o ecossistema e outro para nós", explicou a investigadora do MARE.
A ameijoa-japonesa chegou a Portugal para ser usada na aquacultura porque, referiu, "é uma espécie de grande interesse comercial, tem um crescimento muito rápido, e supõe-se que intencionalmente foi dispersada pelos sistemas estuarinos e costeiros por pescadores".
Oriunda do Indo-Pacífico, em Portugal encontra-se no Tejo, no Sado, na Lagoa de Óbidos, na Lagoa de Albufeira e no estuário do Mondego, como descreveu Paula Chainho que citou estimativas de 2014 e 2015 a apontar para a existência de 1700 apanhadores no estuário do Tejo, representando um rendimento económico direto.
A ameijoa-japonesa é muito abundante, compete com as espécies autóctones, como a ameijoa-boa, que "diminuiu radicalmente e é muito raro encontrar exemplares" no estuário do Tejo, descreveu a cientista.
Paula Chainho falou ainda do siluro, "trazido da Ásia, da Rússia, porque os pescadores gostam muito de o capturar, principalmente devido à suas elevadas dimensões".
Outros vetores de introdução de espécies exóticas são as águas de lastro dos navios, usadas para equilibrar os porões quando não estão cheios e que são largadas no porto onde recebem carga, levando organismos vivos característicos do lugar onde encheram os tanques.
No âmbito do 1.º Encontro sobre Espécies Exóticas Aquáticas no Tejo, que se realiza esta quarta-feira, foi inaugurada no passado dia 15 de Março, no fórum cultural de Alcochete, a exposição “Invasão Exótica: o Tejo sob ameaça”. “Esta cooperação entre o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e o Município de Alcochete constitui mais um momento de afirmação e valorização do concelho”, disse o vereador Jorge Giro, que acrescentou que: “esperamos que este seja o primeiro de muitos encontros, pois esta organização surge porque existe um problema relacionado com a própria temática que é as exóticas aquáticas no Tejo. A introdução destas espécies constituem um problema para os concelhos ribeirinhos, por exemplo, a amêijoa japónica que será também um tema abordado no dia 22”.
Algumas espécies exóticas invadiram os nossos rios |
“Quer o encontro quer a exposição alusiva a esta temática inscrevem-se também no pensamento estratégico do município de Alcochete, de âmbito mais alargado relacionado com o Arco Ribeirinho Sul, e também na integração no Arco do Tejo, que queremos que seja uma realidade a médio longo prazo”, cocluiu o vereador do ambiente da Câmara de Alcochete.
Para o diretor do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, (MARE), “esta abordagem de bacia hidrográfica é particularmente importante, e penso que é única no contexto nacional”, e acredita que esta será uma primeira iniciativa entre outras, pela importância da temática, e necessidade da definição de estratégias e das ações de proteção das comunidades autóctones e de mitigação dos impactos de outras comunidades invasoras ou não indígenas.
“O MARE fica muito orgulhoso por muitos dos nossos investigadores que têm grande renome internacional, terem feito muita investigação nesta área, terem aqui a oportunidade de mostrar esses trabalhos à comunidade”, acrescentou Henrique Cabral.
“O problema das exóticas aquáticas é evidentemente um problema grave dentro e fora da Reserva Natural do Estuário do Tejo mas não é uma matéria que seja competência estrita do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas” disse a diretora deste organismo.
“Achámos que estavam de facto reunidas as condições para promovermos aquilo que queríamos fazer, que era dar um pontapé de saída na discussão pública da problemática, dar-lhe alguma visibilidade pelo conhecimento científico desta matéria e não só pelas notícias”, sublinhou Maria de Jesus Fernandes.
Para o diretor do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, (MARE), “esta abordagem de bacia hidrográfica é particularmente importante, e penso que é única no contexto nacional”, e acredita que esta será uma primeira iniciativa entre outras, pela importância da temática, e necessidade da definição de estratégias e das ações de proteção das comunidades autóctones e de mitigação dos impactos de outras comunidades invasoras ou não indígenas.
“O MARE fica muito orgulhoso por muitos dos nossos investigadores que têm grande renome internacional, terem feito muita investigação nesta área, terem aqui a oportunidade de mostrar esses trabalhos à comunidade”, acrescentou Henrique Cabral.
“O problema das exóticas aquáticas é evidentemente um problema grave dentro e fora da Reserva Natural do Estuário do Tejo mas não é uma matéria que seja competência estrita do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas” disse a diretora deste organismo.
“Achámos que estavam de facto reunidas as condições para promovermos aquilo que queríamos fazer, que era dar um pontapé de saída na discussão pública da problemática, dar-lhe alguma visibilidade pelo conhecimento científico desta matéria e não só pelas notícias”, sublinhou Maria de Jesus Fernandes.
