Acesso à informação clínica investigado no Barreiro

Hospital garante que médicos têm "perfis distintos" dos restantes funcionários

O Centro Hospitalar Barreiro Montijo garantiu que os médicos têm “um conjunto de perfis distintos” dos restantes profissionais de saúde e que “em caso algum” é atribuído “perfil médico” a pessoal não-médicos. O comunicado do conselho de administração do Centro Hospitalar Barreiro Montijo surge após a Ordem dos Médicos ter anunciado que vai averiguar a alegada criação de falsos perfis médicos nos hospitais do Barreiro e Montijo que permite que profissionais não médicos acedam a processos clínicos. 
Hospital continua sob suspeita da Ordem dos Médicos 

O conselho de administração explica que o Centro Hospitalar Barreiro Montijo utiliza como sistema de informação clínica a plataforma SClinico desenvolvida pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que é acedido através da utilização de “nome de utilizador” mais “palavra passe”, específicos para cada utilizador.
Segundo a administração, a palavra passe é definida pelo próprio utilizador de acordo com as regras de funcionamento do sistema.
“O acesso à informação do SClinico é diferenciado por perfis de utilizador, sendo definido um perfil para os médicos e atribuído apenas aos profissionais médicos e um conjunto de perfis distintos para outros profissionais de saúde (p.e. Enfermeiros, Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, Psicólogos, Assistentes Sociais, Nutricionistas) atribuídos de acordo com a área profissional em que se enquadram”; refere comunicado.
O Centro Hospitalar Barreiro Montijo adianta que “em caso algum é atribuído ‘perfil médico’ a profissionais não-médicos”.
A denúncia partiu do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, que pediu à Ordem para instaurar um processo de inquérito à criação de “falsos perfis médicos” para acesso ao sistema informático clínico no Centro Hospitalar do Barreiro, segundo uma carta a que a agência Lusa teve acesso.
Na carta enviada ao bastonário dos Médicos é pedido à Ordem que instaure um processo de inquérito, bem como a “subsequente efetivação da respetiva responsabilidade disciplinar”.
O bastonário Miguel Guimarães confirmou à agência Lusa ter recebido o pedido do Sindicato e prometeu atuar, começando por realizar uma visita ao Centro Hospitalar do Barreiro Montijo para averiguar a situação, visita que está marcada para dia 3 de Julho.
No comunicado, o Centro Hospitalar do Barreiro Montijo confirma que foi proposta uma visita aos dois hospitais por parte do bastonário da Ordem dos Médicos, tendo sido “imediatamente aceite”.
“Confia o conselho de administração que esta oportunidade promoverá o total esclarecimento do presente assunto”, sustenta.
O representante dos médicos lembra que se trata de uma matéria “de enorme importância”, podendo estar em causa a segurança dos dados clínicos e dos dados pessoais dos doentes e também dos médicos.
Na carta enviada à Ordem, à qual a Lusa teve acesso, o Sindicato lembra a “ilicitude do procedimento informático”, considerada grave porque “ofende os princípios e normas legais que protegem a confidencialidade da informação”, põe em causa o segredo médico e viola o direito dos doentes à segurança dos seus dados clínicos.
No comunicado, o conselho de administração do Centro Hospitalar Barreiro Montijo volta a lamentar que o Sindicato dos Médicos da Zona Sul não tenha respondido afirmativamente ao convite que lhe foi endereçado para reunir e esclarecer o presente assunto.

Agência de Notícias com Lusa 

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