Santuário do Cabo Espichel em Sesimbra avança para gestão de privados

Concurso público para exploração do espaço é lançado na próxima terça-feira

O concurso para a concessão do Santuário do Cabo Espichel, no âmbito do programa Revive, vai ser lançado na próxima terça-feira, 18 de Maio, numa cerimónia que vai contar com a participação do ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, bem como da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques. De acordo com um comunicado do gabinete do ministro da Economia, o Santuário do Cabo Espichel, localizado perto de Sesimbra, “é um dos 49 imóveis inscritos no Revive”, programa que visa a recuperação do património edificado e a sua colocação ao serviço do turismo e que conta com a colaboração das autarquias locais e coordenação do Turismo de Portugal, "que pretende valorizar e recuperar o património devoluto, reforçar a atratividade dos destinos regionais e o desenvolvimento de várias regiões do país", refere o mesmo documento.  À concessão podem concorrer investidores privados nacionais ou estrangeiros que irão construir um hotel no local. 
Hotel vai nascer no santuário do Cabo Espichel 

“Pretende-se, com este programa, valorizar e recuperar o património devoluto, reforçar a atratividade dos destinos regionais e o desenvolvimento de várias regiões do País”, indica a nota divulgada, que sublinha ainda que, até ao momento, foi adjudicada a concessão de 18 imóveis, que “representam cerca de 139 milhões de euros de investimento na recuperação de imóveis públicos e rendas anuais na ordem dos 2,4 milhões de euros”.
A requalificação do santuário do Cabo Espichel vai finalmente seguir para concurso público e no prazo máximo de cinco anos nasce ali uma unidade hoteleira que mudará a face deste local histórico situado no Parque Natural da Arrábida. A concessão abrange, explica a autarquia liderada por Francisco Jesus, "a Ala Norte do Santuário, zona envolvente, e parte da área descoberta do prédio que integra o edifício da Casa da Água, cujo concedente é a Câmara Municipal, proprietária destes espaços". No concurso será também apresentada parte da Ala Sul, neste caso, por proposta da Confraria de Nossa Senhora do Cabo, que detém a propriedade desta área. A unidade hoteleira pode abrir portas em 2025 e fica a pagar uma renda de pelo menos 15 mil euros anuais.
Nos últimos anos, segundo a autarquia de Sesimbra, “o município tem feito tudo o que está ao seu alcance para conseguir recuperar o conjunto edificado do Santuário do Cabo Espichel”. 
Em 20018, estabeleceu um acordo com o proprietário dos terrenos na envolvente, que “lhe permitiu avançar com as primeiras obras de estabilização do edificado e arranjo dos espaços exteriores, em muitos anos”. 
Posteriormente, foi recuperada e restaurada a Casa da Água e em paralelo, desenvolveu vários contactos “no sentido de tomar posse da Ala Norte, propriedade do Estado”, o que só viria a ser possível através da aquisição do bem imóvel por 321 mil euros à Direção-Geral do Tesouro e das Finanças.
Mais recentemente, no âmbito de uma candidatura, a autarquia requalificou o aqueduto setecentista e partes do recinto da Casa de Água, e reordenou o estacionamento. A integração do Santuário no Programa Revive é “mais um passo nesse sentido”, uma vez que permite que o Cabo Espichel entre numa plataforma abrangente, com “mais visibilidade perante os possíveis investidores nacionais e estrangeiros e que, para além disso, dá acesso a uma linha de financiamento de 150 milhões de euros para apoio ao investimento privado”, sublinha a câmara de Sesimbra em comunicado de imprensa.
Assinatura do protocolo é nesta terça-feira 

Santuário cedido a privados para requalificação e instalação de hotel
Isto significa que as antigas hospedarias do século XVIII ali existentes, e que hoje estão praticamente ao abandono, serão concedidas a uma entidade turística privada, portuguesa ou não, para que as recupere e transforme em unidade hoteleira, diz presidente da Câmara de Sesimbra, Francisco Jesus. O terreiro central continuará a ser utilizado para atividades religiosas e pontualmente para atividades consideradas de âmbito cultural.
O objetivo, diz a autarquia é "afetar a exploração destes edifícios para fins turísticos como estabelecimento hoteleiro, alojamento local na modalidade de estabelecimento de hospedagem ou outro projeto de vocação turística, por um período de 50 anos, a contar da data de celebração do contrato entre a autarquia e o Turismo de Portugal, entidade a quem caberá elaboração e aprovação das peças do procedimento do concurso de concessão de exploração, e a abertura do concurso público".
O atual conjunto patrimonial no Cabo Espichel está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1950. Teve obras parciais de restauro na década de 60, incluindo a partir de um projeto do arquiteto Keil do Amaral, e também no início dos anos 2000.
O avançar das obras representa o “cumprir de um anseio de décadas da comunidade sesimbrense e da população mais religiosa de vários pontos do país”, afirmou o autarca. “O culto a Nossa Senhora do Cabo Espichel é dos mais antigos do país, teve uma enorme importância histórica, idêntica à do santuário de Fátima, mas muito anterior. É um culto que hoje continua a ter expressão”.
Se a requalificação do santuário só agora começa a ser preparada, a envolvente tem conhecido nos últimos sete anos diversas intervenções da autarquia local com financiamento da União Europeia, destacou Francisco Jesus. “Toda a zona está praticamente pronta a receber o que para todos nós é importante, que é a recuperação do próprio santuário”, conta o autarca.
A cerimónia de lançamento do concurso para a concessão do Santuário do Cabo Espichel decorre no local, a partir das 10 da manhã e conta também com a participação do presidente da Câmara de Sesimbra, Francisco Jesus, e do Bispo de Setúbal, D. José Ornelas. No final de cerimónia, decorre uma breve visita ao santuário.

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