Marcelo foi conhecer bairro da Bela Vista em Setúbal

Presidente da República testemunha empenho local para “dar a volta” ao bairro social da Bela Vista

O Presidente da República louvou a união entre moradores para a melhoria e recuperação do bairro do Forte da Bela Vista, um dos conglomerados de habitação social erigidos naquela zona de Setúbal na década de 1980. "Um caso de empenhamento da associação de moradores com o apoio da junta de freguesia e da Câmara Municipal [de Setúbal], que tinha dado a volta ao bairro, que reúne culturas diferentes, visões diferentes da vida, experiências diferentes... E hoje é um dia muito especial, faz 69 anos desde que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos do Homem", resumiu Marcelo Rebelo de Sousa, durante a visita à cidade de Setúbal. 
Marcelo Rebelo de Sousa esteve este domingo na Bela Vista

O Presidente da República, que chegou uma hora atrasado face ao previsto em virtude de ter ido assistir a uma missa no Pinhal Novo, entre o regresso do Algarve e o compromisso de Setúbal, foi recebido em euforia por dezenas de habitantes do inóspito e ventoso morro, com uma panorâmica privilegiada para a baía de Setúbal e a península de Tróia, que dá nome aos conjuntos de blocos, agora redecorados com graffiti nos topos, devidamente autorizados e assinados pelos artistas.
"Isto aqui há de tudo. Retornados, ciganos, brancos, pretos...", descreveu à Lusa o pintor da construção civil Leonel Caetano, 51 anos, enquanto esperava a chegada do "senhor das selfies" (fotografias com telemóvel) no único estabelecimento aberto naqueles arruamentos - o 'snack bar' "Pôr-do-Sol", ocupado esmagadoramente por homens.
Mulheres e crianças juntaram-se ao pé das obras de requalificação - uma escultura, um parque infantil e um pequeno espaço com máquinas de exercício físico ao ar livre, obras da associação de moradores "Renascer o Forte", apoiada por empresas, junta de freguesia e Câmara Municipal sadina.
"Isso não é de comer! Saiam de cima do homem!", gritou-se perante os pedidos de cumprimentos a Marcelo Rebelo de Sousa. Outra "boca" que gerou gargalhadas entre os presentes foi lançada por um dos interlocutores ocasionais do Presidente da República, que tinha reparado haver muitas crianças ao que o bem-humorado habitante respondeu: "pois, as fábricas são novas..."
Marcelo Rebelo de Sousa visitou um dos apartamentos, que partilham pátios comuns e no total albergam cerca de 700 pessoas (neste quarteirão específico), e foi surpreendido pelo orgulho de um pai em mostrar as medalhas de um atleta paralímpico português, Bruno Balão, que vive ali no Forte da Boa Vista - os edifícios "azuis", além dos quarteirões "dos amarelos", "rosas" e "verdes".
"Um dos princípios fundamentais é ter-se como objetivo ter o máximo de igualdade possível das pessoas. Isso faz-se todos os dias em bairros como este em que as pessoas vêm de países diferentes, com línguas e religiões diferentes. O criar condições para que essa convivência seja um fator de mais igualdade e justiça é essencial", continuou o Presidente da República.

Bela Vista é exemplo para Presidente
Presidente foi convidado especial dos moradores do Bairro 
“Isto ficou muito bem feito e bonito”, sublinhou, depois de observar as várias valências do equipamento público que reabilitou a barreira do Forte da Bela Vista. E também as experimentou. Primeiro, ao empurrar crianças em baloiços, depois ao testar máquinas geriátricas disponíveis na área desportiva.
Para o Presidente da República, o Forte da Bela Vista é um modelo a seguir.“É um exemplo. Faz hoje [11 de Dezembro] 69 anos que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um dos princípios fundamentais é a máxima igualdade possível entre as pessoas e isso faz-se todos os dias em bairros como este”.
A visita ao Forte da Bela Vista era uma ideia que Marcelo Rebelo de Sousa tinha há já algum tempo. “Tive conhecimento de que este bairro era um caso sério de empenho dos moradores e que tinha ‘dado a volta’, com o apoio da Câmara  de Setúbal e da junta de freguesia local”.
A visita àquele bairro setubalense ganhou maior significado pela celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, efeméride instituída pela Unesco em 1968. “O Forte da Bela Vista reúne culturas, experiências e visões da vida diferentes. Lutar pelos direitos é um dever de cada um. E, aqui, os moradores lutam”.
Depois do passeio pedonal, Marcelo Rebelo de Sousa andou pelo Forte da Bela Vista. Sempre que solicitado, tirou fotografias e acenou a moradores nas janelas. “A roupa enxuga aí numa noite destas?”, questionou, em brincadeira, a uma moradora. A resposta, foi surpreendente. “Uma maravilha!”
Surpresa foi também a visita do chefe de Estado a uma das habitações do bairro municipal, uma casa adaptada a uma pessoa com mobilidade reduzida. Entrou e sentou-se de sofá, com o morador e a presidente da Câmara  de Setúbal, Maria das Dores Meira, a conversar e a assistir televisão.
O bairro, que “parecia estar a morrer, como disse uma das moradoras, renasceu”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, para deixar na Bela Vista a garantia de “apoiar todas as iniciativas que partam das pessoas com este objetivo de criar melhores condições de vida e de igualdade”.
O Forte da Bela Vista “é um exemplo, mas há mais projetos como este, não só pelo país como mesmo aqui ao lado”, aludindo à arte urbana que conhecera minutos antes nas empenas da Alameda das Palmeiras. “Cabe-me agradecer tudo o que foi feito, em cinco anos, para chegar aqui”.
A presidente da autarquia destacou que a visita do Presidente ao Forte da Bela Vista “é o reconhecimento público do profundo trabalho de transformação que, desde 2012, tem vindo a acontecer nestes bairros da Bela Vista”.
A autarca frisou que o programa municipal Nosso Bairro, Nossa Cidade é um trabalho conjunto que está a mudar a realidade do território. “Este é um novo concelho e os bairros não ficam para trás. Os bairros da Bela Vista não são guetos. Estes bairros são cidade, como tantos outros que temos”.
A visita presidencial a Setúbal culminou na EB da Bela Vista, com o Presidente da República a assistir a um apontamento musical do Grupo Afro-Axé Sant’Iago Olodum, a que seguiu um jantar com cachupa e uma típica caldeirada de choco setubalense.
Agência de Notícias com Lusa

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