Mar une cidade e porto em Setúbal apesar das críticas

“Cidade e o porto estão bem condenados a viver de braços dados”

A sintonia existente nas estratégias de desenvolvimento para o concelho de Setúbal entre a Câmara Municipal e o Porto de Setúbal foi vincada numa conferência integrada na Semana do Mar 2018, a decorrer na cidade sadina. A presidente da autarquia, Maria das Dores Meira, e a presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Lídia Sequeira, participaram na sessão de abertura da conferência “Conhecer o mar: investigação e inovação”, na Casa da Baía, iniciativa da Semana do Mar 2018, a decorrer até domingo.  Na sessão de abertura do encontro, Maria das Dores Meira afirmou que o investimento feito no sentido de reforçar o porto sadino, “com o que isso significa para Setúbal, mas, acima de tudo, para o país e para a melhoria das suas capacidades produtivas, é, de facto, algo que agrada muito [à Câmara Municipal] e motivo de regozijo para a cidade”.
Há harmonia entre cidade e porto de Setúbal 


Esta harmonia existente nas políticas de desenvolvimento sustentável para o concelho, território ladeado pela Reserva Natural do Estuário do Sado e pelo Parque Natural da Arrábida, é também considerada fulcral por Lídia Sequeira, que considera que “Setúbal e o porto estão bem condenados a viver de braços dados”, diz a autarca.
Maria das Dores Meira recordou o contexto atual que a zona portuária sadina atravessa, um “momento em que o porto deu início a um processo de modernização e ampliação das suas capacidades”.
A autarca sublinhou que a posição do município sobre esta estratégia do reforço portuário tem sido coerente sempre que foi consultado nesse sentido, apoiando, consistentemente, o desenvolvimento do setor.
“Estamos certos de que esta estratégia é tão importante e, manifestamos, desde já, a nossa vontade de cooperar com o Governo e com o Porto de Setúbal para que, com a manutenção da parceria que temos animado nos últimos anos no debate das questões portuárias, possamos alcançar este objetivo”.
Maria das Dores Meira assegurou que a Câmara Municipal deposita “plena confiança na competência e no saber dos responsáveis portuários e dos técnicos no que diz respeito à estratégia de desenvolvimento traçada para o porto”.
Espírito de parceria e de confiança mútua patente em atividades de organização conjunta, tais como a Semana do Mar que agora está a começar e que, afirmou Lídia Sequeira, “já tem tradições no concelho”.
A conferência “Conhecer o mar: investigação e inovação” reuniu um conjunto de intervenções sobre áreas de interesse do setor portuário e fluvial de Setúbal.

Preocupações com a pesca da sardinha 
João Nuno Lourenço, do IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, fez uma apresentação sobre o novo navio de investigação do Estado português, o “Mar Portugal”, embarcação que marca presença em Setúbal, para visitas do público, durante a Semana do Mar.
Ricardo Morgado, em representação da ASM Industries, empresa de fabrico de equipamentos de aço para a indústria das energias renováveis e marinha, destacou o trabalho da holding portuguesa realizado recentemente, em parceria com a Lisnave, no porto de Setúbal.
A ASM Industries está a liderar a nível mundial, através de um conjunto de parcerias, o setor da criação de equipamentos para exploração do recurso eólico em águas profundas, sendo que a unidade de montagem da empresa está localizada no porto de Setúbal.
Sobre o setor das pescas, Susana Garrido, investigadora do IPMA, apresentou o projeto Sardinha 2020, candidatura de âmbito nacional cofinanciada por fundos europeus através do Programa Operacional Mar 2020 e que vai estudar cientificamente as dinâmicas associadas à população da sardinha na plataforma continental portuguesa.
No final do estudo, no qual a investigadora é uma das coordenadoras, deverá ser possível perceber os impactes nas populações de sardinha causados por fatores como pressões da pesca, mudanças climáticas e outros de âmbito ambiental ou biológico inerentes à própria espécie.
Outro objetivo relevante do Sardinha 2020 é a criação de um plano de gestão para a pesca do cerco da sardinha e tecer recomendações para a gestão das principais espécies capturadas por esta arte de pesca.
O período de intervenções, dedicado ao tema “Projetos de investigação e inovação em recursos ligados ao mar”, terminou com o contributo de Isabel Ventura, subdiretora-geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos.
Isabel Ventura aflorou questões relacionadas com o setor da aquicultura, nomeadamente na região de Setúbal, destacando que os atuais 55 estabelecimentos em atividade na Península de Setúbal são responsáveis pela produção de 900 toneladas de peixe e moluscos, ou seja, 10 por cento da produção nacional.
“A aquicultura vai constituir um importante contributo para abastecer o mercado no futuro, mediante as crescentes dificuldades associadas à captura tradicional de pescado”, sublinhou.
A responsável salientou, ainda, alguns projetos em desenvolvimento na Península de Setúbal e que a Direção-Geral apoia devido à inovação, nomeadamente para produção de ostras de forma sustentável, medição da qualidade ambiental ao nível local e produção de pepinos em água.
Com palestras, visitas a embarcações ao navio-escola Sagres, à caravela Vera Cruz e ao navio de investigação Mar Portugal, passeios em barcos tradicionais, batismos de mar, estabelecimentos de street food, concertos e fogo de artifício, a Semana do Mar está a decorrer até dia 14, na zona do Cais 2 do Porto de Setúbal, na frente ribeirinha da cidade.

Agência de Notícias com Câmara de Setúbal 

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