As espécies exóticas que chegaram aos nossos rios
Espécies exóticas como o siluro (um peixe), a ameijoa-japonesa ou o jacinto-de-água, podem trazer problemas aos ecossistemas portugueses, como a bacia do Tejo, alertou uma investigadora, defendendo a necessidade de informar a população."Há muitas espécies exóticas, não indígenas, na bacia do Tejo, e isso pode representar um problema grave para o qual as pessoas não têm sido alertadas", realçou Paula Chainho, coordenadora da exposição.
Entre as espécies invasoras mais emblemáticas, que na bacia do Tejo serão 57 no total, a cientista deu os exemplos de uma planta ornamental, o jacinto-de-água, vinda do Brasil, da ameijoa-japonesa, primeiro introduzida na ria Formosa, ou o siluro (Silurus glanis) - peixe de grandes dimensões, mas muitas vezes confundido com o muito mais pequeno peixe-gato -, oriundo da parte asiática da Rússia.
O jacinto-de-água "consegue proliferar em grande quantidade, é uma espécie invasora e pode tapar completamente uma ribeira, reduz a concentração de oxigénio na água, afeta todos os organismos que ai vivem e impede a circulação de embarcações, tem um impacto para o ecossistema e outro para nós", explicou a investigadora do MARE.
A ameijoa-japonesa chegou a Portugal para ser usada na aquacultura porque, referiu, "é uma espécie de grande interesse comercial, tem um crescimento muito rápido, e supõe-se que intencionalmente foi dispersada pelos sistemas estuarinos e costeiros por pescadores".
Oriunda do Indo-Pacífico, em Portugal encontra-se no Tejo, no Sado, na Lagoa de Óbidos, na Lagoa de Albufeira e no estuário do Mondego, como descreveu Paula Chainho que citou estimativas de 2014 e 2015 a apontar para a existência de 1700 apanhadores no estuário do Tejo, representando um rendimento económico direto.
A ameijoa-japonesa é muito abundante, compete com as espécies autóctones, como a ameijoa-boa, que "diminuiu radicalmente e é muito raro encontrar exemplares" no estuário do Tejo, descreveu a cientista.
Paula Chainho falou ainda do siluro, "trazido da Ásia, da Rússia, porque os pescadores gostam muito de o capturar, principalmente devido à suas elevadas dimensões".
Outros vetores de introdução de espécies exóticas são as águas de lastro dos navios, usadas para equilibrar os porões quando não estão cheios e que são largadas no porto onde recebem carga, levando organismos vivos característicos do lugar onde encheram os tanques.
Visita guiada à exposição
Exposição no Forum Cultura de Alcochete até 15 de Abril |
Seguiu-se visita à exposição orientada pelos investigadores Paula Chainho, Filipe Ribeiro e Pedro Anastácio.
“A introdução de espécies exóticas é uma das principais causas de perda de biodiversidade, portanto este é um assunto que nos preocupa e no nosso centro de investigação cada um de nós trabalhava um pouco algumas das espécies não indígenas ou exóticas que existem no Tejo, o Filipe Ribeiro, com os peixes de água doce, o Pedro Anastácio, com os crustáceos em água doce e em estuário e eu com as espécies estuarinas e marinhas”, começou por dizer Paula Chainho, antes de iniciar a visita guiada.
A exposição está organizada em duas grandes áreas, uma área azul, onde está caraterizada a bacia hidrográfica do Tejo e as espécies nativas do estuário, e uma área laranja onde são apresentadas as espécies exóticas, que interferem na biodiversidade existente. Existe ainda um laboratório criado em particular para as crianças que frequentam o 1.º ciclo, onde existem exemplares de espécies exóticas, informação e jogos didáticos.
A exposição e o encontro têm o patrocínio da Lusoponte e o apoio da Navigator.
A próxima visita orientadas realizam-se a 23, 24, 29 e 30 de Março para o público escolar. A exposição ficará patente no Forum Cultural de Alcochete até 15 de Abril.
Mais informações: forum.cultural@cm-alcochete.pt/ 212 349 640.
Agência de Notícias com Câmara de Alcochete
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A exposição está organizada em duas grandes áreas, uma área azul, onde está caraterizada a bacia hidrográfica do Tejo e as espécies nativas do estuário, e uma área laranja onde são apresentadas as espécies exóticas, que interferem na biodiversidade existente. Existe ainda um laboratório criado em particular para as crianças que frequentam o 1.º ciclo, onde existem exemplares de espécies exóticas, informação e jogos didáticos.
A exposição e o encontro têm o patrocínio da Lusoponte e o apoio da Navigator.
A próxima visita orientadas realizam-se a 23, 24, 29 e 30 de Março para o público escolar. A exposição ficará patente no Forum Cultural de Alcochete até 15 de Abril.
Mais informações: forum.cultural@cm-alcochete.pt/ 212 349 640.
Agência de Notícias com Câmara de Alcochete
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