Contrato para ampliação do hospital de Setúbal já foi assinado

Autarcas de Palmela, Setúbal e Sesimbra dizem que estas medidas pontuais não resolvem os problemas

O contrato para a obra de ampliação do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, no valor de 27 milhões de euros, já foi assinado, anunciou o ministro da Saúde. Manuel Pizarro falava aos jornalistas no município da Moita, onde também deixou a garantia de financiamento para a construção do novo centro de saúde da Baixa da Banheira. “Se é verdade que hoje anunciámos um investimento para completar a obra que vai servir 30 mil utentes, na terça-feira anunciei aos presidentes de câmara [Setúbal, Palmela e Sesimbra] que já está assinado o contrato da obra de ampliação do Hospital de São Bernardo, uma obra de 27 milhões de euros que vai melhorar muito as condições de atendimento nas urgências”, disse. As autarquias voltam a reunir-se com ministro da Saúde em Janeiro. 
Obras de ampliação começam em breve diz o ministro 

O governante não indicou um prazo para a conclusão da empreitada. “Estas obras vão demorar o seu tempo a ser executadas e espero que seja no menos tempo possível”, afirmou.
Na terça-feira, o ministro da Saúde teve uma reunião com os três autarcas para anunciar uma proposta para as urgências de Ginecologia e Obstetrícia dos hospitais de Setúbal, Almada e Barreiro, para evitar maiores constrangimentos devido à falta de pessoal.
As urgências destas especialidades nos hospitais de Setúbal e do Barreiro vão funcionar alternadamente aos fins-de-semana e durante o Natal e Ano Novo, enquanto o hospital de Almada (Garcia de Orta) manterá este serviço aberto.
A 4 de Outubro de 2021, o Governo tinha anunciado o recrutamento de dez médicos de diferentes especialidades para o Centro Hospitalar de Setúbal e o lançamento do concurso internacional para as obras de ampliação, referindo que a obra estaria terminada em 2023.
O anúncio em 2021 surgiu na sequência da demissão do diretor clínico, que justificou a decisão com a falta de condições do hospital.
O Centro Hospitalar de Setúbal abrange cerca de 250 mil habitantes dos concelhos de Setúbal, Sesimbra e Palmela, e dá ainda resposta a utentes oriundos de concelhos do Litoral Alentejano.

Autarcas foram a Lisboa ouvir o ministro 
Autarcas foram recebidos pelo Ministro da Saúde  
No final do encontro, André Martins, presidente da Câmara de Setúbal, voltou a sublinhar que as autarquias querem ser parceiras do Ministério da Saúde na resolução dos problemas do Centro Hospitalar de Setúbal, que tem registado alguns encerramentos das urgências, e insistiu na recusa de “soluções pontuais”, como a que lhes foi apresentada para as maternidades.
“Claramente não podemos sair satisfeitos”, analisou, por seu lado, Francisco Jesus, admitindo, porém, que a disponibilidade demonstrada pelo ministro também não deixou os autarcas insatisfeitos.
Segundo Francisco Jesus, autarca de Sesimbra, Manuel Pizarro disse aos autarcas que, “nos fins-de-semana que faltam até ao final do ano, e provavelmente no primeiro trimestre”, as urgências de obstetrícia dos hospitais de Setúbal e do Barreiro vão funcionar de forma alternada, funcionando uma maternidade num fim-de-semana e a outra no noutro, “por forma a que haja uma previsibilidade por parte dos utentes de que há um serviço aberto”.
“É uma medida de emergência que nós compreendemos, porque é fundamental que as pessoas saibam onde se devem dirigir quando têm um problema. Agora, o que nós afirmámos é que isto não é nenhuma medida de fundo e o Centro Hospitalar de Setúbal precisa de medidas de fundo”, disse o André Martins, enquanto Francisco Jesus reforçava que se tratava de “legitimar de certa forma as falhas em dias programados”.
O presidente da Câmara de Sesimbra reconheceu que os autarcas compreendem a posição do Ministério da Saúde, mas, “pela experiência” que têm, não podem concordar com ela, porque “o resultado final foi sempre o encerramento definitivo ou uma prática que passou a ser regular” de cada vez que se encerrou um serviço de atendimento permanente ou um atendimento complementar.
Os três autarcas saíram do encontro com a convicção de que o ministro e o secretário de Estado “compreenderam” a sua posição, “manifestaram disponibilidade” e “conhecem a situação”, tendo ficado agendada para o final de Janeiro uma visita de Manuel Pizarro ao Centro Hospitalar de Setúbal, bem como uma nova reunião entre as partes, na qual será avaliado o efeito das medidas tomadas pelo Governo.
André Martins insistiu, no entanto, na necessidade de serem contratados profissionais para os diversos serviços do Centro Hospitalar de Setúbal, sublinhando que os presidentes de câmara pretendem “soluções definitivas para resolver estes problemas e não soluções pontuais”, embora tenha admitido a necessidade de tempo para as adotar.
“Nós compreendemos isso, mas fizemos questão de deixar bem claro que estas medidas pontuais não resolvem os problemas. Isso seria um engano para as populações e nós não aceitamos esse tipo de posições”, disse, adiantando que o ministro garantiu que, depois destas medidas de caráter imediato, serão tomadas outras “de fundo para resolver o problema” do Centro Hospitalar de Setúbal. 
O presidente da Câmara de Setúbal considerou “positivo” o facto de o Ministério da Saúde estar a tomar medidas, mas sublinhou que há “limites” e que os autarcas pretendem ser “parceiros neste processo” no âmbito das suas responsabilidades, para defenderem os direitos “à saúde, aos serviços hospitalares e aos serviços primários de saúde” que as populações têm.
“Não queremos que isto se torne definitivo e não admitimos qualquer encerramento de qualquer especialidade no hospital de Setúbal. Queremos fazer uma avaliação permanente desta resposta”, afirmou, por seu lado, Álvaro Amaro, adiantando que também foi anunciado aos autarcas que “haverá medidas tendo em vista autonomizar e possibilitar as administrações dos hospitais de contratarem com mais flexibilidade”.


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