Ponte entre o Seixal e Barreiro na "corda bamba"

Autarcas divididos na construção da ponte clicável que ia unir os dois municípios 

A vereação da Câmara do Seixal subscreveu, por unanimidade, a tomada de posição que reclama a construção da Ponte Pedonal e Ciclável Seixal-Barreiro. Este documento reitera a necessidade absoluta de concretização desta ponte para a ligação pedonal e ciclável entre o Seixal e o Barreiro, conforme compromisso escrito assumido entre os dois municípios, em 2017, fundamental para aproximar os dois municípios, facilitar a circulação das suas populações, bem como garantir as ligações de atividades económicas à rede local, regional, nacional e internacional. O documento teve o "voto favorável" dos socialistas do Seixal mas, no Barreiro, a autarquia, gerida pelo PS, já fez saber que é preciso “reequacionar o projecto”.  Em causa está a "derrapagem" do custo inicial da obra em mais dois milhões de euros. 
Seixal reclama ainda uma ponte rodoviária 

A decisão foi tomada na reunião de Câmara e esteve em suspense até ao fim o debate. Durante a discussão os quatro vereadores socialistas ‘esconderem’ qual a sua posição. Mas votaram a favor apesar da autarquia Câmara do Barreiro [gerida pelo PS] ter recuado na intenção de fazer a obra. Frederico Rosa, que ao ser confrontado com o inesperado aumento do custo desta ligação em mais de dois milhões de euros, passou por cima do protocolo assinado por Joaquim Santos, presidente da Câmara do Seixal, e o então presidente do município do Barreiro, Carlos Humberto, e veio dizer que tem de “reequacionar o projecto”.
Para Joaquim Santos, "este investimento é uma prioridade, pois trata-se de uma infraestrutura que facilitará a deslocação dos nossos munícipes, tendo em conta que os dois concelhos estão a cerca de 800 metros de distância em linha reta, contudo, sem esta ponte, essa distância aumenta para 13 quilómetros. Estamos disponíveis para resolver e ultrapassar qualquer constrangimento que possa surgir no âmbito da concretização deste projeto, tendo em conta que se trata de uma infraestrutura de extrema importância na mobilidade do concelho e que liga as zonas ribeirinhas do Seixal, Arrentela e Amora ao centro do Barreiro".
Para o autarca, os eleitos do PS no Seixal "estão a ‘barreirizar-se’ em vez de defenderem os interesses da nossa população”, sublinha o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos. Os autarcas socialistas confessam-se “a favor” da construção desta ligação entre os dois concelhos, mas entendem as razões do executivo do Barreiro sobre existirem outras prioridades.
"Todos concordamos que se faça a ponte na rede suave de mobilidade, mas uma coisa é custar quatro milhões de euros e, por erro do projecto, ascender para seis milhões de euros”, disse o socialista Marco Teles, em reunião pública.
Para além da ponte pedonal e ciclável, a tomada de posição da Câmara do Seixal, exige que o Governo avance com a ponte rodoviária entre os dois concelhos, inscrita no Plano Rodoviário 2000, conforme está previsto no Plano Rodoviário e no contrato de concessão do Metro Sul do Tejo.

As razões do Barreiro para não avançar na ponte 
Em Junho de 2017 os dois presidentes, ambos da CDU, assumiam construir esta ligação dividindo verbas municipais. Seriam quatro milhões de euros, tendo dois milhões de comparticipação.
E porque o Barreiro mudou de ideia em ligação à ponte? Diz o presidente da Câmara do Barreiro  “por erro de projecto, e antes de sair do papel, a obra verifica já uma derrapagem de 100 por cento, apenas no que respeita ao município do Barreiro, passando dos anunciados cerca de 850 mil euros de investimento, não comparticipado, para  um milhão e 850 euros, aproximadamente”. O valor total da obra de “quatro milhões de euros passa para seis milhões de euros”.
Frederico Rosa “não põe em causa o mérito do projecto, mas não abdica de gerir com rigor os dinheiros públicos confiados à Câmara do Barreiro, sabendo que no concelho existem outras prioridades ao nível de mobilidade, que carecem de resolução, tal como a zona da Recosta e o acesso ao Terminal rodo-ferro-fluvial”, disse o autarca citado pelo jornal O Setubalense/Diário da Região.
Devido a isso, explica o autarca do Barreiro, a “vontade que a Câmara tem em efectuar esta ligação não pode nunca toldar a capacidade de decidir com critério, protegendo o interesse e os dinheiros públicos, e de hipotecar a capacidade de investimento do município”, sublinha o autarca do Barreiro.
Recorde-se que a Administração do Porto de Lisboa (APL) recusou o projecto da ponte alegando que esta tinha de ser elevada mais 20 metros, passando para os 60 metros para assegurar a passagem de certos navios. Uma avaliação que o vereador comunista Joaquim Tavares chamou de ‘burricracia’, é que os maiores navios que vão passar por debaixo da ponte são os da Soflusa, e estes passam”. Para o vereador da CDU a verdadeira razão é que "o Governo socialista não quer esta ponte".

Agência de Notícias 

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