Grupo pinhalnovense estreia Macbeth, uma das peças mais emblemáticas escritas por Shakespeare
O espetáculo Macbeth, do Teatro Sem Dono, estreia no Auditório Rui Guerreiro em Pinhal Novo, concelho de Palmela este sábado, às 21h30. "Em sombrios caminhos andam os que desejam o que não lhes é destinado. A ganância, a fome de poder e a crueldade toldam a visão dos fracos que entram na loucura", conta a sinopse de uma das peças mais emblemáticas escritas por William Shakespeare. Tiago Jorge, ator e diretor da companhia pinhalnovense, "espera de uma boa aderência", do público. É um "espetáculo forte", conta à ADN-Agência de Notícias, Tiago Jorge. Uma das principais dificuldades do Teatro Sem Dono é a falta de um local próprio. "Precisamos de um espaço para podermos trabalhar com mais antecedência os cenários, ter mais tempo de ensaios e melhor criação artística", revela o responsável do grupo. |
| Atores do Teatro Sem Dono estreiam peça este sábado |
É uma das grandes estreias do ano, em termos de teatro, no Pinhal Novo. Macbeth, obra de William Shakespeare, está em exibição no Auditório Rui Guerreiro, em Pinhal Novo, este sábado e domingo à noite. A vila terá oportunidade de ver aquela que é considerada a mais enigmática tragédia do dramaturgo inglês.
Esta peça conta a história do general Macbeth que encontra três bruxas que lhe comunicam três profecias. Uma dessas profecias diz que ele será coroado rei da Escócia, despertando nele a ambição pelo lugar.
Entretanto, Macbeth informa sua esposa, Lady, do seu encontro com elas. Perante isto, ela elabora um plano para assassinar Duncan, o atual rei. Macbeth tem o coração envenenado pelo desejo do poder, incutido pela sua esposa, Lady Macbeth, que à sua passagem destruirá um reino que prosperava. Pais e filhos serão mortos, pois matar é sempre uma opção.
Em traços gerais, este é o enredo, mas, tratando-se de uma obra muito complexa, vai muito além da sua própria história, tendo suscitado, ao longo dos séculos, diferentes análises das mais diversas áreas das artes e do conhecimento.
Entre os variadíssimos modos de abordagem, podemos encontrar em Macbeth, desde uma reflexão em torno da ambição humana até um estudo pormenorizado das identidades masculina e feminina. A peça começa por remeter-nos a uma indefinição de valores, para um equívoco entre o bem e o mal, entre o belo e o feio, entre o masculino e o feminino.
Entretanto, Macbeth informa sua esposa, Lady, do seu encontro com elas. Perante isto, ela elabora um plano para assassinar Duncan, o atual rei. Macbeth tem o coração envenenado pelo desejo do poder, incutido pela sua esposa, Lady Macbeth, que à sua passagem destruirá um reino que prosperava. Pais e filhos serão mortos, pois matar é sempre uma opção.
Em traços gerais, este é o enredo, mas, tratando-se de uma obra muito complexa, vai muito além da sua própria história, tendo suscitado, ao longo dos séculos, diferentes análises das mais diversas áreas das artes e do conhecimento.
Entre os variadíssimos modos de abordagem, podemos encontrar em Macbeth, desde uma reflexão em torno da ambição humana até um estudo pormenorizado das identidades masculina e feminina. A peça começa por remeter-nos a uma indefinição de valores, para um equívoco entre o bem e o mal, entre o belo e o feio, entre o masculino e o feminino.
Ao colocar em questão esta oposição de valores, a peça ganha contornos altamente enigmáticos, mas simultaneamente profícuos, do ponto de vista da reflexão humana. Apesar de ser escrita no SEC VXII [acredita-se que entre 1603 e 1607], a peça continua a ser tão atual.
"Trabalhar Shakespeare é sempre arrebatador. Suga-nos a energia. Este texto é de loucos, as oscilações de estados de espírito, a energia que a própria peça transporta, a visualização da crueldade e ganância humana consegue chegar, é um desafio enorme", disse Tiago Jorge, em entrevista à ADN-Agência de Notícias.
Como se define Macbeth? "Acho que nunca se tem a real noção do texto que temos em mão até o começar a trabalhar e aprofundar. Há mensagens fortes em cada cena. É capaz de nos deixar a pensar nas escolhas que fazemos enquanto seres humanos", reflete o responsável. A mensagem, diz ainda Tiago Jorge, "já está no espetáculo, o Teatro Sem Dono não a reinventou. É um espetáculo em que é visível a crueldade, a ganância, a falta de empatia (tão importante nas relações humanas), a manipulação uns dos outros, são fatores que nos deixam a pensar de como agimos no nosso dia a dia, que existem em todas as vidas, umas mais ténues do que outras, mas que assistimos a estes atos e sentimentos todos os dias".
Não sendo uma peça fácil é, acima de tudo, um desafio enorme para um grupo que, ano após ano, tem vindo a melhorar as suas performances e apresentações. Tiago Jorge sabe que não será "fácil agradar a todos com este tema. Não é um espetáculo infantil que é relativamente apelativo para todo o público". Ainda assim, o responsável do Teatro Sem Dono está "à espera de uma boa aderência de público. É um espetáculo forte".
