Dores Meira confirma que será candidata pela CDU a Almada

PCP ainda não oficializou candidatura mas autarca sadina quer governar o concelho perdido para PS

Em 2017, uma das maiores surpresas das eleições autárquicas foi a passagem para o PS que era gerida, desde as primeiras eleições em democracia, pela CDU. Inês de Medeiros chegou e "derrubou" o candidato comunista, Joaquim Judas, com 463 votos a mais. Uma perda "terrível" para os comunistas que, naquela noite, perderam a gestão de um dos maiores bastiões da CDU no poder local. Em 2021, os comunistas querem recuperar o poder e apresentam um trunfo: Maria das Dores Meira, que gere a Câmara de Setúbal desde o verão de 2006. A confirmação foi dada por Maria das Dores Meira em entrevista ao Diário de Notícias de uma forma indireta: questionada sobre se o PCP já aprovara a sua candidatura depois de ter afirmado publicamente que gostava de ser candidata a Almada, a autarca respondeu “o meu partido já disse que me apoia. Está tudo dito”. Diz que aceitou porque foi desafiada por "personalidades do concelho" e promete - em caso de vitória - "mudar muito a cidade", como diz ter feito em Setúbal.  
Autarca em fim de mandato em Setúbal quer governar Almada

A atual presidente da Câmara de Setúbal, que cumpre o terceiro mandato seguido [apesar de ter quase 15 anos no poder em Setúbal, após a renuncia de Carlos de Sousa em desacordo com o PCP, que foi eleito presidente] e por isso não se pode recandidatar à autarquia, será a candidata da CDU a Almada, para enfrentar a socialista Inês de Medeiros. 
Maria das Dores Meira conta que mora em Almada desde os 12 anos, já lá vão 52, e que a candidatura a Setúbal aconteceu porque tinha ali dois escritórios e uma casa de fim-de-semana. “Gosto da causa pública, de estar com as pessoas, (...) de ajudar a resolver os problemas das pessoas. Houve uma série de personalidades de Almada que me desafiaram e eu no princípio disse ‘já chega’, mas as pessoas diziam ‘ainda está aí com muita pedalada, com muita vontade, com muita capacidade, vamos embora a isto’”. 
Embora não aponte ainda prioridades para resolver em Almada - que os socialistas roubaram aos comunistas em 2017, numa vitória inesperada de Inês de Medeiros -, a autarca diz ver no centro da cidade “muita coisa a continuar a não ser resolvida”. “A CDU fez um trabalho fantástico para quem conheceu a cidade nos anos 70 e inícios dos anos 80, e o que é hoje Almada deve muito, sem sombra de dúvida, à CDU. Muito trabalho estrutural que está por baixo do chão e não se vê, foi uma grande revolução”. 

Fazer muito pela cidade... como fez em Setúbal 
CDU quer reconquistar Câmara perdida em 2017 
Sobre o que pretende para o concelho diz apenas que vai “fazer muito e [a cidade] vai-se alterar muito, podem ter a certeza; é só virem visitar Setúbal”, numa referência ao que fez na cidade sadina nos últimos 14 anos. É que Maria das Dores Meira ganhou a câmara de Setúbal nas autárquicas de 2009, 2013 e 2017, mas assumiu a gestão da autarquia em 2006, quando o então presidente Carlos de Sousa se demitiu. 
A autarca é contra a regra do máximo de três mandatos seguidos para os autarcas de câmaras municipais e juntas de freguesia porque considera que estes são discriminados em relação a outros políticos eleitos que não têm quaisquer limitações, como é o caso dos deputados à Assembleia da República - os mesmos, aliás, que impuseram esse limite.
Em relação às autárquicas de 2017 e ao facto de os comunistas terem perdido Almada, diz que “houve ali um bocadinho de adormecimento, por isso foi a CDU que perdeu, não foi o PS que ganhou. As coisas pioraram muito, o PS pode dizer que não, mas eu moro lá e posso dizer que sim”.
Ao contrário do PCP, Maria das Dores Meira não rejeita a ideia de adiar as eleições autárquicas e diz mesmo que “a proposta do PSD não é descabida”, mas afirma que “ainda é prematuro” uma decisão dessas. “Quem está no poder não precisa de mais tempo. Quem não está precisa de mais tempo”. 

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