Elisabete Jacinto vence pela primeira vez um dos ralis mais difíceis do mundo
"Quando foi dada a partida para os camiões fizemos um bom arranque e andámos bem. Mas, o Ginaf depressa nos apanhou e acabámos em quarto da categoria. No entanto, como sempre foi uma especial gira, muito alegre e com toda a gente a festejar o facto de ter chegado ao fim. Tivemos imensos portugueses aqui à chegada que nos fizeram uma festa imensa com direito a champanhe e tudo. Estamos muito felizes com o que fizemos nesta prova. Recebemos um troféu enorme e pesado e não cabemos em nós com tanto orgulho. Foram 16 anos de trabalho para chegarmos a este dia. Tudo isto é fruto de muito trabalho, empenho e dedicação e por isso a vitória sabe ainda melhor", contou Elisabete Jacinto, depois de ter vencido o mais difícil rali do mundo.
O trio português, composto por Elisabete Jacinto, José Marques e Marco Cochinho, acrescentou ao seu currículo o sexto pódio alcançado nesta grande competição, em 10 participações.
“Elisabete Jacinto alimentava há já vários anos o objetivo de vencer o Africa Eco Race, já que na sua carreira já tinha triunfos em importantes corridas internacionais como o Rali de Marrocos ou o Rali da Tunísia. Em 2000, quando ainda competia de mota, venceu também a taça das senhoras no rali Dakar Cairo, feito que repetiria em 2001”, lê-se no comunicado.
Nesta edição do África Eco Race, a equipa portuguesa alcançou também o seu melhor resultado de sempre na classificação conjunta com os automóveis ao conquistar o quinto lugar da geral.
A 11.ª edição do África Eco Race coroou o francês Jean Pierre Strugo com o primeiro lugar da classificação geral nos automóveis e o italiano Alessandro Botturi venceu nas motas.
Elisabete Jacinto está “muito feliz" por ter sido a primeira mulher a vencer a África Eco Race, prova automóvel todo-o-terreno sucessora do Rali Dakar no continente africano, ao volante de um camião. "Se há coisa que chateia os meus adversários é ficar à frente deles, por ser mulher. Muitas vezes, na oficina, os mecânicos não me levavam a sério e, por via disso, cheguei a ter problemas. Tenho claro que se fosse homem tinha muitas facilidades. Mas se a minha vitória inspirar as mulheres a sentirem-se mais curiosas e a experimentarem o desporto, fico muito contente”, disse a piloto do Montijo em entrevista à PopularFM, em Novembro do ano passado.
Elisabete Jacinto nasceu no Montijo em 1964 e teve uma infância igual à de tantas outras meninas. “Sou de uma família muito tradicional. Enquanto criança brincava com bonecas, bordados, actividades muito femininas. O facto de a minha educação ter sido assim, carregou-me de medos e inseguranças. Quando comecei a andar de moto, percebi que esses medos eram imaginários”.
Fez toda a educação no Montijo, antes de se mudar para Lisboa, onde tirou a licenciatura em Geografia. Começou a dar aulas ainda antes de terminar o curso, função que desempenhou até 2003. Foi apenas com 27 anos que a piloto teve o primeiro contacto com o mundo das corridas, através de uma revista da especialidade: “Estava com o meu marido Jorge, em Lisboa, e ele pegou numa revista e sugeriu que tirássemos a carta de moto. Nessa altura, nem a carta de carro tinha. Por brincadeira comprámos uma moto e decidimos fazer um passeio. Foi assim que tudo começou”.
A compra impulsiva abriu a porta do universo motorizado a Elisabete que, em 1992, participou na primeira prova, a Grândola 300: “Não cheguei a acabar. Num dos rios caí, não consegui levantar a moto da água. Mas, no fim da corrida, a pessoa mais feliz era eu porque fiz mais do que alguma vez pensei”.
O “bichinho” foi crescendo e Elisabete tomou uma decisão que mudaria a sua vida: participar no Rali Paris Dakar. A primeira tentativa não correu bem, com a portuguesa a desistir a meio da prova. Tentou novamente, com o mesmo resultado. “As motas exigiam imenso. Achava que as pessoas não reconheciam o meu esforço. Fiz o Dakar em péssimas condições. E depois pensei em começar a fazer camião”.
Elisabete Jacinto, do Montijo, tornou-se a primeira mulher a vencer uma prova de todo o terreno ao volante de um camião. A alemã Jutta Kleinshmidt conquistou a edição de 2001 do Paris Dakar, mas em automóveis. Foi a primeira vitória em dez participações no África Eco Race, depois dos segundos lugares alcançados em 2011 e 2012, e o terceiro grande troféu internacional depois das vitórias nos ralis de Marrocos e da Tunísia. Na etapa da consagração, realizada nas margens do Lago Rosa, em Dakar, o MAN de Elisabete Jacinto, José Marques e Marco Cochinho despediu-se com um quarto lugar. "Se há coisa que chateia os meus adversários é ficar à frente deles, por ser mulher”, disse a piloto do Montijo em entrevista à PopularFM, em Novembro do ano passado.
