Bairro ainda tem 1200 pessoas a viver em condições precárias
A associação de moradores de Vale de Chícharos, no Seixal, mais conhecido como bairro da Jamaica, pediram, esta quinta-feira, no parlamento a rápida concretização do processo de realojamento, alertando para o agravamento das condições de vida devido à pandemia. O apelo foi feito esta tarde durante uma audiência, realizada por videoconferência, na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação. Atualmente residem 74 famílias, num total de 1200 pessoas, em condições precárias nos edifícios inacabados do Bairro da Jamaica, as quais aguardam pela segunda fase de realojamentos, que deveria ter acontecido até Dezembro de 2019.Situação agrava-se no bairro do concelho do Seixal |
Vanusa Coxi, da Associação de Desenvolvimento dos Moradores de Vale de Chícharos lamentou o atraso no processo de realojamento das 74 famílias que ainda residem no bairro da Jamaica e relatou as dificuldades sentidas nos últimos meses, devido à pandemia da covid-19 e ao “inverno rigoroso”.
“As condições degradáveis das casas mantêm-se, a chuva, a água, a humidade. Agora, com a pandemia está pior porque as crianças têm de ter aulas em casa e a internet está sempre a ir abaixo. As pessoas começam a entrar em desespero”, contou.
A moradora ressalvou que a Câmara do Seixal, “tem feito tudo” para adquirir habitações e poder concluir o processo de realojamento, mas que está a encontrar “muitos entraves burocráticos e financeiros”.
“Existe uma extrema burocracia. Sempre que a Câmara encontra uma habitação acaba por perdê-la porque tem de enviar um relatório ao Tribunal de Contas e perde muito tempo. Essa burocracia tem atrasado o nosso realojamento, a nossa vida e mantém-nos presos a estas condições”, apontou.
No mesmo sentido, Fernando Coxi, outro morador e membro da Associação de Desenvolvimento dos Moradores de Vale de Chícharos, apelou a uma intervenção do Governo e defendeu que a solução não passe pela construção de um novo bairro social.
“Nós não queremos um bairro social de novo. Por isso, nós pedimos à Câmara que fosse realojamento cada um no seu destino. Construir um novo bairro social é construir uma nova Jamaica”, argumentou.
Todos os deputados presentes na audição foram unânimes ao reconhecer a “urgência” de concluir o processo de realojamento.
Realojamento prometido em 2019 continua por fazer |
A 17 de Fevereiro de 2020, a Câmara do Seixal informou que o processo se encontrava atrasado devido à especulação imobiliária, apelando ao Governo para reduzir o “grande diferencial” de comparticipação nos realojamentos.
A primeira fase terminou em 20 de Dezembro de 2018, quando 187 pessoas foram distribuídas por 64 habitações em várias zonas do concelho.
A 22 de Dezembro de 2017 foi assinado um acordo para a resolução da situação de carência habitacional neste bairro, entre a Câmara do Seixal, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e a Santa Casa da Misericórdia do Seixal.
O bairro da Jamaica começou a formar-se na década de 90, quando populações que vinham dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) começaram a fixar-se nas torres inacabadas, fazendo puxadas ilegais de luz, água e gás.
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