Menina de Azeitão sobreviveu durante 20 horas no mar

Estava em cima da prancha de paddle e foi avistada por marinheiros a 46km de onde desapareceu 

Erika Vicente,  a jovem que desde sábado estava desaparecida ao largo do Algarve foi encontrada com vida por um cargueiro. É um verdadeiro milagre no mar, uma vez que a jovem estava desaparecida há mais de 20 horas. Aos 17 anos, a jovem de Azeitão estava a praticar stand paddle, quando o vento forte a atirou para o largo, no sábado, da costa fronteira a Monte Gordo. Apesar de todos os meios terem sido acionados para o local, a jovem desapareceu. Foi encontrada ao final do dia de domingo depois de ter desaparecido, a cerca de 46 quilómetros a sul de Vila Real de Santo António. Foi encontrada em  "elevado estado de hipotermia e desidratação". Foi internada no hospital de Faro e está em "situação estável". 
Jovem esteve desaparecida durante 20 horas em alto mar 

Erika Vicente, natural de Azeitão, foi avistada este domingo à tarde, pelas 17 horas, por marinheiros a bordo do cargueiro MSC REEF, 25 milhas (cerca de 46 quilómetros) a sul de Vila Real de Santo António, ainda em águas portuguesas.
Estava em cima da prancha de stand up paddle em que seguia, de biquíni, e em “elevado estado de hipotermia e desidratação”, explicou em conferência de imprensa o Capitão do Porto e Comandante local da Polícia Marítima de Vila Real de Santo António e Tavira, Afonso Martins.
Os tripulantes do navio mercante, em trânsito a aguardar vez para entrar no porto de Tânger, avistaram e apressaram-se a socorrer a jovem, que estava há cerca de 20 horas à deriva no mar.
“Respondeu pelo nome, disse de onde era, da zona de Setúbal, portanto diria que está bem”, disse Afonso Martins, atestando o estado de consciência da jovem, que seria transportada pelo navio até ao porto de Tânger, em Marrocos, e de lá transportada num helicóptero da Força Aérea Portuguesa para o hospital de Faro. 
À chegada ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, cerca de 15 minutos antes das 20 horas deste domingo, Erika permanecia consciente. A pediatra Elsa Rocha, chefe da equipa que a avaliou à chegada, enfatizou a evidente capacidade de resiliência que faz com que a jovem, “uma guerreira”, tenha passado por uma situação tão traumática e grave e se mantenha “a falar e em bom estado”.
Quando foi admitida, explicou a chefe do serviço de pediatria, Erika Vicente já “não estava em situação de hipotermia nem desidratada”, apresentando uma queimadura solar, pelo que não precisou de ser encaminhada para a unidade de cuidados intensivos, como chegou a ser avançado.
“Esta criança esteve 20 horas no mar, sozinha em cima de uma prancha. É uma guerreira, está exausta“, assinalou entretanto a médica aos jornalistas no local. “Começa agora a recordar o que aconteceu, mas é perfeitamente normal. O ser humano é surpreendente. Todos estávamos à espera do pior, mas a verdade é que ela está clinicamente bem e vai ter uma história para contar.”
O facto de estar em cima da prancha e não em contacto direto com a água, já tinha salientado o comandante Afonso Martins em conferência de imprensa, “aliviou o estado hipotermia” em que a jovem foi encontrada.
Os pais de “Kika”, como é tratada pela família, foram imediatamente avisados e reagiram “como pais que veem nascer uma filha pela segunda vez”, comparou Afonso Martins, aproveitando para recordar que, apesar do tempo quente, o mar “ainda é de inverno” e, como tal, exige cuidados redobrados.
Esta segunda-feira, Horácio Guerreiro, diretor clínico do hospital de Faro, disse à imprensa que a jovem “está bem, estável” e a apresentar uma “evolução favorável”. Erika Vicente está agora na “fase de hidratação e retoma das suas funções fisiológicas”.

20 horas perdida e sozinha no mar
Menina foi resgatada por um navio mercante a 25 milhas da costa 
Foi perto das 20 horas deste sábado que foi dado o alerta para o desaparecimento de Erika Vicente, enquanto praticava paddel na praia do Coelho, em Monte Gordo.
“Recebemos a indicação que teria entrado uma jovem no mar com uma prancha de paddle e, de alguma forma, entrou em pânico, assustou-se e não conseguiu remar“, tinha explicado à Rádio Renascença este domingo de manhã o capitão Afonso Martins. “O familiar que estava perto, o pai, saltou para a água, mas não conseguiu chegar até ela. A jovem na prancha acabou por se afastar para sul”. 
Meios terrestres, marítimos e aéreo desdobraram-se sem demora em buscas pela jovem, que desapareceu, empurrada pelo vento.
As diligências decorreram durante toda a noite e continuaram de manhã, já com o apoio de um avião da Força Aérea e do instituto de socorro a náufragos espanhol. Mas não havia qualquer sinal da jovem de 17 anos.
Durante as primeiras horas da operação, iniciada às 20h30 de sábado, estiveram envolvidos 20 operacionais em sete meios dentro de água, assim como um helicóptero pesado da Força Aérea, uma lancha de socorros a náufragos de Espanha e outros meios da GNR e Proteção Civil, entre outros, detalhou na altura o Capitão do Porto e Comandante local da Polícia Marítima de Vila Real de Santo António e Tavira.
A partir do momento em que foi recebida a informação do desaparecimento, assegurou, “foram ativados todos os meios disponíveis possíveis, que foram muitos”.
No final, Erika acabou por ser encontrada à margem deste dispositivo, por marinheiros de um navio mercante e longe das zonas onde se concentravam as buscas. De acordo com Afonso Martins, tudo apontava para que a jovem pudesse ter navegado à deriva noutra direção. Se bem que, “com pranchas”, como fez questão de ressalvar, não seja fácil fazer “grandes estimativas”.

Agência de Notícias com Lusa

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