Do coração de Palmela para o mundo: Casa Ermelinda Freitas lança néctar de luxo

Leonor Freitas lança vinho-arte e emociona país com tributo ao pai. Uma garrafa vai custar 700 euros 

Foi com alma cheia e coração vibrante que Leonor Freitas, gestora da Casa Ermelinda Freitas, lançou “Destemido”, um vinho topo de gama criado em honra do seu pai, Manuel João de Freitas Júnior. A apresentação, que teve lugar no passado sábado, 5 de Abril, em Fernando Pó, Palmela, coincidiu com a data em que o patriarca completaria 97 anos e transformou-se numa sentida celebração da família, da região e da herança vitivinícola.
Um vinho, uma homenagem, uma obra de arte

A cerimónia teve início com a bênção e o descerramento dos bustos de Manuel João de Freitas Júnior e da sua esposa, Ermelinda de Freitas – uma criação da escultora Luísa D’Alte – pelo cardeal Américo Aguiar. O momento simbólico antecedeu a apresentação do “Destemido” perante dezenas de convidados ilustres, entre os quais o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Entre os presentes estiveram também artistas como Tony Carreira e Toy, figuras do desporto como Costinha, personalidades do meio empresarial como Horta Osório e Luís Todo Bom, além de outros rostos conhecidos da sociedade portuguesa.
Para Leonor Freitas, esta homenagem foi um “ato de justiça” a um homem cuja história ficou muitas vezes ofuscada pela presença forte das mulheres da família. “Foi ele quem tornou tudo isto possível”, frisou.
Nascida em Fernando Pó, numa época em que não havia luz elétrica nem acessibilidades, Leonor recorda o pai como alguém que pensava muito à frente do seu tempo. “Lisboa ficava a 50 quilómetros, mas parecia outro mundo. O meu pai queria mais, via mais longe”, afirmou.
Foi esse espírito destemido que levou a mãe a ser a primeira mulher da região com carta de condução e incentivou Leonor a estudar, num ambiente familiar onde nunca sentiu diferenças entre o papel do homem e da mulher. “Na nossa casa, o progresso não tinha género”, disse, com orgulho.
O lançamento do vinho foi, para a empresária, “a grande justiça” que a família devia a Manuel João de Freitas Júnior. “Ele não engarrafou vinho, mas teve a coragem de sonhar com uma adega moderna e com marcas próprias, muito antes de o mundo estar preparado para isso”, revelou.

Mais do que vinho, é afirmação e identidade
Casa Ermelinda Freitas, uma referência do vinho da região 
O vinho agora lançado não é apenas uma bebida, é uma experiência. Com assinatura do enólogo Jaime Quendera, o “Destemido” é composto por 70 por cento Castelão de vinhas velhas, estagiado durante um ano em pipas de carvalho francês e americano, e 30 por cento de outras castas nobres – Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet e Syrah.
O resultado final é apresentado numa verdadeira peça de arte: a garrafa-escultura, acompanhada por uma caixa de madeira desenhada pela artista Olga Noronha, exalta o carácter único deste vinho, cuja edição é limitada a apenas 2025 garrafas. O preço ronda os 700 euros.
Para a empresária, o lançamento do “Destemido” é também uma afirmação da qualidade da produção vinícola da Península de Setúbal e um passo decisivo na valorização internacional da marca. “Já não estamos atrás dos grandes Châteaux franceses. Só falta acreditar e comunicar com a mesma força”, disse Leonor, sublinhando a ambição de colocar Palmela entre os grandes nomes do vinho de prestígio mundial.
A noite terminou com um jantar de gala para cerca de 200 convidados, onde o requinte e a emoção se entrelaçaram numa homenagem não apenas ao pai, mas também ao mundo rural português.

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