PS ultrapassa CDU na península de Setúbal ao conquistar a Câmara da Moita

Comunistas não recuperam Barreiro, Almada e Alcochete. Perdem Moita e a maioria em Setúbal e Sesimbra. Chega elege três vereadores no distrito 

No distrito de Setúbal foi Carlos Albino vencedor das eleições de ontem, na Moita. A CDU continua a perder bastiões que foram comunistas, desde primeiras eleições livres, há 45 anos. O socialista da Moita derrubou um peso pesado do PCP, Rui Garcia - que também era presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal. Setúbal, onde André Martins só foi confirmado já madrugada dentro. Em Alcochete e no  Barreiro os socialistas ganharam por maioria absoluta e em Almada, Dores Meira viu Inês de Medeiros reforçar a sua posição na votação. Outra das surpresas da noite [com os resultados só a ser conhecidos nesta tarde] aconteceu no Montijo. Onde o candidato do PS, Nuno Canta, ganhou por 350 votos, ao candidato da coligação do PSD, CDS-PP e Aliança. Outra das novidades destas eleições autárquicas é o Chega. Para já - ainda  com uma freguesia para fechar - é a terceira força política mais votada na região. O partido de extrema direita conseguiu quase 21 mil votos e entra na vereação das autarquias da Moita, Sesimbra e Seixal. No litoral alentejano, tudo na mesma. Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém tem maioria CDU e, em Sines, a maioria é socialista. No distrito onde só votaram cerca de 337 mil pessoas num universo de quase 713 mil pessoas inscritas. 
45 anos depois a Câmara da Moita muda para o PS 

Com a reeleição de Nuno Canta, no Montijo, o Partido Socialista fez história na Península de Setúbal. O Partido Socialista conquista, pela primeira vez  nos últimos 45 anos, a maioria das autarquias da Península de Setúbal. Tem agora cinco Câmaras [Almada, Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo] contra as quatro que a CDU segurou: Setúbal, Sesimbra, Seixal e Palmela. 
Durante a longa noite eleitoral muitos comentadores e análises ganham que o membro do "Os Verdes", que concorreu pela CDU, poderia perder a Câmara para o socialista Fernando José. Mas com o avançar das contagens dos boletins, André Martins segurou uma das mais importantes autarquias comunistas, depois da saída de Maria das Dores Meira, por limitação de mandato, após 15 anos a gerir o governo da capital de distrito.
André Martins, mostrou-se "disponível para dialogar com as outras forças políticas", depois de reclamar o triunfo "difícil" no município sadino.
"Embora não estando ainda todas as mesas apuradas é de dizer que a vitória é difícil, mas é nossa. Os setubalenses e azeitonenses votaram para continuar Setúbal. Ganhámos na Câmara Municipal, na Assembleia Municipal e em todas as freguesias do concelho de Setúbal", revelou depois de chegar à sede de campanha do partido.
Já eram três da manhã quando chegaram os resultados oficiais da autarquia. A CDU teve 34,40 por cento o que representa 15 mil 316 votos. O socialista Fernando José, obteve 12 mil 316 votos. [pouco mais que 27 por cento dos eleitores]. Fernando Negrão, do PSD, consegui 7337 votos. Assim a CDU fechou a noite com cinco vereadores, o PS, quatro e o PSD, dois vereadores. De fora do executivo ficaram o Chega, o BE, a Iniciativa Liberal e o PAN, que, entretanto elegeram deputados para a Assembleia Municipal. 
Confirmada a vitória da CDU, que nos últimos anos liderou a autarquia, Maria das Dores Meira na presidência, a maioria no executivo será relativa.
Questionado sobre a forma como tenciona governar sem maioria absoluta, André Martins não fecha as portas a outros partidos.
"É uma questão que havemos de ver. Naturalmente que a CDU é uma força política também aberta e disponível para dialogar com as outras forças políticas que tenham o mesmo objetivo e que assuma o compromisso de continuar a trabalhar por Setúbal, pelos setubalenses e azeitonenses", vincou.
Apesar da vitória, o candidato da CDU admitiu que a o resultado ficou aquém do esperado.
"Tínhamos objetivos um pouco mais alargados, mas, naturalmente, que reconhecemos as dificuldades de uma eleição com tantas candidaturas e algumas sem termos referência da sua ligação ao território e às populações. Por isso, esta é uma vitória bem-vinda e que nos ajuda e incentiva a continuar este trabalho", disse.
Sobre a missão que vai desempenhar nos próximos quatro anos, André Martins manifestou a intenção de trabalhar em prol dos munícipes.
"Naturalmente com esta votação, os setubalenses e azeitonenses esperam que continuemos um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos anos no sentido de criar melhores condições de vida, mais bem-estar, melhor ambiente e um desenvolvimento global e integrado para este concelho. É esse o nosso compromisso, foi esse o nosso compromisso e é esse o nosso compromisso para os próximos quatro anos", sublinhou.

