Hidrogénio verde já chega aos fogões de famílias no Seixal desde Outubro

O próximo passo é aumentar o hidrogénio e replicar o exemplo noutras redes do país

O primeiro-ministro, António Costa, assistiu esta terça-feira à cerimónia que marcou oficialmente a primeira injeção de hidrogénio verde numa rede de gás natural em Portugal, no Seixal. Já desde Outubro de 2022 que 82 casas, empresas e indústrias nesta cidade da margem sul do Tejo são abastecidas com uma mistura composta por 95 por cento de gás natural e cinco por cento de hidrogénio, tinha já avançado a Floene (antiga Galp Gás Natural Distribuição). O próximo passo é aumentar até aos 20 por cento de H2 e replicar o exemplo noutras redes do país.
Rede de gás já distribui hidrogénio verde 

"A primeira rede de gás do país onde circula hidrogénio verde desde o produtor até ao consumidor final já está a funcionar em pleno desde Outubro no Seixal", diz a empresa. Isto sem ter sido necessário mudar os equipamentos já existentes nos clientes nem fazer mudanças na rede de abastecimento.
"É a primeira rede do país onde circula, em parte dela, 100 por cento de hidrogénio, e está a funcionar muito bem", disse Gabriel Sousa acrescentando que a "Floene já recebeu mais de 70 pedidos de injeção de hidrogénio e biometano na rede", no último ano.
Para já, e nestes últimos quatro meses, o que mudou na vida destas famílias seixalenses quando acendem o fogão ou ligam o esquentador? Na verdade, muito pouco. Diz quem sabe que a olho nu nada se nota, com a exceção de a chama gerada num fogão doméstico, por exemplo, com esta mistura que já integra cinco por cento de hidrogénio verde ser "mais quente no meio do que nas extremidades".
O primeiro-ministro prometeu hoje uma estratégia clara e persistente de aposta no desenvolvimento do hidrogénio verde, considerando que pode colocar Portugal com liberdade energética enquanto país e na posição de exportador de gases renováveis. António Costa visitou a infraestrutura misturadora da Floene, que permite precisamente integrar a percentagem (ainda pequena) de hidrogénio no gás natural e, depois, assistiu à injeção da mesma numa rede de distribuição fechada.
A honra de abrir a válvula do hidrogénio verde coube não só a António Costa mas também a Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, e ao presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, também presentes no evento.
Antes de encerrar o evento, o primeiro-ministro procedeu ao acendimento de um fogão alimentado pela mistura de hidrogénio verde com gás natural, "mostrando assim a adequação dos atuais equipamentos domésticos" à utilização deste gás renovável.
"O momento em que o primeiro-ministro deu início à mistura de hidrogénio verde constituiu a Hora H da transição para a energia do futuro em Portugal, com elevado impacto na autossuficiência energética, no desenvolvimento económico, na redução da fatura energética e na preservação do ambiente", assinalou o CEO da Floene, Gabriel Sousa, em comunicado.
"A demonstração da utilização de hidrogénio no consumo doméstico evidencia, assim, o princípio de complementaridade entre os sistemas de gás e elétrico no processo de descarbonização", frisou a Floene no mesmo comunicado, acrescentando: "A rede portuguesa é uma das mais modernas da Europa, com cerca de 96 por cento de polietileno, e está preparada para receber gases renováveis sem necessidade de adaptação ou investimento adicional
Esta rede fechada no Seixal abastece então 82 casas, empresas e indústrias, e por isso foi escolhida para levar a cabo o projeto de demonstração "Green Pipeline Project". Em desenvolvimento já há algum tempo (sendo que chegou a ter o seu arranque marcado para o primeiro semestre de 2021 e, depois, para janeiro de 2022), este piloto é o primeiro em Portugal a introduzir de hidrogénio verde na rede de gás natural.
Inclui uma central de 50MW para produção de hidrogénio verde, a cargo da empresa portuguesa Gestene e localizada no Parque Industrial do Seixal. O gás de origem renovável ali produzido segue depois por um gasoduto de polietileno (igual a cerca de 95 por cento da rede de gás utilizada em Portugal) com 1,4 km de comprimento, que transporta 100 por cento de hidrogénio entre o produtor e a estação de mistura com o gás natural. É depois injetado na rede que abastece os 80 clientes, na sua maioria residenciais.
Liderado pela Floene, e com financiamento do Fundo Ambiental, o projeto tem como parceiros técnicos empresas como a Bosch, Gestene, Catim, PRF, ISQ, e ainda o Instituto Técnico de Lisboa e a Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio.
O próximo passo é replicar o exemplo do Seixal noutras zonas do país, como Évora por exemplo, onde a Floene tem já um projeto semelhante em parceria com a Fusion Fuel.

Agência de Notícias
Foto: Rui Minderico / Lusa 

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