Câmara de Setúbal "surpreendida" com greve de sapadores no feriado municipal

Município conta que protestos dos sapadores “não fazem sentido” e fala numa “intervenção” da campanha eleitoral

O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores convocou uma greve à formatura que os bombeiros sempre realizaram nas comemorações do dia da cidade. A autarquia reagiu esta quinta-feira através de comunicado, onde se diz "surpreendida" pela greve, cujas "razões invocadas não fazem qualquer sentido, na medida em que são falsas".   Mais de 50 bombeiros sapadores de Setúbal manifestaram-se na quarta-feira, feriado municipal, pelo que dizem ser a perseguição da autarquia aos elementos, a falta de material para o socorro e a indevida progressão na carreira. "O município de Setúbal considera que este tipo de ações, mais do que proteger os bombeiros, visa uma intervenção organizada por terceiros na campanha eleitoral em curso para as eleições autárquicas, visando beneficiar uns e prejudicar outros", diz a nota de imprensa da autarquia gerida, por maioria, pela CDU. 
Mais de 50 bombeiros manifestam-se contra a autarquia 

Na quarta-feira, durante o protesto, Cláudio Almeida, sapador na companhia setubalense há 19 anos e dirigente nacional do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, referiu existir "uma perseguição nunca antes vista aos bombeiros". "Foram levantados 20 processos disciplinares ao longo de quatro anos só para castigar e baixar o ego dos bombeiros. Será que só erram? Nunca houve menções de apreço neste período de tempo", sublinhou o sindicalista. 
Ricardo Cunha, presidente dos bombeiros sapadores de Setúbal, refere que desses processos, 19 foram arquivados, "exceto um. Um bombeiro levou 20 dias de suspensão por levar o filho ao médico. A autarquia exigiu uma justificação da mulher sobre não ter sido ela a levar, mas ela não é funcionária da câmara municipal e não tem que se justificar". Para o sindicalista, citado pelo Jornal de Notícias, "os bombeiros estão desmoralizados".
Cláudio Almeida critica "a total inexistência de diálogo para transmitir o que os bombeiros entendem fazer falta na operacionalidade. Não temos uma escada de alumínio nos carros que pode fazer falta para ultrapassar um muro combater um incêndio. Será que é um fardo tão grande?" 
Os sapadores de Setúbal tentaram reunir com o vereador da proteção civil para tentar resolver as situações. Em Junho reuniu com o departamento dos recursos humanos, mas a questão operacional nunca foi debatida.
Câmara desmente "falta de dialogo" e fala em efeitos da campanha eleitoral
Bombeiros de costas voltadas contra politica local
Em reação, o município de Setúbal diz que "não é verdade que haja falta de diálogo com esta associação sindical, tendo em conta que, quando solicita reunião, foi devidamente atendida e pôde debater os assuntos que entendeu com o vereador dos Recursos Humanos", Manuel Pisco. Nessa reunião faltaram o vereador da Proteção Civil, Carlos Rabaçal, e o comandante dos Sapadores, Paulo Lamego.
Tem havido "sistemático e regular diálogo e articulação, em reuniões plenárias e em reuniões específicas de chefias, com os Bombeiros Sapadores de Setúbal", refere a autarquia comunista. 
Em relação à questão operacional, a autarquia refere que "as condições de trabalho atingiram um patamar de elevada qualidade, nunca antes atingido, ao nível de viaturas, equipamentos e preparação técnica e operacional" e dá exemplos: A nova recruta de mais 12 elementos, cuja entrada está prevista para um de outubro, os novos fardamentos escolhidos e selecionados pelos próprios bombeiros, uma nova ambulância ou a substituição de equipamento como as escadas antigas, nas viaturas antigas, por escadas novas.
Na nota de imprensa, o município de Setúbal "lamenta a forma de protesto utilizada por esta associação sindical nas Comemorações Bocagianas, revelando profunda falta de respeito pela Cidade e pelo concelho, não tendo mesmo respeitado o minuto de silêncio após a deposição de flores em honra do poeta Bocage".
O município garante estar "intensamente empenhado na criação das melhores condições possíveis" e reforça "que nunca, em nenhuma circunstância, esteve, está ou estará em causa a proteção e socorro de Setúbal e Azeitão".
O município de Setúbal considera que este tipo de ações, mais do que proteger os bombeiros, "visa uma intervenção organizada por terceiros na campanha eleitoral em curso para as eleições autárquicas, visando beneficiar uns e prejudicar outros", lê-se na nota da Câmara sadina. 

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