Museu ferroviário de Pinhal Novo abriu com memórias de 'ferroviários' da vila

"Memórias" de Rafael Rodrigues e Manuel Ribeiro  integram a primeira exposição da Estação 

O Museu – A Estação, localizado no edifício da antiga estação ferroviária de Pinhal Novo, abriu portas a 1 de Junho [no dia do concelho), com a cerimónia de inauguração deste novo espaço, que representa mais um "compromisso cumprido" pelo município de Palmela, com a sua devolução à comunidade. Na altura da assinatura do contrato de subconcessão entre o IP Património e a autarquia, dizia-se que o museu abriria portas em Maio de 2018. Um prazo que não foi cumprido. Ainda assim, o espaço disse o presidente da Câmara de Palmela, "o núcleo museológico ferroviário é  um anseio antigo da comunidade ferroviária, muito significativa no Pinhal Novo, que sempre desejou de ter um espaço que evoque a memória de todo o historial ferroviário e do seu contributo para o desenvolvimento local", sublinhou Álvaro Amaro. "Memórias" de Rafael Rodrigues e Manuel Ribeiro, integram a primeira grande exposição do museu - A Estação que poderá ser vista de terça-feira a domingo, das 10 às 12h30 e das 14 às 18 horas.
Museu mostra parte interior da antiga estação 


Álvaro Amaro, recordou, na sua intervenção, a ligação entre o caminho de ferro e a história do concelho, dirigindo as primeiras palavras de agradecimento e reconhecimento "a todos os que trabalharam e trabalham nesta terra nos caminhos de ferro» e sublinhando as coleções de dois ferroviários pinhalnovenses - Rafael Rodrigues e Manuel Ribeiro – na origem desta primeira exposição". 
Instalado na zona central do edifício, datado de 1935, o Museu – a Estação integra a zona expositiva da gare e a fachada com os painéis azulejares. A exposição, que apresenta peças doadas ao Museu Municipal de Palmela ou depositadas por "antigos ferroviários ou famílias, sublinha as memórias locais e a investigação historiográfica sobre as linhas férreas que aqui se cruzam", diz a autarquia. 
A Estação constitui-se, também, como ponto de acesso a informação sobre a freguesia e as tradições caramelas, associadas à agricultura, evocando a colonização do território a partir do século XIX, na herdade de Rio Frio.
No final, o presidente da Câmara de Palmela "adiantou que, no próximo ano letivo, a comunidade educativa vai dispor de material pedagógico relativo à 'Estação'", que o município continuará a trabalhar para que o espaço "seja progressivamente o mais inclusivo possível" e lançou um apelo aos presentes: "contamos com todos vós, a partir de agora, para darem sugestões, identificarem outras temáticas, doarem ou depositarem outras peças, acrescentar o vosso conhecimento ao que aqui temos e partilhá-lo, não só no domínio da história dos caminhos de ferro mas também na desta terra que com eles partilha um caminho que é muito novo, pois é pouco mais velha do que o comboio". 
A inauguração contou, ainda, com as intervenções de Carlos Fernandes, presidente do Conselho de Administração da IP Património - com a qual a autarquia celebrou um contrato de subconcessão correspondente a parte do interior do edifício de passageiros - e de Teresa Rosendo, técnica municipal responsável pela investigação historiográfica do Museu – A Estação e que orientou as visitas guiadas aos grupos presentes na cerimónia.
O Museu – A Estação está aberto ao público, de terça-feira a domingo, das 10 às 12h30 e das 14 às 18 horas. A entrada é gratuita. 

Uma estação com muita história 
História da estação e dos caminhos de ferro em exposição
Por resolver continua o destino a dar à torre de sinalização da velha estação, desenhada por Cottinelli Telmo, em 1936. Desativada após as obras da nova estação, no início deste século, a torre ficou "encravada" entre linhas e sem acesso possível. O edifício foi avaliado pelo Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico, para sua classificação. Apesar das intenções da Refer de a demolir, [ou coloca-lo numa zona acessível na zona da estação], um movimento local de proteção do património - que contou com o apoio da Ordem dos Arquitetos - conseguiu garantir a sua permanência no local original. A Câmara de Palmela classificou-a como imóvel de interesse municipal.
Com a passagem dos anos o edifício já sofre a erosão dos tempos e da passagem dos comboios. O que fazer agora? Uma pergunta sem um resposta simples há quase 20 anos.    
A estação de Pinhal Novo foi construída nos finais dos anos 30 do século XX. A Estação possui 23 painéis de azulejos datados de 1938, representando diversas paisagens do distrito de Setúbal.
Os temas centrais são da autoria de João Rodrigues – com base em fotografias de Manuel Giraldes da Silva –, a produção de Faiança Battistini de Maria de Portugal – Fábrica de Cerâmica de Lisboa.
A Estação recebeu, em 1946, o 2º Prémio no Concurso das Estações Floridas e diversos 1ºs Prémios, no Concurso das Estações bem cuidadas, ao longo dos anos 70 do século passado.

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