Seixal diz que conflito na Jamaica foi “caso pontual”

Principal preocupação dos moradores é a conclusão do processo de realojamento 

A vereadora da Habitação na Câmara do Seixal afirmou que os moradores no bairro de Vale de Chícharos (conhecido pelo Bairro da Jamaica) são pessoas pacíficas e trabalhadoras e que o incidente com a polícia foi um caso pontual. Manuela Calado disse não ter conhecimento de outros incidentes recentes naquele bairro e considerou que está a haver “algum empolamento” do incidente e também algum “aproveitamento” por parte de pessoas que nada têm a ver com o bairro da Jamaica. O Presidente da República admitiu a possibilidade de ir visitar o Bairro na Jamaica, no Seixal, palco da polémica intervenção policial no passado dia 20 de Janeiro. Pela segunda noite consecutiva, os bombeiros foram chamados a apagar chamas, ateadas propositadamente a contentores do lixo e ecopontos nas ruas do concelho. 
Moradores só pensam em sair da Jamaica 


Para a vereadora da Câmara do Seixal, a principal preocupação dos moradores é a conclusão do processo de realojamento e não a organização de manifestações, das quais já se demarcaram.
“A Comissão de Moradores já se demarcou [da manifestação], até porque o incidente que aqui ocorreu no passado fim de semana foi uma coisa pontual. Há muitos anos que nós não temos relato de problemas aqui no bairro. As pessoas que aqui vivem são pacíficas, trabalhadoras. O que querem é que os seus filhos possam ter melhores condições de vida do que eles têm. É um processo que a Câmara do Seixal que continuar a fazer com a comissão e com todos os moradores”, disse.
“Já realojámos o lote 10. Estamos a iniciar todos os procedimentos para o lote 13, com 38 famílias, e pensamos que podemos fazer, ao mesmo tempo, o realojamento dos lotes 14 e 15. O processo de realojamento deverá decorrer até 2022, mas, se puder ser feito mais cedo, tanto melhor, para a Câmara Municipal, para os moradores, para todos”, acrescentou Manuela Calado.
A vereadora da Habitação na Câmara do Seixal acredita também que o processo de realojamento das famílias que vivem no bairro da Jamaica será “exemplar”, até porque foi seguida uma nova estratégia que visa promover uma maior inclusão social das famílias.
“Não quisemos construir um novo bairro de habitação social, retirar estas pessoas daqui e colocá-las nesse novo bairro social, porque isso ia fomentar novos guetos. Para que haja uma inclusão social destas famílias, elas que têm que ir viver na comunidade. A estratégia deste projecto foi procurar habitações disponíveis no mercado, dentro dos requisitos exigidos por lei”, conclui Manuela Calado.

Marcelo admite visitar Bairro da Jamaica 
O Presidente da República admitiu a possibilidade de ir visitar o Bairro na Jamaica, no Seixal, palco da polémica intervenção policial no passado dia 20 de Janeiro.
“Não é uma impossibilidade lá ir [Bairro da Jamaica] mais dia, menos dia, como tenho estado em inúmeros bairros na Área Metropolitana de Lisboa e do Porto”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa numa entrevista à agência Lusa.
Ainda sobre o que se passou naquela zona do Seixal, o chefe de Estado sublinhou que não se devem fazer generalizações, porque há “factos singulares que merecem investigação e responsabilização, nomeadamente criminal”, que deverá ser feita, “quanto mais rápido melhor”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, a questão que importa reter é a de que “radicalismo atrai radicalismo”. “Aquilo que temos de evitar na sociedade portuguesa é que, precisamente através de uma radicalização no tratamento destas e de outras questões, acabar por sacrificar o tecido social em termos de coesão, porque se acaba por semeando ventos colher-se tempestades”, acrescentou.

Vandalismo em duas noites seguidas no concelho do Seixal 
Pela segunda noite consecutiva, os bombeiros do Seixal foram chamados a apagar chamas, ateadas propositadamente a contentores do lixo e ecopontos nas ruas do concelho. Na noite deste domingo, o alvo foi um ecoponto instalado na Rua Alves Redol, em Miratejo.
Os bombeiros do Seixal foram alertados por volta das 23h30 e as chamas foram rapidamente extintas, revela fonte da corporação.
No sábado, seis ecopontos localizados na mesma rua na localidade de Corroios, arderam durante a madrugada, em duas ocorrências distintas, revelou à agência Lusa a Protecção Civil.
O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal explicou que, às 0h35, os bombeiros receberam alerta para a primeira ocorrência, um incêndio que destruiu três ecopontos.
Por volta das duas da madrugada, os bombeiros foram mobilizados para a outra ocorrência, em que mais três ecopontos arderam, na mesma rua de Corroios, acrescentou o CDOS.
Em ambos os casos, "as chamas foram extintas e não se propagaram" à zona envolvente, frisou o CDOS.
Para cada um dos incidentes, explicou, foram mobilizados cinco operacionais, apoiados por duas viaturas, incluindo os meios dos bombeiros e da PSP.
Uma moradora partilhou no Facebook um vídeo que mostra as chamas e pergunta: "Até quando?".
Contactados pela Lusa, tanto o Comando de Setúbal como a Direcção Nacional da PSP escusaram-se a prestar quaisquer esclarecimentos sobre esta situação.
Ao longo desta semana têm havido relatos de caixotes do lixo, ecopontos e também viaturas incendiadas nos distritos de Lisboa e Setúbal. 

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