"Uma das coisas que já não se via há algum tempo era pessoas a dormirem na rua"
Setúbal tem atualmente 165 pessoas sem-abrigo, mais 15 do que no final do ano passado, revelou a diretora do Centro Social São Francisco Xavier, da Cáritas, entidade coordenadora do Núcleos de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo. "Uma das coisas que já não se via há algum tempo era pessoas a dormirem na rua. Mas, neste momento, já há algumas que pernoitavam em diversos espaços na parte velha da cidade e que agora estão a dormir na rua”, disse Clara Vilhena.A ajuda é cada vez mais importante para os que nada têm |
Adiantando que, neste momento, “há dez pessoas sem-abrigo a pernoitarem nas ruas da cidade de Setúbal”, a responsável explicou que as pessoas sem-abrigo que estavam em diversos espaços da zona velha da cidade tiveram de sair “porque, entretanto, alguns desses imóveis começaram a ser reabilitados”.
De acordo com os dados disponibilizados à agência Lusa pela diretora do Centro Social São Francisco Xavier, “70 por cento dos sem-abrigo em Setúbal são de nacionalidade portuguesa e os restantes 30 por cento de diversas proveniências, a que, nos últimos tempos, se juntaram algumas pessoas com estatuto de refugiado”.
“Começam a aparecer-nos agora algumas pessoas com o estatuto de refugiado, que, durante um ano ou dois, tiveram o apoio dos serviços que os acolheram. Aqueles que conseguiram integrar-se no mercado de trabalho e que conseguiram organizar-se, seguiram a sua vida, mas outros, que não conseguiram a integração no mercado de trabalho, estão a chegar até nós”, disse.
Quanto à faixa etária, 57 por cento das 165 pessoas sem-abrigo em Setúbal têm idades entre os 45 e os 64 anos e 32 por cento entre os 31 e os 44 anos, acrescentou Clara Vilhena, salientando que por vezes também aparecem “jovens com 18 ou 20 anos e já em situação de sem-abrigo”.
O Centro Social São Francisco Xavier não só garante a alimentação e outro tipo de apoios aos sem-abrigo, como lhes assegura a possibilidade de ali fazerem a sua higiene diária.
O centro dispõe ainda de um espaço de acolhimento temporário onde podem pernoitar até um máximo de 16 pessoas, embora alguns recusem essa possibilidade para não terem de cumprir as regras estabelecidas.
A ajuda sempre necessária no terreno
Há mais pessoas a viver na rua este ano |
“Penso que é uma metodologia e uma resposta pela qual temos de caminhar, porque isto faz com que a pessoa tenha um alojamento permanente, em que a habitação deixa de ser uma preocupação. E podemos, depois, começar a trabalhar outras áreas importantes, também a nível da saúde e, em alguns casos, até mesmo a autonomia dessas pessoas sem-abrigo”, defendeu.
Segundo Clara Vilhena, neste momento há 12 pessoas, incluindo um casal e alguns grupos de duas pessoas alojadas em seis apartamentos do programa “Housing First”, sendo cinco desses apartamentos alugados pela Cáritas e um cedido pela Câmara de Setúbal.
A Cáritas de Setúbal dispõe ainda de outra resposta, os apartamentos partilhados, onde estão neste momento alojadas 15 pessoas sem-abrigo, distribuídas por dois apartamentos para homens e um para mulheres.
Clara Vilhena lembrou que o objetivo é que estas pessoas se consigam autonomizar no prazo máximo de dois anos, mas muitos, mesmo os que trabalham e conseguem alguma autonomia, não conseguem alugar uma casa, devido ao preço das rendas, que têm vindo a aumentar para valores incomportáveis para muitas famílias.
A Cáritas recebe da Segurança Social 150 euros para apoio técnico a cada sem-abrigo no âmbito do programa “Housing First” e 450 euros por cada pessoa acolhida nos apartamentos partilhados.
Agência de Notícias com Lusa
Comentários
Enviar um comentário