Antigas fábricas e bairros da CUF são agora património nacional
É o berço de um dos maiores grupos industriais de sempre em Portugal, fundado por Alfredo da Silva, em 1865. Chegou a empregar 11 mil operários e muitos tinham habitação oferecida pelo empresário. Agora, o Governo acaba de classificar como conjunto de interesse público os imóveis ligados à atividade industrial e à obra social da Companhia União Fabril - a CUF -, no Barreiro. A Casa-Museu Alfredo da Silva, a antiga sede do Grupo Desportivo da CUF, o antigo Posto da GNR, os edifícios da Primeira Geração Stinville, os silos de sulfato de amónio e de enxofre, o Bairro Operário de Santa Bárbara, a antiga Central Diesel [agora museu industrial da cidade] e o Mausoléu de Alfredo da Silva são alguns dos edifícios que agora são de interesse nacional. Para a Baía do Tejo, que agora gere o espaço, considera que esta classificação "é o reconhecimento da identidade e da qualidade arquitetónica dos edifícios que fazem parte deste legado do antigo complexo fabril".
Bairro Operário de Santa Bárbara é de interesse público |
Um conjunto de imóveis ligados à atividade industrial e à obra social da Companhia União Fabril (CUF), no concelho do Barreiro, foram classificados esta segunda-feira como Conjunto de Interesse Público, por despacho da Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Carvalho Ferreira.
De acordo com o documento, foram classificados espaços como a Casa-Museu Alfredo da Silva, o antigo Posto da GNR, os edifícios da Primeira Geração Stinville (1907-1917), para além da antiga Central a Vapor e do Armazém de Descarga e Moagem de Pirites. Ao leque de sítios enumerados pelo decreto, junta-se ainda o Bairro Operário de Santa Bárbara, a antiga sede do Grupo Desportivo da CUF e o Mausoléu de Alfredo da Silva, na mesma altura em que estão a ser assinalados os 150 anos do seu nascimento.
O Silo de Sulfato de Amónio, datado de 1952, e o Silo de Enxofre, dos inícios da década de 60, para além do Museu Industrial e Centro de Documentação (antiga Central Diesel – 1928/37), que desde 2010 recebeu mais de 17 mil visitantes, são outros dos imóveis que obtiveram classificação por parte da Direcção-Geral do Património Cultural.
Neste âmbito, foram fixados um conjunto de restrições relativas à volumetria, morfologia, alinhamentos e cérceas, cromatismo e revestimento exterior destes edifícios, tendo sido criados seis zonamentos naquela área. No contexto da instrução do procedimento de classificação, a Direcção-Geral do Património Cultural, em articulação com a Câmara do Barreiro, procedeu ainda ao estudo das “restrições consideradas adequadas, que obtiveram parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura e foram sujeitas a audiência dos interessados em termos do Código do Procedimento Administrativo”.
Neste âmbito, foram fixados um conjunto de restrições relativas à volumetria, morfologia, alinhamentos e cérceas, cromatismo e revestimento exterior destes edifícios, tendo sido criados seis zonamentos naquela área. No contexto da instrução do procedimento de classificação, a Direcção-Geral do Património Cultural, em articulação com a Câmara do Barreiro, procedeu ainda ao estudo das “restrições consideradas adequadas, que obtiveram parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura e foram sujeitas a audiência dos interessados em termos do Código do Procedimento Administrativo”.
100 anos que mudou a indústria em Portugal
Instalada no Barreiro desde 1907, a CUF representa para Portugal “pioneirismo e gigantismo no seio das indústrias químicas nacionais, tendo criado sinergias para o desenvolvimento de fábricas congéneres”. A proximidade das vias de circulação, entre o rio Tejo e a estação de caminho-de-ferro do Sul, terá sido preponderante para a instalação do complexo naquela área, tendo em conta que as ligações ferroviárias eram fundamentais para “receber a maioria das matérias-primas provenientes das minas de pirite do Alentejo”, realça o texto da Direcção-Geral do Património Cultural.
Ao ocupar parte da extremidade da península daquele concelho, a CUF “conquistou todo esse território através de um rápido processo de aterros, sedimentando um dos maiores conjuntos industriais portugueses, que laborou cerca de 100 anos”, diz o documento publicado.
Para a Direcção-Geral do Património Cultural, o conjunto “mantém ainda hoje arquiteturas autênticas e de relevante valor histórico e cultural e social, testemunhando diversas fases de produção e de laboração de um dos maiores complexos industriais europeus e dos mais significativos enquanto património industrial português”, incluindo toda uma série de equipamentos de natureza social.
Ao ocupar parte da extremidade da península daquele concelho, a CUF “conquistou todo esse território através de um rápido processo de aterros, sedimentando um dos maiores conjuntos industriais portugueses, que laborou cerca de 100 anos”, diz o documento publicado.
Para a Direcção-Geral do Património Cultural, o conjunto “mantém ainda hoje arquiteturas autênticas e de relevante valor histórico e cultural e social, testemunhando diversas fases de produção e de laboração de um dos maiores complexos industriais europeus e dos mais significativos enquanto património industrial português”, incluindo toda uma série de equipamentos de natureza social.
Um espaço de investimento para as indústrias criativas
A Administração do Parque Empresarial Baía do Tejo, que gere o espaço, considera que esta classificação “é o reconhecimento da identidade e da qualidade arquitetónica dos edifícios que fazem parte deste legado do antigo complexo fabril, que é hoje gerido pela empresa, para garantir a salvaguarda de alguns espaços que Direcção-Geral do Património Cultural e o nosso parque considerou relevante proteger”, dado que traz “mais notoriedade ao território, mas também mais responsabilidade”.
Para a Baía do Tejo, esta classificação está “alinhada com o que tem sido a estratégia da empresa em relação aos vários edifícios, alguns deles a serem utilizados atualmente por clientes, pelo que tem havido um investimento por parte da Baía do Tejo na reabilitação dos imóveis, numa perspetiva de garantir a sua integridade, mas também de valorizá-los para a atividade económica e outras funções”.
Para a Baía do Tejo, esta classificação está “alinhada com o que tem sido a estratégia da empresa em relação aos vários edifícios, alguns deles a serem utilizados atualmente por clientes, pelo que tem havido um investimento por parte da Baía do Tejo na reabilitação dos imóveis, numa perspetiva de garantir a sua integridade, mas também de valorizá-los para a atividade económica e outras funções”.
Mas a Baía do Tejo quer ir mais longe. “É importante a continuada atracão da atividade económica, pois permite a reabilitação dos edifícios e manter o pulsar económico neste território onde estão instaladas 240 empresas, que mantém a sua identidade com ações muito variadas, o que é essencial para trazer vida a esta zona, numa perspetiva de abertura à cidade”. O mural da autoria do artista Vhils que é neste momento “um pólo de atracão a esta área”.
Lembre-se, a Baía do Tejo tem apostado na atracão de investimento para as indústrias criativas e do conhecimento. É nesta zona do Barreiro que se encontram diversos arquivos, a própria Fundação Amélia de Mello, a Ephemera, o Espaço Memória da Câmara Municipal, bem como uma dezena de empresas das áreas criativas e artísticas, tais como o Coletivo SPA, o PADA Studios, a Hey Pachuco e o VHILS Estúdio, para além da presença do estúdio de Guta de Carvalho, entre muitos outros.
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