Mar atinge casas e arrasta carros na Trafaria

Autoridades permanecem vigilantes em Almada e Seixal devido a nova praia-mar

Pelo menos cinco casas foram inundadas devido à agitação marítima entre as 11 e as 15 horas desta quinta-feira, na Trafaria, concelho de Almada. Naquela localidade ocorreram duas situações distintas, provocadas pela água que galgou as proteções. Na zona central da localidade, três casas ficaram inundadas, enquanto na Cova do Vapor, no Bairro do Segundo Torrão, foram afetadas outras duas casas, sendo que neste caso poderá existir desalojados. Vários carros terão sido arrastado pelo mar na Trafaria, adianta o "Jornal de Notícias". Segundo Eduardo Ferreira, da Associação de Moradores da Cova do Vapor, "há mais de 30 anos que a aldeia não era fustigada desta maneira". Devido aos danos provocados pela forte agitação marítima e por razões de segurança, a estrada de acesso à Cova da Vapor vai permanecer encerrada, avança a Câmara de Almada. A Proteção Civil do Seixal emitiu também um aviso para os moradores das zonas baixas do concelho que podem ocorrer cheias durante a madrugada.

Força do Mar destrói casas na Cova do Vapor, na Trafaria  

"Avisam-se os moradores na zona baixa do Seixal, no Núcleo Urbano Antigo, que se espera para a noite e madrugada uma situação de cheia, provocada pela conjugação da situação meteorológica adversa com a preia-mar", refere a Proteção Civil em comunicado.
Segundo o documento, os moradores devem "salvaguardar os bens dos pisos inferiores das habitações" e vedar o melhor possível as portas da rua.
"Recomenda-se ainda que desliguem os aparelhos elétricos entre as duas e as quatro da madrugada", acrescenta o documento.
Em Almada a noite também será de alerta e medo depois da tarde de devastação na Cova do Vapor e no Bairro do Segundo Torrão.
A vereadora da Proteção Civil de Almada afirmou esta quinta-feira que as autoridades vão permanecer vigilantes na aldeia da Cova do Vapor e no Bairro do Segundo Torrão, na Trafaria, já que se prevê nova praia-mar durante a madrugada.
"Permanecemos durante todo o dia de hoje [quinta-feira] e vamos continuar durante o período da noite. Prevê-se forte agitação marítima também durante a noite de hoje, mas já não será tão forte como o pico que aconteceu cerca das 15 horas. O vento está a acalmar", disse Francisca Parreira, em declarações à agência Lusa.
"Trata-se de uma “área muito sensível em termos de defesa costeira, é um aglomerado populacional que está numa zona de risco e acresce que na área onde a área subiu existe um rombo na pedra que se encontra a proteger a área do mar, esse rombo já está sinalizado à Associação Portuguesa do Ambiente há três anos”, sublinha Francisca Parreira.

Momentos de pânico em bairros do concelho 
O mar transpôs esta quinta-feira o molhe que protege as casas da Cova do Vapor, inundando quatro imóveis e cortando o acesso principal à aldeia, constatou a Lusa no local.
De acordo com a responsável da autarquia do distrito de Setúbal, tanto na aldeia da Cova do Vapor como no Bairro do Segundo Torrão - onde outras três casas ficaram inundadas e um carro foi arrastado e entretanto recuperado - estiveram 15 viaturas e 38 operacionais, entre agentes locais da proteção civil, autoridade marítima, bombeiros, funcionários da União de Freguesias da Caparica e Trafaria.
O contingente irá manter-se a monitorizar o território.
A vereadora acrescentou ainda que na Costa da Caparica "não houve registo de ocorrências".
Segundo Francisca Parreira, a Administração do Porto de Lisboa também esteve nos locais afetados, estando a fazer uma avaliação "dos rombos em toda a pedra na frente ribeirinha e naquelas que foram deslocalizadas com as inundações".
A responsável disse ainda "não haver confirmação de desalojados", mas apenas "alguns prejuízos que se estão a avaliar em bens pessoais e habitações".
Em relação ao Bairro do Segundo Torrão, Francisca Parreira avançou que duas casas "ficaram com um palmo de água", lembrando que se trata de um bairro com "problemáticas sociais associadas" e que algumas casas "estão construídas em zona de risco".
Já na Cova do Vapor, segundo Eduardo Ferreira, da Associação de Moradores da Cova do Vapor, "há mais de 30 anos que a aldeia não era fustigada desta maneira".
 "A força do mar, juntamente com o vento, fizeram isto. Nem chovia muito na altura", disse Eduardo Ferreira à Lusa. De acordo com o morador, as autoridades chegaram rapidamente ao local depois de terem sido chamadas.
Eduardo Ferreira explicou que em causa está apenas uma casa de habitação permanente, enquanto as restantes três afetadas são de fim de semana ou férias.
O morador lembrou também que não houve mais problemas porque o molhe de pedras foi "há cerca de cinco/seis anos intervencionado com apoio da Administração do Porto de Lisboa".
"Houve uma grande reposição de pedra e é isso que tem protegido ao longo destes anos das intempéries e avanços de mar", disse.
"Esta sexta-feira e logo que as condições do mar o permitam, a Proteção Civil Municipal irá fazer uma nova avaliação dos danos e definir quais as condições necessárias para a reabertura da referida via. Entretanto, foi criado um acesso alternativo para os moradores da Cova do Vapor”, informa a autarquia.

Destruição também no Portinho da Arrábida 
O mau tempo causou também danos no Portinho da Arrábida, em Setúbal, com o abatimento do muro de proteção junto às casas, segundo informou o Clube da Arrábida em comunicado.
"A situação é fruto de um abandono profundo há várias décadas de toda esta zona por parte das entidades. O Clube da Arrábida tem, desde 2010, chamado a atenção das mesmas para uma urgente intervenção de fundo no Portinho da Arrábida de forma a evitar semelhantes ocorrências", frisa o documento.

Agência de Notícias com Lusa

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