Coligação de direita quase ganha Montijo 
PS tremeu no Montijo mas continua no poder 
Demorou até esta tarde mas a contagem para a Câmara do Montijo está fechado. Voto a voto, Nuno Canta e João Afonso lutaram para ganhar na freguesia de Afonsoeiro/Montijo. Nuno Canta voltou a vencer a Câmara Municipal para o PS, mas por curta margem para a coligação PSD/CDS-PP/Aliança, encabeçada por João Afonso, e perdeu a maioria absoluta que tinha conseguido em 2017. 
Os socialistas conseguiram 5.897 votos (29,49 por cento) e elegeram três vereadores, perdendo um, comparativamente com 2017, para a coligação liderada pelo social-democrata João Afonso, que registou 5.547 votos (27,74 por cento) e ficou agora com dois eleitos no executivo camarário, ultrapassando a CDU como segunda força partidária mais votada.
O resultado acabou por se revelar uma surpresa, na medida em que para os socialistas a vitória teve sabor amargo e a derrota da coligação de direita teve o melhor resultado de sempre de social-democratas e centristas no concelho e acabou ainda por ser o melhor no distrito para os partidos de direita. 
O PS vinha de 8.591 votos conseguidos em 2017, ao passo que a coligação PSD/CDS tinha alcançado 3.676 votos nessas mesmas eleições.
A CDU, com Ana Baliza como cabeça-de-lista, registou agora 3.879 votos (19,40 por cento), que comparam com os 3.803 votos (20,11 por cento) alcançados quatro anos antes, e manteve os dois eleitos no executivo camarário, composto por sete.
Sem mandatos, seguiram-se o Chega com 1.320 votos, a Iniciativa Liberal com 871 votos, o Bloco de Esquerda com 827, o PAN com 634 e o PPM com 201 (1,01 por cento).
Os socialistas perderam também a maioria absoluta na Assembleia Municipal (7 mandatos para PS, 7 para PSD/CDS-PP/Aliança, 4 para a CDU e um para o Chega, Bloco de Esquerda e Iniciativa Liberal.
O PS venceu quatro das cinco juntas de freguesia, perdendo a de Sarilhos Grandes para a CDU (que ganhou com maioria relativa) e perdeu ainda a maioria absoluta na Junta de Montijo/Afonsoeiro. Nas juntas de Atalaia/Alto Estanqueiro-Jardia, Pegões e Canha,  mantiveram a maioria absoluta.

Pinhal Novo garante vitória relativa à CDU em Palmela 
Em Palmela, outro bastião comunista, haviam nove candidatos para "conquistar"  a autarquia. Álvaro Amaro levou a melhor sobre todos graças aos votos conquistados na freguesia de Pinhal Novo [onde a CDU também elegeu o presidente]. Dos 7 mil 517 votos ganhos no concelho, quase metade vieram da freguesia mais urbana do concelho, Pinhal Novo, onde 3 mil 473 pessoas votaram na CDU. A multiplicação de candidatos roubou quase dois mil votos aos comunistas e cerca de mil votos aos socialistas que, ainda assim, mantiveram o segundo lugar com 5689 votos e três vereadores. A CDU, que tinha pedido a maioria perdida em 2017, terá quatro vereadores, os mesmos que já tinham neste mandato. O PSD manteve o vereador apesar de ter perdido eleitores em relação a 2017. Carlos de Sousa, pelo Movimento de Cidadãos pelo Concelho de Palmela, não chegou à vitória [teve 3 mil 428 votos] foi também eleito. O MIM, que estava na autarquia teve apenas 637 votos, muito atrás do Chega que teve no concelho 1874 votos e do BE que voltou a ficar aquém das expetativas com 1021  votos. A CDU voltou a perder a Junta de Palmela para o PS e manteve a Quinta do Anjo por 18 votos. Manteve as juntas de Poceirão/Marateca por menos de 500 votos e de Pinhal Novo [onde perdeu a maioria]. A novidade foi o crescimento do Chega que elegeu dois membros à Assembleia Municipal - ganha sem maioria pela CDU - e um elemento em cada Assembleia de Freguesia. Em Palmela só 23.926 pessoas foram votar. Estavam 56020 inscritos. 