Primeira mulher a vencer uma prova em camião |
"Quando foi dada a partida para os camiões fizemos um bom arranque e andámos bem. Mas, o Ginaf depressa nos apanhou e acabámos em quarto da categoria. No entanto, como sempre foi uma especial gira, muito alegre e com toda a gente a festejar o facto de ter chegado ao fim. Tivemos imensos portugueses aqui à chegada que nos fizeram uma festa imensa com direito a champanhe e tudo. Estamos muito felizes com o que fizemos nesta prova. Recebemos um troféu enorme e pesado e não cabemos em nós com tanto orgulho. Foram 16 anos de trabalho para chegarmos a este dia. Tudo isto é fruto de muito trabalho, empenho e dedicação e por isso a vitória sabe ainda melhor", contou Elisabete Jacinto, depois de ter vencido o mais difícil rali do mundo.
“Foi um dia histórico para o desporto motorizado internacional pois é a primeira vez que uma mulher vence uma longa maratona de todo-o-terreno ao volante de um camião. A alemã Jutta Kleinshmidt foi pioneira entre os automóveis, ao vencer em 2001 o Paris Dakar aos comandos de um Mitsubishi. Agora Elisabete Jacinto torna-se precursora nos camiões”, destacou em comunicado a assessoria de imprensa da piloto.
A piloto portuguesa tem no seu historial vários triunfos entre os T4 (camiões) nas mais diversas provas africanas (Rali de Marrocos e Rali da Tunísia), mas nesta longa maratona de todo-o-terreno, uma das maiores da atualidade, a sua melhor classificação tinha sido até agora o segundo lugar da classe que alcançou em dois anos consecutivos, 2011 e 2012.O trio português, composto por Elisabete Jacinto, José Marques e Marco Cochinho, acrescentou ao seu currículo o sexto pódio alcançado nesta grande competição, em 10 participações.
“Elisabete Jacinto alimentava há já vários anos o objetivo de vencer o Africa Eco Race, já que na sua carreira já tinha triunfos em importantes corridas internacionais como o Rali de Marrocos ou o Rali da Tunísia. Em 2000, quando ainda competia de mota, venceu também a taça das senhoras no rali Dakar Cairo, feito que repetiria em 2001”, lê-se no comunicado.
Nesta edição do África Eco Race, a equipa portuguesa alcançou também o seu melhor resultado de sempre na classificação conjunta com os automóveis ao conquistar o quinto lugar da geral.
A 11.ª edição do África Eco Race coroou o francês Jean Pierre Strugo com o primeiro lugar da classificação geral nos automóveis e o italiano Alessandro Botturi venceu nas motas.
A mulher que chateia os homens no deserto
Elisabete Jacinto é uma mulher no mundo de homens |
Elisabete Jacinto nasceu no Montijo em 1964 e teve uma infância igual à de tantas outras meninas. “Sou de uma família muito tradicional. Enquanto criança brincava com bonecas, bordados, actividades muito femininas. O facto de a minha educação ter sido assim, carregou-me de medos e inseguranças. Quando comecei a andar de moto, percebi que esses medos eram imaginários”.
Fez toda a educação no Montijo, antes de se mudar para Lisboa, onde tirou a licenciatura em Geografia. Começou a dar aulas ainda antes de terminar o curso, função que desempenhou até 2003. Foi apenas com 27 anos que a piloto teve o primeiro contacto com o mundo das corridas, através de uma revista da especialidade: “Estava com o meu marido Jorge, em Lisboa, e ele pegou numa revista e sugeriu que tirássemos a carta de moto. Nessa altura, nem a carta de carro tinha. Por brincadeira comprámos uma moto e decidimos fazer um passeio. Foi assim que tudo começou”.
A compra impulsiva abriu a porta do universo motorizado a Elisabete que, em 1992, participou na primeira prova, a Grândola 300: “Não cheguei a acabar. Num dos rios caí, não consegui levantar a moto da água. Mas, no fim da corrida, a pessoa mais feliz era eu porque fiz mais do que alguma vez pensei”.
O “bichinho” foi crescendo e Elisabete tomou uma decisão que mudaria a sua vida: participar no Rali Paris Dakar. A primeira tentativa não correu bem, com a portuguesa a desistir a meio da prova. Tentou novamente, com o mesmo resultado. “As motas exigiam imenso. Achava que as pessoas não reconheciam o meu esforço. Fiz o Dakar em péssimas condições. E depois pensei em começar a fazer camião”.
A primeira experiência no veículo pesado correu mal, mas Elisabete percebeu que seria ali, naquela categoria, que triunfaria: “Tive a minha primeira tentativa no camião e foi um desastre. Mas soube que seria muito mais competitiva do que nas motos”. O palpite foi certeiro e a piloto portuguesa foi somando vários triunfos ao longo da carreira.
“Houve várias coisas que contribuíram para o resultado diferente deste ano. Em primeiro lugar, os aspectos técnicos no camião: o motor, os amortecedores e as jantes de alumínio. Com esse tipo de melhorias consegui fazer as zonas de areia mole sempre a andar, não precisando de escavar”.
A piloto do Montijo destaca também o forte trabalho de uma equipa composta por José Marques e Marco Cochinho que, por ser mista, oferece outras vantagens. “O facto de termos diferentes visões, ajuda. Foi o que nos ajudou a ultrapassar outras equipas com mais dinheiro do que a nossa”, disse a piloto ao jornal Público.
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