Criança vivia em casa cheia de lixo e excrementos em Quinta do Conde

Criança foi institucionalizada, mãe e avó foram internadas no hospital de Setúbal

Sujidade e excrementos por todo o lado, com cães e gatos muito magros fechados em armários. Um cenário de horror e risco para a saúde pública encontrado pelas autoridades, na semana passada, numa vivenda na Quinta do Conde, concelho de Sesimbra, na qual viviam duas mulheres, de 23 e 50 anos, e uma criança, de cinco. A criança foi institucionalizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. No vídeo gravado pela empresa contratada para fazer a limpeza da habitação - Deathclean - é possível ver a dimensão do problema. Na casa estavam ainda animais mortos e 26 gatos, que foram resgatados da casa, estão a ser tratados nos serviços veterinários de Sesimbra. 
Vivenda estava inundada de lixo e excrementos

Uma mulher, a mãe, e uma criança de cinco anos viviam numa vivenda na Quinta do Conde, no concelho de Sesimbra, num estado de falta de higiene difícil de descrever por palavras. O que do lado de fora parece uma casa 'normal', era na realidade, dentro de portas, um amontoado de lixo, desarrumação e excrementos de animais, um ambiente considerado de risco para a saúde pública. No vídeo gravado pela empresa contratada para fazer a limpeza da habitação - Deathclean - é possível ver a dimensão do problema. Na casa estavam ainda animais mortos e 26 gatos, que foram resgatados da casa, estão a ser tratados nos serviços veterinários de Sesimbra. 
A limpeza do local foi pedida pelo dono da casa, que vive no estrangeiro há vários anos e que desconhecia o que ali se passava, refere a SIC, dando conta que, depois da intervenção da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens local, o menor ficou institucionalizado, enquanto a mãe e a avó foram internadas no hospital São Bernardo, em Setúbal.
Pedro Badoni, da Deathclean, diz que esta situação na Quinta do Conde terá sido a pior que alguma vez lidou nos 13 anos de existência da empresa. "É uma casa de três pisos, onde encontramos muita insalubridade, muitos dejetos de animais, humanos, muita desarrumação. Não é nenhum espaço onde alguém possa estar. Toda a casa está num estado muito elevado de [falta de] saúde pública", disse.
Um vizinho conta que era notória a situação "complicada" desta família, em que a relação entre as duas adultas, mãe e filha, não seria a melhor. 
Mário Vasconcelos diz que foram feitas algumas queixas à PSP, identificando-se na última "porque tinha de ser". "Tinham animais mortos na varanda. (...) A nossa preocupação era a criança, que nunca vimos".

Lentidão "inexplicável" das autoridades
O psicólogo Mauro Paulino, em entrevista no Primeiro Jornal da SIC sobre o caso da família que vivia em condições desumanas na Quinta do Conde, explicou que existe uma lei de proteção de crianças e jovens em perigo que prevê a retirada imediata da criança.
"Creio que não há dúvidas de que estaria num contexto de perigo. O estado emocional da criança que viveu naquele ambiente preocupa-me", disse.
O especialista explica que as autoridades que se deslocaram ao local tinham a obrigação de saber "os mecanismos que a lei oferece" e ativá-los "imediatamente". Defende também que neste caso houve uma lentidão "inexplicável" das autoridades.
Mãe, filha e neto viviam em vivenda cheia de lixo, excrementos e animais na Quinta do Conde
Mauro Paulino salienta que continua a haver uma desvalorização da saúde mental, uma vez que estes comportamentos "não começam de um momento para o outro".
"Este tipo de comportamento é altamente sugestivo daquilo que é chamado de perturbação de acumulação, que tem outras doenças mentais muitas associadas, como uma perturbação depressiva ou de ansiedade, que gera sofrimento na pessoa em desfazer-se de uma série de bens, de objetos", explica.

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