O "vendaval" Albino que tira Câmara da Moita à CDU 
O PS conquistou a Câmara da Moita à CDU o que foi a maior surpresa da noite eleitoral no distrito de Setúbal. Carlos Albino é o nome que conseguiu destronar o "peso pesado" da CDU da Moita. 
O socialista deixou Rui Garcia a 1122 votos de distância e ainda fez o pleno nas quatro juntas de freguesia do concelho. Começou por ganhar em Alhos Vedros, seguiram-se Gaio-Rosário-Sarilhos Pequenos. A Moita e, finalmente, a vitória na União de Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira. "Era difícil prever algo assim desta dimensão", garantia um munícipe da Moita num canal de televisão. 
A verdade explica-se por números e Carlos Albino elegeu quatro vereadores. Tantos como a CDU. A surpresa chegou pela extrema-direita, com Ivo Pedaço, do Chega, a ter lugar na vereação com 2206 votos. E destronou o candidato do BE e do PSD que tinham pelouros na autarquia. Ambos perderam os mandatos e vai ser importante saber como socialistas e comunistas conseguem trabalhar no interesse global do concelho com as políticas do Chega. 
Na Assembleia Municipal, o PS tem 11 deputados, a CDU 10. Chega, BE e a coligação PSD, CDS-PP, MPT,PPM, Aliança e PDR elegeram dois deputados cada.  Só 42,1 por cento dos eleitores foram votar. 

Comunistas a subir votação no Seixal e a descer em Sesimbra 
CDU segura Sesimbra mas perdeu maioria 
Seixal era uma aposta dos socialistas na região. Mas na verdade a CDU venceu - sem maioria - e cresceu em número de votantes em relação a 2017. 
O comunista Joaquim Santos é reeleito presidente da Câmara do Seixal, com 23 mil 485 votos [mais 1232 do que nas últimas autárquica], o que lhe confere 37,74 por cento, e cinco mandatos (36,54 por cento em 2017). É a força que governa o concelho há 45 anos. 
O PS, com Eduardo Rodrigues como cabeça-de-lista obteve 19 mil 204 votos que resulta em quatro mandatos e uma percentagem 30,86. O PSD, elege Bruno Vasconcelos com 5 mil 795 votos (9,31 por cento).
Henrique Freire, do Chega, foi eleito vereador na Câmara do Seixal, com 8,07 por cento (5 022 votos).  Consegue assim ultrapassar o Bloco de Esquerda, que não elege Francisco Morais.
Na Assembleia Municipal, a CDU terá 13 deputados, o PS 11. PSD e Chega [que teve aqui o melhor resultado do distrito] terão três deputados. O BE dois e o PAN um deputado. 
Na votação para as juntas, o PS vence na Freguesia de Fernão Ferro, e a CDU na União de Freguesias de Seixal/Arrentela/Aldeia de Paio Pires, na Amora e em Corroios.
Em Sesimbra, concelho de maioria comunista, também perdeu votos e a maioria. Francisco Jesus ganhou por 844 votos ao candidato socialista. 
No total dos votos, a CDU obteve 34,5 por cento e três vereadores, o PS ficou com 30 por cento e também três vereadores. O sétimo vereador ficou para o Chega, que foi a terceira força mais votada, à frente do PSD e do movimento independente Sesimbra Unida. 
O PS conseguiu conquistar a Junta de Freguesia da quinta do Conde, a maior do concelho, sendo que nas outras duas a CDU segurou a maioria absoluta.

