Ligar Sesimbra a África num cabo que pode render 500 milhões ao PIB

O cabo Equiano, "essencial para melhorar o teletrabalho", chegará esta semana à vila piscatória 

O novo cabo submarino Equiano chegará esta semana a Portugal, mais especificamente a Sesimbra, e permite ligar o país à África do Sul, com ligações intermédias no Gana, Nigéria, Namíbia e Rupert’s Bay, em Santa Helena. Na cerimónia de celebração da chegada do cabo de fibra ótica a Portugal, esta terça-feira, no Museu Marítimo em Sesimbra, António Costa salientou que “esta revolução industrial é a primeira para a qual Portugal não parte em desvantagem”. O cabo Equiano, "essencial para melhorar o teletrabalho", chegará esta semana a Sesimbra. O impacto económico para Portugal será "de cerca de 500 milhões de euros" no PIB anual, ou seja, "um impacto económico substancial, baseado na capacidade das empresas portuguesas, africanas e europeias poderem trocar mais dados, terem mais comércio e criarem mais valor juntos”, acrescentou o responsável da Google em Portugal.
António Costa garante que cabo acrescenta 500 milhões ao PIB


O primeiro-ministro afirmou que Portugal é, “por razões geográficas, o ponto de ligação do continente Americano, Africano e Europeu”. Esta localização geográfica define, no entender de António Costa, a “posição global” do país na ligação “às novas autoestradas do século XXI”: a ligação submarina.
Os cabos transmitem som, imagem, mas têm uma mercadoria essencial com elevadíssimo potencial [para Portugal]: a transmissão de dados”, acrescentou desejando que “muitos dados cheguem” a partir da próxima semana.
No entender do primeiro-ministro, esses mesmos dados são o novo petróleo e se há atrativo para esse negócio em Portugal é que o país tem a “energia solar mais barata do mundo”.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, também esteve presente no evento e, tal como António Costa, destacou a “posição geográfica privilegiada” do país. Embora “periféricos no quadro europeu, somos centrais no quadro atlântico”, salientou expressando a “honra muito grande” de partilhar um “marco na História, não apenas da Google, mas também para Portugal” com a chegada do Equiano.
O potencial da União Europeia ser “um hub global de dados” foi referido pelo ministro, que considera que Portugal tem a “oportunidade” de ser a “porta de entrada” para este negócio. Pedro Nuno Santos disse ainda que a “amarração” de cabos submarinos “é uma grande oportunidade para a digitalização”.

Viagem de Bartolomeu Dias inspira Google  
Primeiro-ministro esteve terça-feira em Sesimbra 
Uma “excelente ocasião para juntar pessoas” e um “sentimento de dever cumprido”. Foi desta forma que Bernardo Correia começou por falar da missão da Google relativamente à chegada do Equiano a Portugal.
O country manager da Google em Portugal brincou ao dizer que “esta viagem” da África do Sul até Sesimbra que demorou cerca de dois anos - e que termina esta semana  - “foi quase tão desafiante e demorada como a de Bartolomeu Dias”. Uma viagem que teve “imprevistos”, uma vez que o cabo teve que ser “desenrolado com muito cuidado e muito carinho ao longo do caminho”.
A nova centralidade que o Equiano e que outros cabos trazem para Portugal são investimentos estruturantes”, disse destacando que a Google aposta também na criação de empregos, apoio à transição digital, às artes e cultura e ao empreendedorismo do país.
Olhando para Portugal como um “elo de ligação entre o continente americano e o continente europeu”, Bernardo Correia destacou também a “localização estratégica e absolutamente única” do país. O Equiano, que tem vinte vezes mais rapidez do que qualquer infraestrutura que anteriormente ligava Portugal e a África do Sul, é “essencial para melhorar o teletrabalho”.
Hoje, cabos como o Equiano entram pela janela e ligam Portugal a África com uma velocidade que nem Bartolomeu Dias conseguia imaginar”, acrescentou.
Por sua vez, também no Museu Marítimo de Sesimbra e em representação da Google, Dana Eaton disse que a chegada do cabo submarino ao país representa “anos de trabalho e dedicação” da empresa. A tecnológica está “comprometida com Portugal” ao apoiar empresas, organizações e parceiros para ajudar a transformar os negócios, garantiu a vice-presidente da Google Cloud. “O [cabo] Equiano permite aumentar a capacidade para garantir estabilidade de serviço”, acrescentou.
O Equiano chegou a Portugal. Vamos manter Portugal para sempre conectado ao mundo”, acrescentou agradecendo às parceiras Altice Portugal e Alcatel.

No fundo do mar, o cabo pretende alavancar o crescimento de internet global
Cabo da Google chega esta semana a Sesimbra 
A Altice Portugal afirma ser o único operador que investiu em cabos submarinos em Portugal, sabendo que esta tecnologia tem vantagem de ter 2o vezes mais capacidade de rede (face à transmissão por satélite).
A CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo, revelou que a estação de cabos submarinos da empresa em Sesimbra foi escolhida como o local para a amarração do Equiano em Portugal. A escolha, acredita, é uma forma de “reconhecimento dos engenheiros portugueses”, com o cabo a ser depositado no oceano com a colaboração destes trabalhadores.
Com aproximadamente 15 mil quilómetros, o cabo de fibra ótica correrá ao longo da costa Ocidental de África. O contrato de concessão para o mesmo já tinha sido assinado pelo Estado português e a Google em Setembro de 2021 e tem uma vigência de 25 anos.
Presente no fundo do mar, o cabo pretende alavancar o crescimento de internet global, ligando digitalmente ilhas, países e continentes. António Costa disse que com o Equiano “a diáspora passará a comunicar com mais facilidade com a pátria e os estrangeiros em Portugal vão comunicar mais facilmente e rapidamente com os países de origem”.
A conectividade dos cabos submarinos pode contribuir para um reforço de 500 milhões anuais ao PIB português nos próximos anos. O cabo Equiano que, chegará esta semana a Portugal, foi assim batizado em homenagem ao escritor nigeriano Olaudah Equiano, que foi escravizado em criança.

Agência de Notícias 
Fotos: Câmara de Sesimbra 

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