Barreiro não suspende recuperação de moinho

Associação Barreiro pediu à Câmara para parar a obra. Autarquia recusou. 

A Associação Barreiro solicitou à câmara que sejam suspensas as obras de recuperação do Moinho de Maré Pequeno, por considerar que não estão a ser respeitados os valores históricos, arquitetónicos e da memória do concelho, informou a entidade. O Moinho de Maré Pequeno localiza-se num Sítio de Interesse Municipal, e desde Julho que está a ser reabilitado pela câmara municipal para dar origem a um percurso interpretativo da indústria moageira. O presidente da Câmara do Barreiro, Frederico Rosa, avançou que "conhece este processo de olhos fechados", mas que as obras não serão suspensas e diz que a associação está "comprometida por pessoas ligadas ao PCP e ex-autarcas comunistas". 
Moinho está a ser requalificado 

"Daquilo que ficámos a conhecer sobre o edifício projetado, é possível verificar que não se trata de uma recuperação de um património cultural, como ela é normalmente entendida em termos técnicos, mas somente da construção de um novo edifício, sem qualquer valor arquitetónico digno de nota e que não respeita, de modo algum, 'os valores históricos, arquitetónicos, construtivos e de memória' do referido moinho", apontou a Associação Barreiro -Património, Memória e Futuro na carta aberta enviada ao presidente da Câmara do Barreiro.
O documento foi enviado na terça-feira e tem como principal reivindicação que "sejam suspensas imediatamente as obras que estão a decorrer no local do antigo moinho", o que a autarquia rejeita.
Nesta carta, a associação apontou que não concorda com o projeto arquitetónico elaborado pela autarquia do Barreiro, defendendo que "não tem nada a ver com o antigo edifício do moinho" e que "não integra qualquer uma das funções desenvolvidas" no passado.
Além disso, referiu também discordar da futura utilização como percurso interpretativo, afirmando que deveria "ser recuperado unicamente como moinho de maré".
"Tudo o mais resulta em pura perda para o Barreiro, desrespeitando a sua memória", frisa a Associação Barreiro.
A associação sublinhou ainda que a autenticidade deste património é essencial para a atração dos visitantes e que, ao contrário do que está a acontecer, não se deve reabilitar apenas o moinho, mas todo o complexo que integra, como a casa do moleiro, o armazém, a caldeira, o cais de embarque e o barco do moinho.
"É este complexo que deve ser recuperado na totalidade", disse.
Além da suspensão das obras em curso, a Associação Barreiro pediu também a promoção de um debate com os cidadãos para dar a conhecer a problemática e que passe a ser considerada como "parte interessada e colaboradora da Câmara do Barreiro".

Câmara não vai suspender as obras 
Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da Câmara do Barreiro, Frederico Rosa, avançou que "conhece este processo de olhos fechados", mas que as obras não serão suspensas.
"Essa associação é feita, em grande maioria, por militantes e antigos autarcas do PCP [o novo executivo é do PS]. Este projeto tem vários anos e não é um projeto nem um concurso público deste executivo. A própria associação pôs a circular imagens do moinho que não são de hoje. O moinho estava completamente em ruínas, era um foco de lixo e nós concordamos com o projeto do anterior executivo e estamos a reabilitá-lo", explicou o autarca.
Frederico Rosa acrescentou ainda que se trata de "um projeto muito bem estruturado e enquadrado".
"A única coisa que nos separa do anterior executivo é que o anterior executivo projetou um café para o moinho e nós estamos a projetar um centro interpretativo para contar a nossa história", informou.
Em Julho, depois de a Associação Barreiro ter divulgado imagens do Moinho Pequeno e de ter afirmado que todo o edifício teria sido destruído, a Câmara do Barreiro avançou à Lusa que o património estava a ser recuperado para dar origem a um percurso interpretativo da indústria moageira.
De acordo com a deliberação, o interesse em classificar estes imóveis prende-se com a importância da atividade industrial, por eles desenvolvida, durante os séculos XVII e XIX. Recorde-se que a autarquia com o objetivo de "salvaguardar a memória destas estruturas pré industriais tem vindo a adquirir de forma progressiva estes imóveis". 
Atualmente, possui o Moinho de Maré Pequeno (Largo do Moinho Pequeno, Rua Miguel Pais) e o conjunto dos três Moinhos de Vento de Alburrica.

Agência de Notícias com Lusa 

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