Urgência do hospital em risco de fechar diz sindicato

SIM denuncia “graves limitações” nas urgências do Garcia de Orta e alerta para “sério risco” de encerramento

O Sindicato Independente dos Médicos  denuncia “graves limitações” no Serviço de Urgência Geral no Hospital Garcia de Orta, em Almada, tal como na Urgência de Pediatria. E alerta para o “sério risco” no encerramento das urgências. Sindicato critica ainda o reduzido número de médicos especialistas em medicina interna e saída de outras especialidades do Serviço de Urgência Geral com perda da “desejada multidisciplinariedade na abordagem aos doentes”. O sindicato deixa o alerta: “se nada for feito será impossível garantir a manutenção do Serviço de Urgência Geral 24 horas diariamente” e que o sindicato responsabiliza a direção clínica e o conselho de administração por esse facto, tal como os responsabiliza pela manutenção do encerramento do serviço de urgência de Pediatria durante a noite. o Hospital Garcia de Orta é os hospital de referência de uma população de cerca de 400 mil pessoas de Almada e Seixal. 
Urgência perto do caos em Almada alerta sindicato


“As dificuldades de resposta do Serviço Nacional de Saúde à pandemia covid-19 são uma realidade incontornável, fruto da degradação das condições físicas, da falta de investimento, de más políticas de recursos humanos e da exaustão dos médicos e de outros profissionais de saúde”, avançou o Sindicato Independente dos Médicos nesta segunda-feira, realçando que no Hospital Garcia de Orta, o Serviço de Urgência Geral “é disso reflexo”.
Em comunicado, o sindicato explica que ao nível do espaço, este é “muito reduzido e de difícil ajuste nesta fase em que se torna necessária a criação de circuitos autónomos para doentes respiratórios e não-respiratórios”. E alerta para o “reduzido número de médicos especialistas em Medicina Interna e saída de outras especialidades do serviço de urgência com perda da desejada multidisciplinariedade na abordagem aos doentes”.
O sindicato dá ainda conta, em comunicado, de “exaustão” dos médicos e de “uma ausência de estratégia e de capacidade de ouvir as sugestões por parte do director clínico, reduzindo as potencialidades de um Hospital que no passado foi uma referência e termo de comparação com a gestão privada ou das parcerias público privadas”.
Segundo o sindicato, esta realidade tem vindo a ser denunciada pelos chefes de equipa de urgência, sobretudo, realça, “porque esta situação se reflecte na diminuição da qualidade dos cuidados prestados e na falta de segurança para doentes, médicos e outros profissionais de saúde”.
O Sindicato Independente dos Médicos recorda que o Garcia de Orta é um hospital central, com um serviço de urgência geral polivalente, com uma afluência média de 300 doentes por dia e com uma área de influência directa de quase 400 mil habitantes, nos concelhos de Almada e Seixal, acrescentando que existem recomendações acerca do número mínimo de médicos e diferenciação das equipas, emanadas pela Ordem dos Médicos, que, diz, “não são de todo cumpridas”.
Sindicato aponta falhas na urgência 
De acordo com o sindicato, a 2 de Setembro de 2020, os médicos especialistas e internos de medicina interna, depois de “ultrapassarem em muito o número” de horas obrigatórias legalmente estipuladas, “apresentaram a sua indisponibilidade para prestar mais trabalho suplementar como forma de protesto pelo agravamento das condições de segurança gerado pela reestruturação das equipas médicas de urgência imposta pela direção clínica”.
Com a ampliação da urgência geral para responder às necessidades da actual pandemia, o Sindicato Independente dos Médicos estima-que sejam necessários por turno no mínimo cinco médicos especialistas ou equiparados mas, realça, “até à presente data, não estão formalizadas quaisquer soluções e as escalas apresentadas são constituídas, na maioria dos dias, por apenas dois médicos especialistas”.
O sindicato vem assim "denunciar esta situação dramática que se reflete na qualidade do trabalho médico e de saúde prestado à população. Apesar de nos encontrarmos neste período de pandemia, não é admissível oferecer aos utentes, nesta altura de maior necessidade, cuidados prestados por equipas altamente desgastadas, com número insuficiente de médicos especialistas, médicos esses com horas de trabalho suplementar já prestadas muito para além do admissível, traduzindo-se em menor qualidade de serviço e em extraordinária falta de segurança", frisa o sindicato.
E deixa o alerta: “se nada for feito será impossível garantir a manutenção do Serviço de Urgência Geral 24h diariamente” e que o sindicato responsabiliza a direção clínica e o conselho de administração por esse facto, tal como os responsabiliza pela manutenção do encerramento do serviço de urgência de Pediatria durante a noite.

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