Primeira edição da Volta a Portugal Feminina liga Almada a Setúbal

Prova passa por Cruz de Pau, Casal do Marco, Penalva, Coina, Pinhal Novo, Palmela e Azeitão 

A edição inaugural da Volta a Portugal feminina em bicicleta sai para a estrada de quinta-feira a domingo, para quatro etapas que pretendem fazer a diferença para o pelotão nacional e aproximá-lo do masculino, servindo de estímulo às (futuras) corredoras. A versão feminina da Volta no seu primeiro percurso repete o que foi feito em 1927, na primeira etapa da Volta a Portugal, com as ciclistas a pedalarem entre Almada e Setúbal. Uma pretensão do ciclismo feminino há muito, a Volta inaugural chega em 2021 com um percurso total de 259,3 quilómetros e quatro etapas junto a Lisboa, quase um século depois da primeira edição masculina ajudar a cimentar a popularidade de uma das modalidades mais acarinhadas no país.  Na quinta-feira as ciclistas partem de Almada e passam pela Cruz de Pau, Casal do Marco, Penalva, Coina, Pinhal Novo, Palmela, Azeitão e terminam em Setúbal. A Câmara de Almada aprovou 7,5 mil euros como apoio a esta competição que a presidente Inês de Medeiros, diz que "já devia existir há muito". 
Volta feminina começa em Almada esta quinta-feira

“Fico muito contente que a 1.ª etapa da Volta a Portugal Feminina seja entre Almada e Setúbal. Só não percebo o motivo desta [competição desportiva] ainda não existir”, disse ainda Inês de Medeiros que expressou ainda acreditar que “esta Volta, a partir de agora, continue a existir”. 
Na conta do Facebook, a Câmara de Almada escreveu que “este será o primeiro passo para um novo ciclo no ciclismo no geral e na Volta a Portugal no particular”.
A primeira etapa, no dia 2 de Setembro, terá 81,5 quilómetros, a disputar entre Cacilhas, em Almada, e Setúbal. Será antecedida pela apresentação das equipas, no Marquês de Pombal, Lisboa, de onde as participantes partirão, em desfile, até ao Cais do Sodré, onde tomarão um barco para Cacilhas. É uma recriação do início da primeira Volta a Portugal masculina, que, em 1927. A chegada da primeira etapa, em Setúbal, também faz a ponte com o passado, dado tratar-se da cidade de onde era natural Oceana Zarco, pioneira do ciclismo de competição feminino em Portugal, figura velocipédica da década de 1920.
A primeira etapa sai para a estrada na quinta-feira, partindo de Cacilhas, no concelho de Almada, e seguindo até Setúbal, passando por um prémio de Montanha em Palmela e uma meta volante em Azeitão, passa ainda pelas estradas dos concelhos de Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Palmela e termina na Avenida Luísa Todi, em Setúbal. 
Antes, já um pelotão de cerca de 100 ciclistas, com equipas portuguesas, espanholas e britânicas, segundo a Federação Portuguesa de Ciclismo, foi apresentado, no Marquês de Pombal, em Lisboa, antes de um desfile que evoca a primeira Volta masculina, já do "longínquo" ano de 1927.
Depois de terminar em Setúbal, a Volta segue para Mafra, e daí parte para uma tirada de 72 quilómetros até Loures, na sexta-feira, com uma contagem de montanha.
A terceira etapa será marcante na luta pela classificação final, com um contrarrelógio de 11,1 quilómetros em Vila Franca de Xira, com domingo a encerrar a edição inaugural com uma ligação entre Caldas da Rainha e Lisboa, com 94,7 quilómetros.
O regulamento da prova, cuja lista de inscritos não é para já conhecida, cifra o "total geral dos prémios distribuídos na prova" em 6.900 euros, um valor que fica longe de algumas das provas destinadas ao pelotão masculino, com valores atribuídos por resultados em etapa e classificação final, tanto para seniores como juniores.

Este momento "ficará na história do ciclismo em Portugal"
Prova está na estrada até domingo 
Citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo, o presidente do organismo, Delmino Pereira, aponta esta corrida como "uma motivação para as mais jovens ciclistas prosseguirem as suas pedaladas de desenvolvimento desportivo", com vista à elite, mas também "uma forma de atrair novas praticantes".
Num texto publicado no guia técnico da prova, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, escreve que este momento "ficará na história do ciclismo em Portugal".
"A sua importância é inequívoca, por um lado pelo simbolismo que encerra no contributo para o desígnio da igualdade de género no desporto, mas sobretudo pelo facto de ter como alicerce o efetivo desenvolvimento do ciclismo feminino em Portugal. Trata-se de um evento de referência do calendário nacional e internacional da modalidade para o ano de 2021", lembra o governante.
Rebelo, que aponta à participação de cerca de dezena e meia de formações, realça ainda o "claro estímulo" para a modalidade através do "simbolismo muito forte" da Volta, podendo marcar "o início de uma nova era".
No mesmo guia técnico, Delmino Pereira recorda a participação paritária do ciclismo português nos Jogos Olímpicos Tóquio'2020, com Nelson Oliveira e João Almeida, na estrada, acompanhados pelas pioneiras Maria Martins e Raquel Queirós.
Maria Martins, que saiu com um diploma no ​​​​​​​omnium do ciclismo de pista, e Raquel Queirós, primeira mulher no "cross country" olímpico, assumiram-se, afirma o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, "como ídolos e referências de toda uma nova geração de praticantes".

Comentários