O Teatro Sem Dono procura "novos desafios constantemente", diz o responsável e ator. "Os projetos vamos construindo ao longo do tempo, isto não é uma ciência exata, é preciso sentir o público, as suas necessidades e o estado de espírito do grupo. Este espetáculo é tão intenso que o espetáculo de Natal vai equilibrar as nossas energias", sublinha Tiago Jorge.
Inseridos na vila de Pinhal Novo, o "Sem Dono" já começa a ser uma referência. Mas numa vila onde quase não há um investimento continuou em eventos dinamizados pela autarquia - a maioria nasce do movimento associativo com apoios públicos -, uma das principais dificuldades do Teatro Sem Dono é a falta de um local próprio. "Precisamos de um espaço para podermos trabalhar com mais antecedência os cenários, ter mais tempo de ensaios e melhor criação artística", revela Tiago Jorge. Ainda assim, os ensaios "decorrem normalmente. É trabalho contínuo", garante.
Para Tiago Jorge, "devia haver mais apoio financeiro retirado do orçamento estatal. Mas o dinheiro que é distribuído deveria ser mais equilibrado ou de distribuído de forma mais justa porque há quem não tenha um plano de atividades consistentes e aprovado anualmente que não fazem nada ou quase nada do que colocam nos seus planos e recebem apoios de todos os lados. Só não é justo para quem trabalha com tanto afinco", conta. Ainda assim, todo o grupo trabalha com o que tem e mostram, peça após peça, evolução.
"É importante a qualidade dos elementos que temos e o que cada um contribui para o grupo. Todos à sua maneira e da melhor forma que sabem e conseguem, trabalham para a evolução do próprio grupo, elementos e até individual. Somos 16 elementos ativos", conclui o responsável da companhia.
Com encenação de Carla Castro, fazem parte do elenco de Macbeth Inês Oliveira, Fernando Batista, Filipa Ramos, Gonçalo Jorge, Mariana Sofia, Mariana Palmeirinha, Nelson Prates e Tiago Jorge.
As entradas para o espetáculo, que conta com o apoio da Câmara de Palmela, têm o valor de quatro euros.
Como se define Macbeth? "Acho que nunca se tem a real noção do texto que temos em mão até o começar a trabalhar e aprofundar. Há mensagens fortes em cada cena. É capaz de nos deixar a pensar nas escolhas que fazemos enquanto seres humanos", reflete o responsável. A mensagem, diz ainda Tiago Jorge, "já está no espetáculo, o Teatro Sem Dono não a reinventou. É um espetáculo em que é visível a crueldade, a ganância, a falta de empatia (tão importante nas relações humanas), a manipulação uns dos outros, são fatores que nos deixam a pensar de como agimos no nosso dia a dia, que existem em todas as vidas, umas mais ténues do que outras, mas que assistimos a estes atos e sentimentos todos os dias".
"Precisamos de um espaço para podermos trabalhar com mais antecedência"
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| Auditório Rui Guerreiro recebe Macbeth este fim de semana |
O Teatro Sem Dono procura "novos desafios constantemente", diz o responsável e ator. "Os projetos vamos construindo ao longo do tempo, isto não é uma ciência exata, é preciso sentir o público, as suas necessidades e o estado de espírito do grupo. Este espetáculo é tão intenso que o espetáculo de Natal vai equilibrar as nossas energias", sublinha Tiago Jorge.
Inseridos na vila de Pinhal Novo, o "Sem Dono" já começa a ser uma referência. Mas numa vila onde quase não há um investimento continuou em eventos dinamizados pela autarquia - a maioria nasce do movimento associativo com apoios públicos -, uma das principais dificuldades do Teatro Sem Dono é a falta de um local próprio. "Precisamos de um espaço para podermos trabalhar com mais antecedência os cenários, ter mais tempo de ensaios e melhor criação artística", revela Tiago Jorge. Ainda assim, os ensaios "decorrem normalmente. É trabalho contínuo", garante.
Para Tiago Jorge, "devia haver mais apoio financeiro retirado do orçamento estatal. Mas o dinheiro que é distribuído deveria ser mais equilibrado ou de distribuído de forma mais justa porque há quem não tenha um plano de atividades consistentes e aprovado anualmente que não fazem nada ou quase nada do que colocam nos seus planos e recebem apoios de todos os lados. Só não é justo para quem trabalha com tanto afinco", conta. Ainda assim, todo o grupo trabalha com o que tem e mostram, peça após peça, evolução.
"É importante a qualidade dos elementos que temos e o que cada um contribui para o grupo. Todos à sua maneira e da melhor forma que sabem e conseguem, trabalham para a evolução do próprio grupo, elementos e até individual. Somos 16 elementos ativos", conclui o responsável da companhia.
Com encenação de Carla Castro, fazem parte do elenco de Macbeth Inês Oliveira, Fernando Batista, Filipa Ramos, Gonçalo Jorge, Mariana Sofia, Mariana Palmeirinha, Nelson Prates e Tiago Jorge.
As entradas para o espetáculo, que conta com o apoio da Câmara de Palmela, têm o valor de quatro euros.
A peça, para maiores de 12 anos, estreia este sábado às 21h30 e volta a subir o palco do Auditório Rui Guerreiro no domingo, às 21 horas. Ainda este mês, o Teatro Sem Dono leva Macbeth ao festival de teatro amador em Marvila, que decorre no Auditório Fernando Pessa.
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