CDU falha reconquista de Almada e Inês de Medeiros soma e segue
Inês de Medeiros reforça votação em Almada 
Depois da vitória inesperada em Almada há quatro anos, Inês de Medeiros foi reeleita este domingo para um segundo mandato, conseguindo o melhor resultado do PS no município e deitando por terra a ambição da CDU de reconquistar o concelho liderado pelos comunistas desde as primeiras eleições autárquicas realizadas em 1976.
Maria da Dores Meira, a grande aposta da CDU nestas autárquicas, conseguiu 29,69 por cento dos votos, contra 39,87 por cento da candidata socialista. É um resultado inferior ao que tinha registado em Setúbal nas eleições de 2017 (49,95 por cento), naquele que foi o seu terceiro e último mandato no município sadino.
Já Inês de Medeiros conseguiu o melhor resultado de sempre do PS em Almada, segurando a câmara. Foram mais quase oito mil votos do que em 2017. O PS elege cinco mandatos, mais um vereador do que há quatro anos. Segue-se a CDU com quatro mandatos e PSD com um. A candidatura do Bloco de Esquerda, encabeçada mais uma vez pela deputada Joana Mortágua, conseguiu manter também um mandato.
Durante a campanha, Inês de Medeiros deixou como promessas erradicar as barracas em Almada durante o novo mandato e reabilitar o parque habitacional do município, o que disse estar dependente no entanto dos apoios do Governo, nomeadamente de verbas do Programa de Recuperação e Resiliência em matéria de habitação.
No discurso de vitória na noite eleitoral, um dos primeiros a fazer-se ouvir, Inês de Medeiros, disse que a democracia falou em Almada, não esperando pelo apuramento de todos os votos. “As minhas palavras vão para todos os almadenses, muito obrigado por esta noite e por estes quatro anos. Sabíamos que Almada tinha de reencontrar a sua centralidade na Área Metropolitana de Lisboa. Hoje, é a terra do futuro da Área Metropolitana de Lisboa”, disse, numa curta intervenção. “A partir de amanhã nós todos estamos aqui a trabalhar para todos os almadenses. Todos, sem exceção, independentemente do partido em que votaram”.
A nível de freguesias, os socialistas venceram na Costa de Caparica, Charneca de Caparica e Sobreda e Caparica e Sobreda. A CDU ganhou em Laranjeiro e Feijó e na União das freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas. Na Assembleia Municipal o PS terá 13 deputados, 10 para a CDU. A coligação PSD, CDS-PP, MPT,PPM e Aliança elegeu quatro deputados. BE terá três deputados. Chega com dois e PAN com um deputado. Em Almada só 46,52 por cento saíram de casa para votar. 

PS ganha Barreiro e Alcochete com maioria  
Chega ganha expressão autárquica no distrito 
Eram apostas fortes da CDU. Os comunistas queriam recuperar as duas autarquias perdidas em 2017. Foi buscar Carlos Humberto para o Barreiro e Luís Miguel Franco para Alcochete. Mas no final do dia foram os socialistas quem fizeram a festa final e com vitórias expressivas. Frederico Rosa deu maioria ao PS do Barreiro e Fernando Pinto conquistou Alcochete de forma "esmagadora". 
Dos 34 mil 510 pessoas que foram votar no concelho do Barreiro. 19 mil 559 pessoas votaram no Partido Socialista. Resultado? Sete vereadores eleitos. A CDU voltou a perder o município e, desta vez, os oito mil e 85 votantes só deram  direito a dois eleitos para o governo da cidade. PSD, Chega, BE, PAN e CDS-PP nada elegem na autarquia. 
Na Assembleia Municipal, o PS conseguiu 16 deputados. A CDU ganhou sete deputados. PSD dois, Chega e BE um deputado. 
Nas juntas de freguesia, o PS ganha com maioria em todas: União das freguesias de Barreiro e Lavradio, União das freguesias de Palhais e Coina, Santo António da Charneca, tal como no Alto do Seixalinho, Santo André e Verderena. No concelho 49,10 por cento da população foi votar.
Em Alcochete, O PS, com Fernando Pinto, ganhou com maioria absoluta a Câmara Municipal. Os socialistas venceram também a Assembleia Municipal e arrebataram ainda as três juntas de freguesia.
Em números, votaram 58,55 por cento dos eleitores e 4732 pessoas optaram pelo PS, liderado por Fernando Pinto que obteve cinco vereadores. O regresso de Luís Miguel Franco não convenceu as gentes de Alcochete. O comunista ficou perto dos dois mil votos e com apenas dois vereadores. CDS-PP, PSD e Chega ficam fora da vereação. 
Na Assembleia Municipal, o PS conseguiu 12 deputados, a CDU, cinco. CDS-PP, dois deputados. PSD e Chega conseguem um deputado na Assembleia Municipal. 


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