Marés vivas causaram pequenas inundações em Setúbal

Município trabalha para resolver inundações estuarinas

A Câmara de Setúbal, com o envolvimento direto dos Serviços Municipalizados de Setúbal, está em contacto com a Agência Portuguesa do Ambiente para definição de um plano de ação destinado à resolução do problema das inundações estuarinas. Este fenómeno, resultante do aumento da frequência e da altura das marés ao longo dos anos, devido às alterações climáticas, está a provocar, à semelhança de outras cidades portuguesas e europeias, situações de galgamento e inundações de águas para a via pública, o que afeta vias de circulação e, nalguns casos, habitações ou outro tipo de edifícios. O mesmo fenómeno pode ainda acontecer  em Setembro e Outubro. 
Marés vivas trouxeram pequenas inundações 

O problema, sentido no concelho nos últimos dias, decorrente de marés cheias muito próximas dos quatro metros de altura, já tinha sido sinalizado pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal.
A reunião, realizada no dia 19 à tarde, junto do Moinho de Maré da Mourisca, na zona mais afetada, na qual participou a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, envolveu diversos serviços da Câmara Municipal de Setúbal, associados às questões do urbanismo, das obras e das alterações climáticas, além da Proteção Civil.
A Junta de Freguesia do Sado, os Serviços Municipalizados de Setúbal, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a Capitania do Porto de Setúbal e a Guarda Nacional Republicana também participaram neste encontro de avaliação das inundações estuarinas, causadas por uma quantidade excessiva de entrada de água da maré no sistema urbano de pluviais, dimensionado para a recolha e drenagem da chuva.
O município, em articulação com os Serviços Municipalizados de Setúbal, vai enviar uma caracterização do problema à APA, indicando possíveis soluções técnicas de intervenção a nível hidráulico no sistema urbano, adequando-a à nova realidade resultante desta situação.
A Câmara Municipal de Setúbal espera obter o necessário apoio da APA, nomeadamente quanto ao acionamento de candidaturas europeias existentes para financiamento nesta área.
"A construção da bacia de retenção de cheias no Parque Urbano da Várzea ajudou a solucionar os episódios frequentes de inundações na Baixa da cidade, motivados pela escorrência da serra em casos de chuva intensa", sublinha a autarquia. 
Esta obra de engenharia hidráulica, orçada em 3,6 milhões de euros, "tem conseguido cumprir esse papel, eliminando a ocorrência das cheias tradicionais no centro histórico da cidade, localizado numa cota baixa, mas, em face deste fenómeno das inundações estuarinas, assiste-se à necessidade de intervenções complementares no sistema", realça ainda o executivo. 

Subida das águas do mar preocupam 
Parque Urbano na Várzea pode atenuar o problema 
A Câmara de Setúbal, consciente desta realidade, com a parceria de diversas entidades locais, desencadeou as ações necessárias para, junto da Agência Portuguesa do Ambiente, proceder a uma caracterização da situação atual e, com base nos estudos existentes, a previsões de cenários futuros.
Nos últimos 40 anos, o nível médio de águas do mar subiu aproximadamente 15 centímetros na costa, o que, associado a marés de amplitude e frequência inusitadas, está a originar inundações estuarinas na área das freguesias do Sado e de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra e também no centro da cidade, ou seja, em zonas de cota baixa.
No caso da freguesia do Sado, as marés vivas têm vindo a originar, nos últimos dias, cortes pontuais da circulação rodoviária na Estrada de Santo Ovídeo, no troço entre o Faralhão e o Moinho de Maré da Mourisca, em função de galgamentos estuarinos.
No centro da cidade, as marés têm saturado o sistema de drenagem de pluviais, motivando a saída de água dos sumidouros para a via pública.
Este quadro, "além de afetar as condições de circulação e mobilidade, pode ameaçar edifícios, o que já sucedeu em habitações na freguesia do Sado, pelo que o Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal tem vindo a fazer um conjunto de recomendações", diz ainda a autarquia sadina. 
Os conselhos são a "colocação de sacos com areia à porta das habitações, o não estacionamento em zona potencialmente inundável, a não utilização de caves e a colocação de bens em locais elevados, sempre que as previsões sejam de chuva e de maré alta", sublinha a Câmara Municipal. 
O serviço adverte que a situação pode agravar, como se percebe, caso se conjuguem marés vivas com chuva intensa, pelo que aconselha a adoção das medidas de autoproteção.

Agência de Notícias 
Fotografia: CM Setúbal 


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