Ventura afasta vereadores por terem viabilizado orçamentos municipais da CDU
O líder do Chega anunciou, esta segunda-feira, a retirada de confiança política aos vereadores do Seixal e de Sesimbra, acusando-os de “complacência pessoal” por terem viabilizado orçamentos municipais da CDU. Em conferência de imprensa na sede nacional do Chega, André Ventura anunciou que a Direção Nacional do partido decidiu retirar a confiança política ao vereador Márcio Souza, da Câmara de Sesimbra – que já tinha anunciado, em Dezembro de 2021, a desvinculação do partido – e ao vereador Henrique Freire, do Seixal. Com esta retirada de confiança política, o Chega, que tinha elegido 19 vereadores nas autárquicas, passa agora a ter 16, mas André Ventura afirmou que não crer que este tipo de dissidências também aconteça no grupo parlamentar, composto por 12 deputados.Ventura retira confiança a vereadores |
Segundo Ventura, nos dois casos “houve uma violação direta das regras do partido de não pactuar com partidos que têm destruído Portugal”, acusando-os de terem viabilizado orçamentos da CDU e de, no que se refere ao vereador de Sesimbra, ter sido aceite o pelouro da proteção civil.
“Isto é inadmissível e nenhum partido anti-sistema pode viver com isto de forma complacente e de forma tolerante. A minha decisão foi por isso imediata: comunicar à Direção Nacional do partido que estes dois vereadores deixariam de representar o partido e as suas estruturas, deixariam de representar o seu combate político e passarão a agir como independentes”, afirmou o líder do partido da extrema direita.
O presidente do Chega afirmou que a sua força partidária está sempre aberta para o diálogo com os restantes partidos em casos de “políticas positivas para as populações”, dando o seu exemplo pessoal enquanto deputado único na Assembleia da República, onde votou em certas propostas “ao lado do BE, PCP, PSD e PS”.
No entanto, André Ventura considerou que, nos casos de Sesimbra e do Seixal, os dois vereadores não apresentaram “nenhuma explicação satisfatória” para a viabilização dos orçamentos da CDU – que disserem serem “estruturalmente contra o espírito do partido a nível nacional” – acusando-os de “complacência pessoal” e de terem cedido a “interesses obscuros”.
Questionado sobre o caso do vereador de Sesimbra – que já tinha anunciado a sua desvinculação do partido em Dezembro de 2021, invocando um “desacordo total com a forma de atuação do partido” – André Ventura afirmou que essa declaração era “pessoal” e que, no partido, “muitas vezes as pessoas dizem o que dizem, mas depois mantêm-se a levar a cabo funções em nome do Chega”.
“Por isso, há um momento em que o Chega tem de dizer que deixa de exercer funções em nome dele, porque há uma questão formal importante, que é a de que o partido comunica à Câmara Municipal de que aquele membro já não representa o partido”, disse.
E se o mesmo acontecer na bancada parlamentar?
Vereador do Chega demite-se do partido após as eleições |
“Escolhi este grupo parlamentar numa lógica de conhecimento pessoal, que não é possível nas autárquicas – estamos a falar de milhares de candidatos – e de total disponibilidade pessoal para aceitar desafios em nome do partido. Todas estas pessoas o fizeram, em todo eles tenho confiança e mantenho a minha confiança”, disse.
Nas últimas eleições autárquicas, em Setembro de 2021, o Chega obteve 4,16 por cento, elegendo 19 vereadores, 173 deputados municipais e 205 representantes nas assembleias de freguesia.
Em Novembro, o Chega perdeu a vereação na Câmara de Moura, no Distrito de Beja, após a representante eleita pelo partido, Cidália Figueira, ter passado a independente invocando “divergências políticas”. Moura que é onde o líder do Chega concorreu a presidente da Assembleia Municipal. Perdeu mas mantêm-se como deputado municipal.
Agência de Notícias com Lusa
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